48. Minha dor

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O salão está cheio, amigos, familiares, vizinhos, muitas pessoas que conhecem Susie, estão presentes em seu funeral.

Eu estou sentada entre os gêmeos segurando a mão de cada um deles enquanto escutamos as homenagens a sua mãe.

Todos estão chorando, mas eu não ouso fazer o mesmo. Eu reprimo toda minha dor. Meu coração parece estar sendo esmagado por uma mão invisível dentro do meu peito. O mesmo peito que parece que vai explodir em dor.

Está doendo demais sua partida. Está doendo ver meus melhores amigos inconformados.

Eu quero colocar tudo o que estou sentindo para fora, mas meus pais estão no final do salão e eu não posso perder o controle na frente deles. Eles não hesitariam em me repreender por ser fraca e demonstrar sentimentos na frente de todas essas pessoas.

Solto as mãos dos gêmeos e vou até a frente do altar, onde está o caixão de Susie. Respiro fundo e seguro minhas lágrimas. Olho na direção da Danny que veio para o funeral só para me dar apoio.

— Boa tarde a todos! Primeiramente, quero dizer que Susie é parte de mim, ela é família, sempre me apoiou, esteve ao meu lado, me deu os meus gêmeos favoritos em todo o universo, me ensinou sobre a vida. Ela não me dizia "vai ficar tudo bem" quando eu ficava incomodada ou preocupada com alguma coisa, porque ela sabia que naquele momento essas palavras não iriam ajudar em nada, Susie me dava soluções, abraços quentinhos ou só uma fatia de bolo de frutas vermelhas, era o bastante, era tudo- mordo a parte interna da minha bochecha esquerda para não chorar.

Faço uma pausa de alguns minutos para me recuperar. Olho nos olhos da Danny e ela balança a cabeça me incentivando a continuar.

— Ela sempre tinha os melhores conselhos. É por causa dela que segui meus sonhos, acho que nunca cheguei a dizer, mas Susie era uma das minhas melhores amigas, mesmo com a diferença de idade. Isso não é uma despedida, Susie, porque você está comigo no meu coração e quando vejo os meninos, vejo parte de você neles. Obrigada por tudo, espero ser digna o suficiente para te encontrar novamente- tiro uma magnólia branca do ramo que comprei para colocar no seu túmulo e coloco em cima do seu corpo, entre suas mãos que estão em cima da sua barriga.

Sinto sua pele gelada, humanamente impossível, e a minha ficha cai. Susie se foi para sempre. Meu peito se aperta em uma dor profunda e eu não aguento, começo a chorar na frente de todas aquelas pessoas.

Danny se levanta e vem até mim, me abraça pelo ombro e me afasta do caixão. Abaixo o rosto para que não vejam que estou chorando, mas é tarde demais.

Eu noto o olhar de meus pais e de Triny em minha direção, mas eles não vêm até mim, agradeço mentalmente, a quem quer que esteja me ouvindo, por isso.

∞∞∞

Susie foi enterrada.

Coloco meu ramo de magnólias em cima do seu túmulo e mais uma vez volto a chorar. Um choro desesperado dessa vez, como se o mundo estivesse acabando, como se eu nunca tivesse chorado antes.

Eu sinto meu peito espremer, não consigo descrever a sensação, só sei que dói e é uma dor insuportável. Ela se foi... pra sempre.

Sinto meu pulso ser puxado com violência me afastando para longe do túmulo e da multidão.

— Dakota, o que você está fazendo? Se recomponha. Não te treinamos anos para isso!- minha mãe chama minha atenção, sem elevar o tom de voz, mas soa mais cruel do jeito que fala.

— Desculpa? Eu estou passando por um momento difícil- Odette revira os olhos, sem se importar com o que eu tenho a dizer.

— Está difícil para todos, mas você tem que ser diferente- dessa vez sou eu quem revira os olhos.

Submersão de FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora