47. Magnólia-branca

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Só existiam dois lugares no mundo aonde eu chegava e sempre tinha cheiro de doces. A casa da minha avó e a de Susie.

A casa da mãe dos gêmeos era um dos meus lugares favoritos e que eu mais amava visitar no mundo e, apesar de não ir mais para lá com tanta frequência- depois que ela adoeceu e eu evitava a expor a riscos-, era um lugar que eu pensava todos os dias da minha vida.

Se eu pudesse descrever Susie com apenas uma palavra seria "gentileza". Susie era a pessoa mais gentil do mundo, tudo era bom para ela, sempre um sorriso no rosto e isso era o que a tornava a mulher mais forte do mundo para mim.

Nada a atingia, era grosseiro demais atacar uma flor. Não é atoa que encontrou com o pai dos gêmeos, nada é por acaso, já que o próprio sobrenome do seu marido significa "soldado da flor", ainda assim, ela não precisava ser protegida, sabia fazer isso com magnificência.

Foi Susie que me incentivou a ir atrás dos meus sonhos, é por causa dela que sou redatora e revisora na mesma empresa, onde também sou socia. Ela que me ensinou que eu não precisava seguir os mesmos passos que meus pais, porque eu sou uma sementinha livre.

Também era Susie que deixava docinhos a mais com Yan para ele me dar caso eu passasse mal. Era na casa de Susie que eu passava minhas tardes ao voltar da escola, brincando com seus filhos.

Às vezes eu pedia desculpas pelos seguranças ao lado de fora da sua casa, que estavam sempre atrás de mim e de Tommy. Embora eu apague essa memória da minha mente e só me lembre dela em poucos momentos da minha vida, Susie foi a primeira pessoa fora da minha família- mesmo eu a considerando parte da minha família- que já me viu chorar.

Foi um dia em que um dos seguranças ouviu um grito, Yan havia tropeçado enquanto brincávamos, e por causa da agilidade e preocupação pisou no jardim da senhora Soldat-fleur, Susie ficou muito chateada nesse dia e eu chorei porque era culpa minha um monte de segurança ao lado de fora de sua casa.

Mas Susie disse que "os pecados de um adulto nunca serão culpa de uma criança" e secou minhas lágrimas.

No dia seguinte, para me animar, nós plantamos no fundo do quintal uma árvore de magnólia branca. Sua flor favorita.


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