Parte 3

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Um mês depois estamos fechando as contas da confeitaria e descobrimos que uma encomenda para o casamento não foi paga, o que gerou um enorme prejuízo nas contas.
Valentina está sentada com a gente fazendo cálculos enquanto procuramos o responsável por essa encomenda.

Passamos a maior parte do dia ali e minha bexiga deu sinal de vida.
- Preciso fazer xixi.
- Você poderia dizer que iria ao banheiro. Jorge aponta mas está com a cara no computador e estalo a língua.
- Vou ali sentar meu rabo naquele vaso lindo abrir minha... Gaston tampa minha boca.
- Onde foi parar aquela conversa de florzinha. Valentina joga a cabeça para trás e rir alto e dou uma mordida em sua mão.
- Vocês me amam mesmo com a minha boca suja. Ele nega sorrindo.
- Vai logo antes que faça nas calças, vocês lembram daquela vez que ela realmente fez nas calças enquanto corria para o banheiro. Gaston conta e mostro o dedo do meio pra ele.
- Kaká você é...
- A maravilha da natureza. Grito do banheiro.
- Isso mesmo. Quando saiu do banheiro me sinto estranha, a cabeça dar voltas e minha visão se embaralha toda.
- Kaká. Escuto a voz de Jorge mas não sei o que acontece não sinto minhas pernas e minha mente vira uma tela preta.

- Ela está acordando. Escuto e consigo abrir os olhos.
- Porque estão me olhando assim? Por acaso minha cara está suja?
- Idiota, você me assustou. Valentina comenta e se joga em cima de mim.
- O que foi gente?
- Você apagou no meio da sala. Gaston é quem fala.
- Você está bem? Jorge pergunta. Vou me sentando mas sinto o estômago embrulhado.
- Estou, acho que estou um pouco fraca.
- Você está se alimentando direito Karol? Passou por muito estresse não pode ficar sem comer. Valentina fala seria e concordo.
- Eu estou bem, aí terminamos?
- Você apagou, o Jorge terminou, mas estamos com saldo negativo.
- Vamos achar esse comprador dos infernos e fazer ele pagar, não podemos ficar negativos assim.
- Eu consegui pagar algumas coisas e programar outras mas ficamos no vermelho, vou ver se consigo um empréstimo com o banco. Assinto.
- Por favor não falem com minha mãe sobre isso.
- Elas não vão ficar sabendo Kaká.
- E sobre o meu espetáculo também. Os dois riem e vão saindo.
- Você precisa se cuidar mais, não quero vê-la doente entendeu mocinha? Assinto.
- Vou pedir ao doutor Mário umas vitaminas, sinto meu corpo muito fraco e quebrado, parece que fui atropelada.

Uma semana depois aproveito que estou na rua resolvendo algumas pendências perto do consultório e dou uma passada.

- Ei Kaká que bom te ver, como você está?
- Oi Aline, passei rapidinho o doutor Mário está muito ocupado?
- Ele está sozinho agora, vem te levo lá.
- Doutor olha quem resolveu aparecer.
- Karol, querida. Ele vem até a mim e me abraça.
- O que te traz aqui querida? Aponta a cadeira para que eu me sente.
- Nada demais, só tenho me sentido estranha, meu corpo parece muito cansado, e me sinto fraca poderia me passar umas vitaminas, o senhor sabe o encosto que arrumei para minha vida fodeu tudo, ops desculpe.
Aline rir e vai saindo dizendo que me trás um café.
- Eu soube, sua mãe me ligou, a parte o cansaço, notou algo diferente?
- Não, somente isso, minha mente está cansada e meu corpo também só preciso de up pra levantar.
- UP?
- É velhinho um up me recomenda aí que vou pegar na farmácia. Nesse momento Aline vem entrando com café e o cheiro é de outro mundo, eu sou viciada em café e ela sabe por isso foi pegar para mim, mas não sei o que aconteceu com meu estômago, me embrulhou tudo, minha cara de desespero deve ser evidente porque doutor Mário acaba se colocar o cestinho de lixo na minha frente e minhas tripas foi parar ali, senti até a alma sair do corpo.
Cretina no momento que eu preciso você corre.
Quando os espasmos diminuem, Aline me ajuda ir ao banheiro e enxaguar a boca.
- Melhor? Ele pergunta.
- Sim, viu estou fraca, nem o cheiro do café que eu amo consegui suportar.
- Certo. Primeiro quero fazer uns exames coisa rápida, só para ver como estamos de saúde e depois te indico a vitamina tudo bem? Faço uma careta odeio agulha e ele rir.
Meia hora depois os resultados estão na sua mesa.
- Karol seu ciclo menstrual atrasou?
- Não.
- Sente seus seios maiores e doloridos?
Minhas bochechas devem está vermelha.
- Um pouco.
- Sentii cólicas?
- Sim uma dorzinha aqui outra ali, o que está acontecendo, o que deu nesse exame aí? Eu estou doente?
- Não querida, não está doente.
- Então...
- Você está grávida. Ele afirma e uma risada sai dos meus lábios eu chego a gargalhar que lágrimas saem dos meus olhos.
- Você é engraçado doutor Mário. Continuo rindo mas aos poucos meu riso vai cessando ao perceber que ele não rir comigo.
Empurro os óculos mas para cima do nariz e faço o ar entrar nos meus pulmões.
- O senhor está brincando comigo, como isso é possível?
- Você quer que eu te explique?
- Por favor. Respondi sentindo o desespero me tomar.
- Homem e mulher, sexo lembra, penetração no canal vaginal, semen fecundado um óvulo ou como vocês dizem simplesmente uma gozada certeira. Ainda estou sem ar e com dificuldade para falar.
- Por favor o senhor pode repetir?
- O que, a parte do tutorial como se engravida ou o seu resultado positivo.
- O senhor é bem engraçadinho para sua idade?
- Está me chamado de velho mocinha?
- O senhor já não deveria ter se aposentado, esse resultado está errado.
- Vou deixar passar por enquanto que me chamou de caduco, mas podemos confirmar com uma transvaginal, se deite ali que vou chamar Aline para preparar tudo.
- Não o senhor não está entendendo.
- Aline pode vir um instante.
- Doutor Mário... Respiro fundo e me preparo para mais uma humilhação.
- Eu sou virgem. Falo e espero soar segura.
- Ah sim? De que buraco mesmo? Olho para o lado e Aline dar risada ao passar pela porta.
- Não tem graça.
Venho ao mesmo médico desde que menstruei a primeira vez, doutor Mário é amigo de escola de mamãe, e conheço todos nesse consultório inclusive a criatura bocuda que acabou de me esculhambar.
- Karol, você não precisa me contar suas intimidades, vamos ver como está esse bebê. Começo a chorar.
- Ei calma Kaká eu estava só brincando.
- Eu.... Sou ... Virgem... Ahhhhhhhhhhhhh.
Que vergonha meu Deus.
O doutor Mário volta a sentar e segura minhas mãos.
- Karol estou ficando preocupado. Fungo e tento me recompor.
- Eu nunca menti para o senhor, desde que vim a primeira vez aqui, mas eu nunca fiz sexo.
- Você era noiva a dois anos. Aline pontua e eu rosno para ela.
- Quando eu tive aquela coceira para quem eu corri. E mesmo com uma vergonha dos diabos eu vim.
Porque eu mentiria assim?
- Calma vamos por partes, ok? Primeiro preciso fazer uma ultra em você.
- Pode ser na barriga, eu ainda sou...
- Ok vamos tentar quanto tempo sua menstruação está atrasada?
Paro para pensar eu tive um pouco de sangramento.
- Eu tive um pouco de sangramento no mês passado mas bem pouco.
Aline segura minha mão, e olha para mim.
- Vai ficar tudo bem. Então prepararam o kit e ele passa o gel no aparelho e começa pressionar meu ventre, de um lado para o outro e joga imagens na tela.
- Kaká você está grávida e aquele ali é o seu bebê. Aline aponta e lágrimas rolam por meu rosto, como eu consegui um filho, como?
- Aline me ajuda a levantar e arruma minha roupa, me colocando sentada na cadeira.
- Querida segundo a ultrassom você está com umas 7 semanas quase dois meses, vou pedir para fazer mais alguns exames e te passar algumas vitaminas e um remédio para aliviar os enjoos. Ele continua falando mas não consigo entender que de um simples cansaço e pedir vitaminas estou saindo com um filho e cheia de exames.

Eu não tinha cabeça e nem estruturas para notícias bombástica, mas parece que o universo resolveu me atacar tudo em uma cassetada só.

Ao deixar o consultório meu telefone toca e pego vendo o nome de Valentina, minha única amiga e prima.
- Seu pai hipotecou mesmo a confeitaria Karol, mas vou ver como posso conseguir mais tempo para pagar a dívida. Fiquei em silêncio.
- Sua mãe acaba de ir para o hospital. Respiro fundo e olho para o céu.

Pode mandar o raio agora ou vai esperar mais alguns minutos.

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