Parte 41

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Eu engoli o choro e o enorme nó em minha garganta, e desci daquele carro sem olhar para trás.
Eu não podia estar sentindo tanto assim, porque ele tem que ir atrás da ex, porque ele iria?
Ao descer do carro, respiro fundo e levanto a mão para o táxi, escuto a buzina de um carro e olho para trás vendo Robson, ele levanta a mão pedindo que espere, eu só nego com a cabeça e entro no táxi.
Eu precisava ficar sozinha e me recompor, estava tudo muito lindo para ser verdade.
Fui para o mundo dos sonhos, precisava ocupar minha cabeça.
No caminho meu celular toca e penso que é Ruggero mas é avó dele.
- Dona Ofélia.
- Karol como foi?
- Acredito que bem, vão ouvir os funcionários.
- Você está bem, parece agitada?
- Não,.eu... Está tudo bem.
- Tem certeza?
- Absoluta, é... Dona Ofelia eu queria saber quando os quartos vão ficar pronto.
- Já estão prontos, claro, precisamos decorar.
- Há isso é ótimo, por acaso tem uma cama nele?
- No quarto ao lado sim.
- Porquê?
- Nada eu vejo quando chegar, estou chegando na confeitaria agora.
- Mande um beijo para sua mãe, e nos falamos em breve, precisamos montar o quarto da minha netinha.
- Está certo. Ela desliga, olho para o celular e vejo uma mensagem de Ruggero na tela, não abro, quando vou descer a porta se abre e Robson aparece no meu campo de visão, ele pega uma nota e entrega ao taxista e me estende uma mão que eu ignoro e saiu do carro.
- Você não tem que pagar o meu táxi, por favor senhor devolva o dinheiro eu mesmo pagarei.
- Karol. Ele chama.
- Pegue agora mesmo seu dinheiro Robson.
- Vamos senhorita Karol colabore comigo, você já foi imprudente em sair de táxi.
- Era só o que me faltava, quer pagar a porra do táxi então pague, mas não banca o pai pra cima de mim não.
Saiu do carro batendo a porta.
- Senhorita Karol eu só... Olho feio para ele.
- Desculpe Karol, eu estou aqui para proteger você, sair de táxi não é seguro, eu só peço que tenha mais...
- Não quero saber, volte para o seu chefe.
- Karol... Cruzo os braços e empino o queixo e ele encolhe os ombros engolindo em seco, da meia volta e entra no carro.

Passo o dia inteiro fazendo doces e servindo mesas.
Quando a noite cai, é que sinto o cansaço me abater, meu estômago está embrulhado e sinto pequenas dores no abdômen.
Gaston e Jorge estão fazendo contabilidade e eu aproveito para subir e  descansar um pouco ainda estou decidindo se vou para casa ou não.

Depois do banho ainda enrolada na toalha, saiu do banheiro secando o cabelo com a outra, sinto novamente uma pontada no pé da barriga, só que dessa vez uma dor mais forte que a primeira, mais aguda que me faz curvar, a porta do quarto se abre e Valentina entra, ao me ver seus olhos se arregalam.
- Porque você está com sangue na toalha, e essa cara de quem comeu e não gostou, está sentindo dor? Olho para baixo a toalha e destaco o nó descendo a mão até o meio das minhas pernas, sangue, meus dedos estão vermelhos de sangue.
- Valentina...
- Põe um absorvente vamos para o hospital agora, no caminho a gente liga para Bruna e para o Ruggero. Eu corro para me vestir.

- Não quero ligar para o Ruggero.
Ela estranha, mas pega minha bolsa.
Saímos, os garotos já haviam fechado tudo.
- Espera. Olha para mim se o Robson está lá fora. Peço e ela me encara confusa, mas faz o que eu peço.
Ela abre o portão e disfarça.
- Ele está aqui encostado no carro.
- Distrai ele que vou entrar no seu carro.
- Karol você precisa de atendimento médico urgente.
- Valentinaaa.
- Ok, tudo bem, eu vou. E ela vai, espero um minuto e ponho a cabeça para o lado de fora, ele está de costas para mim, e Valentina me vê, passa a mão no ombro dele e sorri.
Entro no carro e fecho a porta bem devagar e me deito no banco, logo Valentina entra e saímos.
- Quero saber depois que história é essa. Só assinto, estou aflita demais e pedindo a Deus que não me deixe perder a minha filha.

Ao chegar no pronto socorro, fizemos minha ficha e já fui encaminhada para um quarto onde me colocaram no soro.
Nem cinco minutos se passou e Bruna passa pelas portas falando com uma médica.
- Karol, Valentina, como se sente.
- Estranha.
- Você perdeu sangue?
- Sim, e sinto incômodos no abdome.
- Vamos ver como estão, ok?
Assinto e Valentina aperta minha mão.
- Bruna coloca as luvas.
- Karol eu vou precisar... A interrompo porque sei a importância desse exame agora.
- Pode fazer não tem problema.
- Ela insere o tubinho. Ficamos em silêncio e já estou nervosa.
- Bruna o que está acontecendo?
- Então parece um deslocamento de placenta, espera só um momento.
- Aí meu Deus ela está bem? Apertando um botão o coração dai já filha ecoa na sala.
- Ela está bem Karol, você perdeu um pouco de líquido, vai precisar ficar de repouso até a placenta voltar ao lugar, vou te passar os remédios, e tem que manter repouso absoluto entendeu?
- Mas... É Valentina que fala.
- Ela entendeu, e vai manter nem que eu amarre ela na cama, minha dinda tem que vir com saúde e a mamãe vai cooperar para isso.
- Tudo bem
- Eu vou te manter aqui, até o sangramento parar e o soro acabar.
Ela escreve algumas coisas e entrega a Valentina as receitas com o medicamento que preciso e em seguida se olha para mim.
- Remédio, repouso e sem estresse entendeu mocinha?
- Entendi.
Quando a porta se fecha, Valentina arrasta a poltrona se senta e me encara.
- Agora me explica o que aconteceu?
- Eu sou muito idiota cara.
- Porque está dizendo isso, pensei que estavam bem.
- Até a ex ligar e ele correr para ela.
- O que?
- Aí Valentina o que fiz com a minha vida, porque eu aceitei isso. Ela tô a minha mão.
- Você queria esse bebê? Faço que sim, e se apaixonou por ele, as lágrimas rolam por meu rosto.
- Mas eu não vou ser a outra ou o impecilho para ele ser feliz, e nem vou aceitar a porra de uma ex na vida dele, por isso. Seco minhas lágrimas.
- Vou ficar naquela casa somente até o processo ser finalizado, por favor corre atrás disso o mais rápido possível.
- Você tem certeza?
- Sim, estou grávida e preciso pensar em nós duas. Toco minha barriga e a mão de Valentina entrelaça a minha.
- A dinda também está aqui para cuidar de vocês.

Peço a Valentina meu telefone na bolsa, está cheio de chamadas perdidas de Ruggero e Robson, tem chamada da minha mãe também e dos garotos.
- Avisa no grupo da família que estou bem e estamos juntas por favor. Ela assente e ligo para Martinha.
- Martinha.
- Karol, onde você se meteu minha filha, está tudo bem?
- Estou bem Martinha desculpa te preocupar.
- O Rugge está como louco atrás de você.
- Eu vou falar com ele, você ainda está em casa?
- Sim, estava esperando se você aparecia.
- Posso te pedir um favor.
- Claro que sim.
- Arruma a cama no quarto de hóspedes para mim, e me deixa um pijama e roupas íntimas, e por favor não diz nada ao Ruggero que eu te pedir isso.
- Karol o que está acontecendo?
- Não é nada, só pode fazer isso por mim.
- Tudo bem eu vou fazer.

Deixo o hospital por volta das três da manhã.
- Eu posso passar a noite com você, ou vem para minha casa.
- Não tem porque eu fazer isso.
- Tudo bem, mas eu venho aqui depois que sair do fórum.
Nos despedimos e o porteiro da noite abre o portão para mim.
- O senhor poderia acompanhá-la até o elevador.
- Não... Ela me olha feio.
- Obrigado.
Assim que entro no apartamento, a escuridão me recebe, ele ainda não chegou, é será que vai passar a noite com ela.
Pode parar Karol.
Vou no quarto e pego algumas coisas que vai me servir e entro no quarto hóspedes, não é tão grande como o outro mas é perfeito.
Depois do banho e já embaixo das cobertas, respondo a sua centésima mensagem.
Estou na sua casa.

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