Parte 6

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Franzo o cenho e levanto rápido, mas a tontura me pega e me encosto na parede, as mãos da senhora alisam meu cabelo.
- Não levante assim tão rápido da próxima vez.
- Como a senhora sabe o que eu tenho? Ela sorrir.
- Eu também passei pelo mesmo, meu menino era muito sapeca.
- A senhora tem filho claro.
- Tive, um apenas. Seu semblante é triste.
- Sinto muito eu não quis ser... Ela segura minhas mãos.
- Está tudo bem querida, ele me deixou um presente, meu neto e ele é a minha maior alegria, apesar de teimoso e cretino as vezes. Sorrio.
- Obrigado por me ajudar.
- Não tem de que, está no início não é? Faço que sim e ela me surpreende tocando minha barriga.
- Será muito amado pequenino.
Você está bem, te trouxe felicidade essa notícia.
- Bem, ainda estou surpresa com tudo que vem acontecendo, e... Desculpe... Eu não...
- Pode confiar em mim querida.
- Senhora eu..
- Me chame de Ofelia.
- Dona Ofelia não quero ser indelicada, por favor eu não sou assim, é um momento complicado para mim, não tenho certeza se vou levar adiante essa gravidez na verdade não sei o que fazer da minha vida nesse momento, mas obrigado por me ajudar e ouvir, a senhora tem um coração enorme, mas eu  preciso voltar.
Dou as costas, sei que ela ficou sem palavras por eu está cogitando um aborto, e que a imagem que ela tem de mim agora não é das melhores, mas eu sou humana e também tenho direito de decidir o que fazer, eu só não sei agora, nesse momento.

Ao invés de voltar ao trabalho saiu pela lateral e subo as escadas, entro no meu quarto e me jogo na cama esperando essa sensação louca me deixar.
- Ei Kaká, acorda. Gaston me chama baixinho e alisa meu cabelo.
- Só mais um pouquinho. Resmungo más acabo abrindo os olhos e o dia se foi.
- Credo quanto eu dormir?
- Acho que a tarde inteira, acabei de chegar das últimas encomendas.
- Desculpe não te ajudei a repassar o que foi entregue.
- Não tem problema, você precisava descansar, que tal uma pizza e cerveja no seu Arthur.
- Com muito queijo. Minha boca chega encher de água e faço um bico, Gaston rir.
- Peço para ele caprichar, te encontro lá. Valentina está chegando e Jorge foi pegar a Chiara.
- Tudo bem, onde está Malena? Questiono com um sorrisinho nos lábios e ele nega saindo.
- Nem vem.
- Tá vou me ajeitar.
Depois de um banho estou... Apresentável, eu estou cheia de olheiras e olha que ando dormindo mais do que o normal, pego meu celular e a carteira, mas coloco na aba para uma pesquisa rápida no Google sobre gravidez.
E os sintomas são aqueles que eu já sei e estou sentindo.
- Oi filha, descansou? Mamãe pergunta está deitada no sofá assistindo alguma coisa na tv.
- Sim mamãe, estou bem mais disposta agora.
- Vai comer pizza? Faço que sim.
- Traz um pedaço pra mim. Dou risada.
- Pode deixar dona Carolina.
Saiu de casa e caminho até a pizzaria, Valentina está saindo do carro.
- Tá fedendo não quero abraço. Resmungo ao ver que ela ainda está com a mesma dessa manhã.
- Vou esfregar meu suvaco na sua cara ridícula. Meu sorriso aumenta e me aproximo.
- Como se sente?
- Dormir a tarde inteira e vomitei mais do que eu podia, agora estou com fome. Ela abre a bolsa, com uma sacola da farmácia.
- Suas vitaminas e o remédio para o enjôo, já que vai comer, melhor tomar logo.
Assinto e já coloco um na boca, antes de entrar, os garotos já estão ali com Chiara.
- João traz mais duas cervejas para as madames aqui. Gaston pede.
- Refri hoje pra gente. Valentina se adianta e pede.
- As cachaceiras não vão beber? Jorge fala e olha pelo vidro.
- Vai chover. Dou língua pra ele e abraço Chiara sua namorada.
- Não deixe ele te contaminar contra a gente. Ela rir.
Conversamos e nossa pizza chegou, não e exagerei, comi duas fatias para não vomitar e tomei metade da latinha de refri.
Eu sempre me divertia com eles, família é tudo de bom em nossa vida.

Na manhã seguinte acordei colocando as tripas para fora.
- Qual é bebê, da um tempo não tenho mais nada para por na privada.
Meu celular tô a e estico a mão onde apoiei em cima do móvel no banheiro.
- Karol.
- Uaaaa.
- Eca...
- Uaaaa.
- Porra...
- Vem vomitar por mim cachorra, aí meu Deus... Uaaaa. Encosto a cabeça na parede tentando me recuperar, quando vejo que está passando, fico em pé e molho um pouco a testa e o pescoço.
- Karol.... Karollll .... Você morreu.
- Não idiota ainda estou viva milagre.
- Não use mais essa palavra, não gosto dela.
- Vaca, o que aconteceu para me ligar as cinco da manhã Valentina.
- Você precisa fazer os exames.
- Valentina odeio agulhas.
- Mas é necessário.
- E precisa ser agora?
- Tem que ser em jejum, sinto muito, vai passar logo.
- Nove meses não passa logo Valentina.
- Isso quer dizer que vai ter o bebê.
- Ainda não sei, estou contando o tempo de gestação.
- Tudo bem chego em dez minutos.
- Porra da tempo nem de lavar minha... Ela não deixa eu terminar e já está rindo alto cachorra.

Fomos a um laboratório fora do bairro, não podia correr o risco de alguém saber agora se estou indecisa em ter esse bebê ou não.
Depois de muita careta e quase desmaiar a tortura chega ao fim.
Saímos do laboratório e Valentina engancha o braço no meu.
- Vamos tomar um café da manhã reforçado e te deixo em casa.
- Obrigado, de verdade, não sei o que faria se não estivesse comigo, acho que já teria pirado.
- Bem pirada você já é. Dou língua pra ela que rir mas logo fica seria e para do nada, viro o rosto na mesma direção e Michel está ali parado ao lado de fora do carro com aquela lambisgoia enroscada em seu pescoço, engulo o bolo em minha garganta.
- Vamos tomar café.
- Kaká, é melhor irmos em outro lugar.
- Não, estou com desejo de tomar o yourgut desse lugar.
- Você odeia yourgut. Ela aponta.
- Mas parece que o bebê não, vamos de uma vez antes que comece a babar aqui.
Passamos por eles e entramos na cafeteria, vou direto para o balcão e peço o yorgut e um pão de queijo, Valentina faz o pedido dela e junta um suco de limão para mim.
- Karol. Não me viro.
- Michel, na boa agora não. Valentina fala.
- Eu só queria conversar, saber como ela está Valentina.
- Estou ótima. Pego a bandeja e vou me sentar, logo depois Valentina me encontra.
- Tudo bem. Faço que sim.
- Você pode falar comigo sabia.
- Sabe quando minha mãe diz pra gente, que Deus não dá nada do que podemos suportar. Ela faz que sim.
- Essa loucura toda do bebê, me fez deixar Michel de lado, é como se tivesse sido anos e não algumas semanas atrás.
Ainda estou ferida, meu sentimento por ele ainda existe. Mas ele não consegue me ferir mais entende. Ela faz que sin
- Algo mudou em mim.
- É como se esse serzinho tomasse todos os espaços e Michel aos poucos vai perdendo o dele.
- Isso, eu só queria que a vida tivesse o botão pause, esse seria o momento de apertar, respirar e voltar a dar o play.
- Quando encontrar esse botão, me espere, vamos apertar juntas.

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