Parte 9

182 21 10
                                    


Depois que Agustín e Michael saíram, tentei me concentrar em outra coisa mas sem sucesso.
Como vou agir diante de uma situação dessas.
Coloco um pouco de whisky no copo e me aproximo da janela, tenho a vista de toda a Roma daqui.
- Ruggero...
Me viro e Ruan está ali.
- Tenho o que me pediu, ele coloca um envelope em cima da mesa.
- Eu estou saindo, se precisar me ligue. Assinto e ele vai embora.
Antes de abrir o envelope, vejo meu celular acender a tela e mesmo não estando salvo o número no meu celular sei bem quem é.
Rejeito a chamada e abro o envelope.

Karol Sevilla, 24 anos, solteira...
Continuo lendo o pequeno dossiê, passo a página e uma foto cai, pego virando a mesma, a primeira coisa que vejo são olhos brilhantes no tom verde, um rosto de boneca, bochechas rosadas e sorriso... Lindo em uma boca bem desenhada.
É meu bebê sairá com ótimos gênis.
Ali tem um endereço, e telefone e até redes sociais.
Pego o celular em cima da mesa e peço as chaves ao meu motorista, preciso dirigir, ele entra no carro de trás juntamente aos outros.
Coloco no GPS o endereço, e no caminho tento me acalmar para não fazer besteira com toda minha arrogância.
Eu sei que sou, e mais algumas coisinhas que com o tempo adquirir e transformei meu caráter em alguém que não gosto muito, mas foi necessário.
Falo com Robson para estacionar um pouco mais distante e não chamar atenção, se é que é possível.
A fachada cor de rosa com uma enorme nuvem Mundo dos Sonhos, está bem diante de mim.
Ainda não fechou, mas no momento tem apenas dois clientes.
Faço sinal para os seguranças não me seguirem e empurro a porta de vidro.
O ambiente é bem aconchegante, não imaginava um lugar assim em um bairro da cidade tão, digamos classe média baixa, se é que existe mesmo esse termo.

Me aproximo do balcão em vitrine e a mais variadas opções de doces estão ali.
Em todas as cores e tamanhos.
Uma mulher com camiseta preta e avental na cor rosa, e uma touca rosa na cabeça está arrumando os brigadeiros, e um sorriso se forma em meus lábios.

- Boa noite, só um minuto e já te atendo.
Meu olhar se volta para ela, como não respondo ela levanta a cabeça e me encara.
É ela. Karol Sevilla, a mulher que tem meu filho em seu ventre.
- Oi... É boa noite. Respondo porque ela está franzindo a testa, devo está encarando-a por muito tempo.
Ela então sorrir, termina de por o último doce na vetrine. Apoia a bandeja de lado.
- Então que maravilha você sonhou para hoje? Pego de surpresa.
- Bem.. eu...
- Dia difícil? Faço que sim. Ela volta a abrir a vitrine e quando levanta tem um pratinho em mãos com dois brigadeiros, não aquele pequenino são bem maiores em formato de coração.
- Esses aqui salvam nosso dia, se preferir posso levar até a mesa para você.
- Não... É... Passo a mão na testa de repente estou suando, que esquisito.
- Vou ficar por aqui.
- Como preferir, ela deposita um garfo ao lado e um guardanapo.
- Você quer algo para beber?
- Se eu disser um whisky. Ela sorrir.
O sorriso da foto, sem fingimento, sem amarras, seu sorriso é leve e verdadeiro.
- Vou ficar te devendo hoje.
Então me traz um copo e despeja uma Coca-cola.
Pego o garfo e ummmm isso é uma delícia.
- Nossaaa... Sai dos meus lábios, ela então se volta para mim.
- Tem algo errado?
- Tem... Seus olhos crescem.
- Isso aqui é maravilhoso. Seu sorriso agora é gigante.
- Tem gosto de infância.
- Tenho a mesma opinião, fico feliz que gostou.
Você é novo por aqui, nunca te vi antes.
- É, acabei de me transferir para essa cidade, minha avó é daqui.
Eu vim de Londres.
- E caiu justamente aqui, no Mundo dos Sonhos.
- A faixada chama atenção. Ela levanta a sobrancelha desconfiada, limpo as mãos no guardanapo.
- Ruggero. Ela olha para minha mão e depois de volta para mim.
- Karol. O telefone toca e ela olha para ele e depois para sim, deixa minha mão.
- Fique a vontade Ruggero, e aponta para o telefone.
- Claro, obrigado. Ela pega o telefone e a observo, ela caminha de um lado para o outro com o telefone no ouvido, passa praticamente uma lista, não entendo muito bem e some por uma porta.
Pego o outro guardanapo, e pesco uma caneta em um copo engraçado.
- Karol obrigado por trazer de volta minha infância. Ruggero.
Deixo o dinheiro ali e vou saindo.
Seguro o volante, e respiro fundo, como vou conseguir que ela me entregue a criança.
Não vou para minha casa, sigo direto para casa da minha avó.

Apenas entro sinto um cheirinho bom de comida.
Tiro o paletó e deixo no sofá abro os dois botões da camisa e os da manga subindo um pouco.
- O que está fazendo aí, minha barriga chega roucou. Pergunto e Carmem se vira para mim sorrindo.
Me sento na mesa da cozinha, coisa que fazia quando era menor e ela coloca o prato de tagliatelle para mim.
- Onde está Dona Ofelia?
- Ouvi meu nome. Ela entra na cozinha e pega um prato para ela e entrega um para Carmem.
- Pensei que iria para casa hoje, já que adora viver sozinho. Fala fazendo uma careta.
- Meu dia foi bem difícil hoje, preciso me distrair.
- Com duas velhas chatas. Carmem que fala nos fazendo rir.
- Adoro quando pegam no meu pé, ajuda a manter o equilíbrio. Minha vó revira os olhos, é isso mesmo ela revirou os olhos para mim.
- Você está muito mal acostumado, com esse povo que lambe o chão para que sua majestade possa passar.
- Ei... Não sou tão impossível assim.
- Vou ligar para Ruan e ele dirá na sua cara quem não é impossível.
- Deixe aquele linguarado fora do nosso jantar.
Era exatamente isso que eu precisava, um pouco de normalidade.
Depois do banho resolvo descer, pego um copo e coloco uma dose do whisky e logo minha mente viaja.
Se eu disser whisky.
Vou ficar te devendo.
Que confusão dos diabos.

Você Chegou Onde histórias criam vida. Descubra agora