Parte 4

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Entro no carro, seguro o volante e faço um respiro muito profundo.
Como eu cheguei a esse ponto, me responde? Ei moço aí em cima me ajuda aqui colega, minha mãe sempre diz que Deus não dá mais do que podemos suportar, acredito que ele está me confundindo com uma lutadora de MMA, era de se esperar a minha falta de sorte.
Foi sempre assim desde criança, eu, Valentina, Jorge e Gaston, temos pouca diferença de idade dois a três anos um passa do outro, mas enquanto eles cresciam e faziam as coisas normais eu sofria para aprender.
Como andar de bicicleta por exemplo, precisava de joelheira, cotoveleira, capacete pois vivia toda ralada enquanto os bonitos tiraram as rodinhas em uma semana, levei dois meses, ou quando ganhamos a boneca meu bebê, a de Valentina parecia uma princesa a minha era a filha do Chuck.
Na escola eram raros os dias em que tinha recreio porque ficava fazendo a tarefa.
Daí crescendo eu adorava jogar bola, soltar pipa, andar de skate, podem imaginar como ficava depois.
Mas tudo que meus primos faziam, eu amava está no meio. Talvez porque não era bem aceita com as meninas, somente por Valentina.
Aprendi a dar socos com eles, andar desengonçada, e falar em girias e claro xingar como ninguém.
Fazer o que? Esse é o meu charme, o importante é que nunca abaixei a cabeça para ninguém, posso ter uma puta falta de sorte na vida, mas ela eu encaro com unhas e dentes, foi assim que papai me ensinou e não vou mudar agora.

Eu até entendo não consegui me casar, como disse, nem deveria ter falo em milagre, olha aí o que aconteceu depois de organizar um casamento inteiro.
O meu coração está em pedaços e não sei se algum dia vou confiar em alguém ao ponto de me entregar.
Eu amo o Michel, amava minha cabeça tem que funcionar assim, amava e não penso em voltar para ele, o que ele fez comigo é demais para mim.
Como disse minha sorte não é das grandes mas um bebê?
E pior como foi que ele entrou?
Quando as coisas com Michel esquentavam, porque acontecia, eu sempre recuei, nunca teve nada de esfrega, esfrega, nem mão na minha calcinha, não me sentia pronta e queria que fosse especial depois do meu casamento.
E agora estou aqui com meus vinte quatro anos, sem ter casado, sem um noivo, virgem e grávida.

Meu celular volta a tocar e o nome de Valentina aparece novamente.
- Karol, você quer me matar do coração, desligou a chamada na minha cara, onde você está?
- Sentada dentro do carro, no estacionamento do consultório.
- Porque está estranha?
- Eeeeeu.... Eeee... Sabeeee?
- Ok isso é bem estranho, quero por meus olhos em você, mas antes só queria dizer que titia está bem, foi uma queda de pressão, ela descobriu a hipoteca, sinto muito.
- Tudo bem, onde ela está agora?
- Jorge deve está chegando com ela em casa.
- Me diz que você conseguiu alguma coisa, como podemos pagar?
- Estou esperando uma resposta do banco, venha pra casa, preciso arrancar alguma coisa de você. Solto um riso estrangulado que até eu me assusto.
- Você não me parece nada bem, venha para casa.
- Ok. É tudo que respondo, só espero conseguir dirigir até lá.

Quando chego em casa encontro Valentina na sala.
- Desembucha.
- Que? Questiono estou tão perdida. Olho ao redor.
- Ela está dormindo agora e quero saber que cara de cu é essa? Esqueci de dizer que minha priminha compartilhou de todos os momentos juntamente comigo, e apesar de ser uma ótima profissional com todos as suas palavras difíceis, ela adora um palavreado diversificado.

Olho novamente para os lados e pego em sua mão levando ela para o meu quarto.
Encosto a porta e respiro fundo.
- Ei você não é palhaço para estar em circo, quer ir direto ao ponto.
- Eu tô grávida. Sua expressão vai de choque, espanto e uma risada gigantesca em questões de segundos.
- Valentina AAA.
- Valentina porra concentra aqui nesse caralho, para de rir que nem retardada.
- Aí Karol espera, tenho que ir no banheiro, tô me mijando.
- Vai pra porra com seu xixi, volta aqui, você pediu e eu desembuchei... Bem quer dizer só em palavras.
- Karol você está falando sério? Abro a bolsa pegando os exames e entrego a ela.
Que ler tudo atentamente e depois vê a ultrassom.
- Você transou com Michel e não me contou? A safada já sabia o que era o bom da vida, e escondeu direitinho.
Não sei se foi suas palavras ou o fato de estar segurando o mundo nas costas mas desabei.
Chorei, que solucei e Valentina precisou me segurar para não cair.
- Ei calma eu estou aqui. Vou arrancar o pau daquele cretino.
- V-voce não está entendendo Valu.
Eu não sei como isso aconteceu.
- Ah eu sei bem como aconteceu.
- Não... Seco o rosto e tento me recompor para explicar melhor.
- Eu e Michel nós nunca tivemos mais do que uns amassos.
- Você deu para outro Karol?
- Não... Volto a chorar.
- Não estou entendendo.
- Eu sou virgem Valentina que porra eu nunca dei pra ninguém, minha boceta nunca trabalhou e eu fiquei grávida não sei como, quer me ajudar aqui. Grito
- Calma... Respira e vamos por partes... Ok! Faço que sim.
- Você ainda é virgem? Faço que sim.
- Nunca teve nada com Michel, ele nas últimas semanas não invadiu a sua calcinha? Faço que não.
- Então como diabos isso aconteceu?
Faço minha cara de sou a filha da puta mais sem sorte na vida.
- Isso não existe Karol, você é maravilhosa, corajosa e brilhante quem precisa de sorte.
- O que eu vou fazer da minha vida Valentina, como vou explicar que estou grávida. Ninguém vai acreditar em mim.
- Primeiro vamos em outro médico. Aquele seu já está ultrapassado.
Segundo tem que ter uma explicação lógica. Ninguém fica grávida do nada, só a virgem Maria, mas ali não conta foi o anjo e não apareceu nenhum para você, apareceu?
- Tá louca eu teria fugido, achando que é assombração, nem brinque com essas coisas.
- Certo, vou descobrir o que está acontecendo ou não me chamo Valentina. Seu abraço era tudo o que eu precisava nesse momento.

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