Parte 16

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Eu queria chorar, mas não conseguia, o bolo na minha garganta crescia, abrir a boca para gritar e o som mudo foi tudo o que consegui.
- Que porra é essa, cadê meus hormônios quando preciso deles, você está me contrariando, e ainda nem nasceu.
Quando ouvir passos se aproximando da porta só me virei para o lado puxei as cobertas e fechei os olhos.
Eu precisava ficar sozinha.
Senti o cheiro tão conhecido do meu primo troglodita e um beijo é depositado em meu cabelo, logo ele se afasta e sai.

Respiro fundo e no meu íntimo peço para acordar porque tudo parece um pesadelo, uma piada de muito mal gosto.
Fico um tempo em silêncio, só ouvindo a minha respiração, então me viro na cama novamente e meu olhar cai nas flores de Jasmin, brancas que trazem paz, serenidade e te fazem relaxar.
Levanto devagar e me aproximo delas, e me inclino o cheirinho é bom e me faz fechar os olhos.
Inspiro e expiro várias vezes.
Então resolvo tomar banho e colocar um pijama.

Agora mais calma, e com pensamentos mais tranquilos, sem que eu perceba minha mão desce e sobe contornando minha barriga, em um carinho reconfortante, é como se minhas mãos aconchega-se a minha barriga.
Olho para baixo e assisto o deslizar dos meus dedos.

Mama... Mama... Mama....

Acordo e percebo que tudo não passou de um sonho, muito bonito, era o meu bebê abrindo e fechando as mãozinhas e chamando por mim.
Decido levantar por fim e começar o meu dia.
Durante a semana inteira, lanço olhares de advertência aos meus primos, pois não quero falar ainda, estou ciente que vou precisar conversar com todos mas ainda não é o meu momento.
Valentina me dizia a todo momento que eu precisava sentar e conversar, principalmente com o pai do meu filho que ela fazia questão de lembrar, quem era.
Eu enrolei fiz cara feia, banquei a menina mimada, pois queria está segura da minha decisão, essa seria somente minha, não deixaria minha família interferir.

Duas semana depois, liguei para Bruna eu precisava de orientação médica e saber como estavamos.
Naquela manhã acordei bem indisposta, e vomitando tudo, não podia sentir cheiro de nada, fazia um frio desgraçado e precisei abrir a janela do carro para respirar um pouco de ar ou iria vomitar em cima do volante.
Precisei passar no banco, e num fornecedor antes da consulta, mas tinha algo de estranho, um carro cinza muito bonito estava estacionado do outro lado da pista, e eu já vi esse carro diversas vezes essa semana.
Entro no banco e mesmo com os óculos escuros vejo o cara em seu terno preto sair do carro e atravessar a rua, esperei para ver se entraria no banco, mas não o fez.
Quando sair estava distraída, entrei no carro, respondi a mensagem de Jorge, que o pagamento já havia sido realizado e joguei o celular de lado no banco, mas o mesmo caiu e me abaixei para pegar, quando levanto vejo o homem atravessando a pista e entrando no carro.
Espero que ele saia primeiro e logo depois saiu também.
Tinha impressão que ele estava me seguindo, mas foi somente impressão.

A tardinha estaciono na frente do consultório médico e entro, Bruna está na recepção e sorrir ao me ver ali.
- Como está Karol?
- Bem... Quer dizer hoje não muito bem.
Ela acena para sua sala e entramos, uma enfermeira já nos segue e Bruna passa uma lista dos exames de sangue que ela vai querer e a senhora simpática me guia para a cadeira.
Faço uma careta para a agulha ela sorrir, mas colhe meu sangue.
- Karol pode deitar, vamos fazer uma ultra e ver esse bebê.
- Tudo bem.
Bruna passa o gel no aparelho e desliza por minha barriga, é então que o vemos, dessa vez um pouquinho maior que na primeira, podemos ver com mais perfeição e logo o som de seu coração ecoa pelo quarto.
A emoção ao ouvir é grandiosa, nem sei como descrever, lágrimas se acumulam e seco rapidamente sorrindo para tela digo oi ao meu bebê.

- Então mocinha, vamos a você, como se sente?
- Eu realmente não sei como responder a essa pergunta, sou um poço de hormônios sem fim, fico irritada facilmente na mesma proporção choro por qualquer coisa.
- São apenas sintomas da gravidez, eu conversei com Valentina algumas semanas atrás, logo depois que vocês vieram aqui.
Entrei em contato com um amigo, e descobrimos porque você passou por esse procedimento e onde.
- Naquele hospital onde fiz aquela coleta, ou deveria ter feito.
- Sim o onde o dono é o pai do seu bebê foi o que entendi?
- Eu não sei se ele é o dono, também não quis saber. Na verdade não quero ele perto de mim. Levo as mãos a cabeça e Bruna tenta alcançar minha mão por cima da mesa.
- Calma, você tem esse direito, o erro não foi seu, mas também não foi dele, certas coisas acontecem e nem sempre estamos no controle de tudo.
- Eu sei... Solto um suspiro.
- Você se decidiu? Faço que não.
- Ao mesmo tempo que eu quero, eu desisto.
- Nosso tempo está acabando, não quero ter que fazer isso, com mais riscos do que o normal.
- Se eu quiser ter o bebê, como vai ser. Ela sorrir.
- Primeiro de tudo preciso te alertar que vamos precisar fazer exame de toque e isso pode causar a ruptura do hímen.
- Eu vou dar para o seu dedo? Bruna rir alto.
- Não nesse sentido garota, é um exame, para ver como está o colo do útero.
- Ok, além de perder a virgindade com o dedo da minha médica o que mais vou enfrentar?
- Mais exames, alimentação adequada, surgiro que faça algum exercício, Yoga, Pilates, hidroginástica para gestantes. Isso ajuda a mãe na hora do parto.
- Eu sou sedentária, você nem nasceu e já quer mudar minha vida.
- Ele já mudou, você só precisa aceitar, o restante vamos evoluindo mês a mês.
- Se eu quiser... Você sabe.
- Marcamos um dia e fazemos no hospital, máximo um dia você já está liberada. Um calafrio sobe na minha espinha.
- Eu não sei o que fazer. Encolho os ombros.
- Você é forte Karol, e tenho certeza que seria uma mãe maravilhosa, ter uma vida sendo gerada é muito louco, mas o que enfrentamos depois que nasce é ainda pior, mas foi assim com nossos pais e somos a alegria que eles tem.

Saiu do consultório pensando em suas palavras.
Quando me aproximo do estacionamento, percebo aquele carro de novo.
Caminho como quem não quer nada e paro ao lado do motorista.
Bato em sua janela, e ela se abaixa.
- Está muito calor não é hoje, tempo abafado? Mas por acaso, só assim para acabar com a minha curiosidade, você está me seguindo?
- O que? Senhora.
- Você esteve em todos os lugares em que passei hoje?
- Isso não tem cabimento.
- E o que faz fora de um consultório ginecológico? Tem problemas femininos por acaso? A porta do carona se abre e um brutamontes sai dela.
- Bom dia senhorita.
- Isso está ficando cada vez melhor?
- Porque está me seguindo?
- Porque acha que estou te seguindo?
- Olha aqui, se eu ver vocês de novo, vou ligar para a polícia. Aponto o dedo pra ele que rir debochando.
- Sabe de uma vou ligar agora nesse momento. Abro a bolsa vasculhando para pegar o telefone, quando ele me pega desprevenida e põe dentro do carro dele.
- Me solta seu troglodita, imbecil, filho da puta. Ele faz careta.
- Senhorita se acalme, você não pode ficar nervosa.
- Eu não estou nervosa, estou furiosa, cade a porra do celular.
Ele retira a bolsa das minhas mãos e o carro entra em movimento.
- Pare já esse carro. Vou para o acento da frente e o vidro se fecha me impedindo.
- Que porra de carro é esse?
- Fica calma senhorita Karol. Paro na mesma hora.
Balançando o dedo pra cima e pra baixo.
- Como sabe o meu nome?
- Desculpe... Eu não quis ser indelicado. Agarro suas orelhas.
- Me diga agora para onde estamos indo e como sabe meu nome, ou arranco sua orelha.
- Caramba isso dói, fique calma por favor não quero perder meu emprego. Isso me faz parar.
- Emprego?
- Quem te mandou atrás de mim? Foi o Michel? Aquele idiota te mandou, vou tacar fogo na casa dele.
- A senhorita é bem assustadora. Ele abre a porta do carro e paramos de frente a um prédio todo espelhado.
- O que estou fazendo aqui?
Me responde moço, eu tô grávida hein jogo uma praga em você, faço um escândalo.
Um cara alto com porte atlético vestido em um terno caro vem saindo com o celular em mãos e para ao me ver gritar.
- O que está acontecendo Robson?
- Alguém que conhece essa montanha, ele é seu funcionário?
- Não exatamente.
- E o que caralho isso quer dizer? Ele segura a risada, então olha bem para mim.
- Espera um pouco você por acaso é a Karol?
- Ótimo todos sabem meu nome por aqui.
- Desculpe, sou Agustín, vem comigo.
- E porque porra eu iria, nem te conheço cara. Ele rir.
- Você é perfeita sabia.
- Não puxa meu saco. Ele me oferece um braço.
- Então isso não é um sequestro?
- Posso garantir que não. Olho para a montanha ao meu lado.
- Eu fico aqui te esperando.
- Agora que já me trouxe para não sei onde, quer ficar aí me esperando né? Ele rir.
- Vai com ele, você irá entender logo.
- Não mexa na minha bolsa.
- Ela não vai sair do banco até a senhorita voltar.
Só sigo o cara bonito, e nem sei porque.

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