Parte 31

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Eu estava com as pernas bambas, o coração a mil e o calor sem cabimento.
Tentando inspirar o máximo de ar que conseguia.
Foi assim que fiquei depois daquele beijo.
Em um momento, estávamos conversando seriamente e no outro nossos lábios se devoraram.
Eu namorei Michel por dois anos e não lembro ter um beijo tão intenso como esse.
Eu queria correr para casa, me esconder e seguir todos os alertas que sentia para me preservar, só que eu nunca fugir dos meus problemas, sempre enfrentei de cabeça erguida, porque agora tenho esse medo disfarçado.

Quando entramos na casa dele, a luz acesa e a tv ligada nos faz olhar um para o outro.
- Vocês chegaram, eu tentei fazer ela ir embora, mas ela não quis. Martinha que nem devia está aqui sai da cozinha.
Então a loira de mais cedo aparece.
- Você chegou.
- O que faz aqui Sofie?
- Eu estava te esperando.
- Se não me engano você iria pegar suas coisas.
- Eu só queria ficar perto de você Ruggero, so por alguns dias, eu vou voltar para a casa da minha mãe.
- Sofie. Olho para Martinha e querendo me sair dessa conversa que não me pertence.
- O que você aprontou na cozinha, estou morta de fome. Sussurro e ela sorrir.
- Tem lasanha de camarão. Sorrio eu disse que gostava e ela fez.
- Vou ajeitar para você.
- Espere venho com você. Na mesma hora o braço de Ruggero rodeia a minha cintura e meus olhos se arregalam.
- Karol conheça Sofie.
- O que você está fazendo? Sussurro e ele acena para ela.
- Sofie, Sinto muito mas, Karol é a dona da casa e não acredito que ela se sinta confortável com você aqui, e não quero estresse para ela e nem para o nosso filho. A boca da top modelo lá escancara e a minha não está diferente, eles então olhando para mim.
- Bem... É... Você não tem para onde ir?
- Não queria ir para hotel, tem sempre jornalistas e não quero expor mais ainda minha vida.
- Bem a decisão não é... Ele aperta minha cintura. E pigarreio.
- É, os quartos estão em reforma, se você quiser ficar no sofá não vejo problema.
Ruggero chega a se inclinar para olhar bem para mim e dou de ombros, o problema é dele não meu.
Cada um com seu pepino.
- O sofá está ótimo.
- Então tudo certo né, posso ir tirar minha barriga da miséria? Os dois me encaram e reviro os olhos tirando suas mãos da minha cintura e correndo para a cozinha, a barriga primeiro.

Martinha me avisa que fez um caldo com frutos do mar.
E esse requer toda a minha atenção.
Já estou com os cabelos embolados em um coque me deliciando, o gosto do camarão é maravilhoso a lasanha já ficou em segundo plano.
Ruggero aparece um tempo depois, com uma calça de moletom a camisa no ombro e o cabelo molhado, minha boca chega a cair e começo a salivar, desvio meu olhar dele e volto a me concentrar no meu caldo.
- Isso deve está muito bom. Marta rir e não entendo nada, até ele pegar o guardanapo e limpar minha testa e nariz.
- O que é tão delicioso para você ter por todo o rosto?
- Caldo.
- Eu fiz um pouco com frutos do mar.
- Parece delicioso.
- Você quer um pouco, está realmente muito bom.
- Não tenho dúvidas.
- Toma experimenta. Levanto a colher para ele, que me encara, depois a colher e acaba aceitando, olho para Marta que pisca um olho para mim e logo sai nos deixando a sós.
- Isso é muito bom. Sorrio.
- Tem lasanha você vai querer jantar?
- Somente se você me fizer companhia.
- Tudo bem, acho que consigo comer um pouquinho.
Quando a tal Sofie apareceu, Ruggero perguntou se ela queria jantar e pediu a Marta que fizesse um prato para ela.
- Eu pensei que vocês iriam comer na mesa.
- Mas nós estamos na mesa. Respondo.
- Na cozinha.
- Se quiser comer na sala pode ir, eu já terminei mesmo.
- Como dona da casa, você deveria ser mais recptiva com os outros não? Ela alfineta.
- Pois é, como dona da casa eu posso comer a hora que eu quiser e ninguém tem nada com isso. Ruggero esgasga, tosse um pouco mas se recompõe.
Ficamos em silêncio, e sinto meu estômago embrulhar, tudo se revirando, faço uma careta.
Qual é neném, fez tua mãe comer que nem doida e agora quer colocar tudo para fora.
Levanto correndo, mas ainda escuto a voz de Ruggero chamando meu nome.
Só tenho tempo de levantar a tampa do vaso, minha garganta chega arder e os olhos também.
Sinto uma mão acariciando minhas costas enquanto minha cabeca está inclinada, posso ouvir a voz da mulher pedindo a ele para sair dali e ir terminar o jantar com ela, não sinto mais suas mãos e logo a porta é fechada.
As lágrimas continuam a cair dos meus olhos mas agora com intensidade, pois ele me deixou aqui.
Quando meu organismo se acalma, é que deixo meu corpo cair no chão. Mas não é o chão que encontro e sim as pernas dele e suas mãos me envolvem encostando minha cabeça em seu peito e uma toalha molhada na minha testa.
- Você não precisa...
- Shiu, fique um tempo assim até passar a náusea.
Ele nem termina de falar e já estou vomitando novamente.

Ruggero me coloca sentada e abre o box ligando o chuveiro.
- Vem eu te ajudo, levanta os braços.
- Eu não vou ficar pelada na sua frente. Ele rir, mas tira minha camisa e minha calça jeans tem o mesmo destino, me empurra para debaixo do chuveiro, é quando sinto o alívio no meu corpo.
- Consegue ficar em pé.
- Sim.
- Vou pedir a Marta para fazer um chá e ligar para médica.
- Não precisa, meu remédio está na bolsa.
- Mas você vomitou muito, tem algo errado.
- É claro que tem eu estou grávida.

Estou penteando os cabelos quando ele volta.
- Vem sentar aqui, não beba tudo, só um pouquinho. Assinto, ele arruma os travesseiros para mim e me chama para deitar me aconchegando em seu peito.

- Se sente melhor. Pergunta depois de um tempo em silêncio. Engulo o bolo que está se formando em minha garganta e seco a lágrima que escapa dos meus olhos, então ele afasta para ver meu rosto.
- Não chore, não suporto ver você chorar.
- A culpa é sua. Ele levanta aquela sobrancelha atrevida.
- Porque eu fico com a parte ruim e você somente com a boa.
- Na verdade eu não fiquei com a parte boa.
- Ficou sim, só colocou ele lá, eu tenho que passar por tudo para ter ele aqui.
- Bem eu não tive o prazer de colocar ele lá, então... Bato em seu peito.
- Ruggeroooo
- Ué e não é verdade. Ele segura e beija minha mão me deixando sem palavras.
Ficamos em silêncio novamente.

- Como era o seu pai Karol?
- Incrível. Acabo descrevendo exatamente a figura do meu pai, Ruggero rir do que ele aprontava com a gente, e falamos dos seus pais também, saber das pessoas que mais amamos nos deixou leve.
- Estou com fome.
- Espere um pouco, vou buscar algo para você.
- Quero bolo de cenoura da Martinha. Ele para na porta.
- Não é muito pesado?
- Estou desejando.
- Ok, mas uma fatia pequena. Faço bico.
- Você pode vomitar se comer demais.
- Tudo bem vai uma fatia. Ele demora um pouco mas logo aparece com duas fatias e dois garfos para minha tristeza que achei que eram todos para mim.
- Porque disse que eu era dona da casa?
- Porque você é.
- Ruggero, estou aqui só de passagem.
- Para mim não é assim.
- O que está querendo dizer.
Ele coloca nossos pratos em cima da mesinha e volta para a cama.
- Passamos por relacionamentos conturbados Karol, você sofreu, eu também, e isso fez com que tomassemos decisões de não dar chance ao coração, mas o destino parece que gosta de brincar com a gente, você está grávida de um filho meu.
E não quero de jeito nenhum confundir as coisas, mas me sinto bem com você, quero tentar de verdade dar uma família a ele.
- O que...
- Quero tentar com você. Nos encaramos, não sei nem como se respira.
- Você está querendo ter algo comigo? Onde está a piada?
- Não seja chata, porque eu não iria querer ter algo com você?
- Porque não sou o seu tipo. Ele levanta a sobrancelha.
- E qual é o meu tipo?
- A mulher no sofá por exemplo.
- Isso não quer dizer nada, eu e Sofie não existe mais.
- Você ainda a ama.
- Eu amei, e não foi pouco, mas tudo o que sinto hoje é carinho, por tudo o que vivemos.
- Tem certeza?
- Absoluta.
- Ela não é a mulher da sua vida?
- Bem a mulher da minha vida está aqui na minha frente e pretendo fazê-la muito feliz.
- Ruggero. Ele morde o lábio.
- Então o que você tem a dizer.
Me jogo em seus braços com tudo, porque nunca ouvi nada tão bonito, porque nenhum homem me colocou em primeiro lugar a não ser o meu pai, e nenhum homem me olha da maneira que ele faz.

Está aberta a maratona... 1.5

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