Capítulo_ XV

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Jay Kown










     Não consigo explicar tudo o que estou sentindo durante esses dias que se passaram. Ter o Jimin aqui ao meu lado, estando tão frágil e sensível, e não poder ajudá-lo está me machucando muito. Vê-lo chorar corta meu coração em pedaços. Conversei com a minha avó sobre essa situação, mas ela me disse que só o tempo o faria se abrir comigo. Jimin está machucado não só fisicamente como também emocionalmente e isso é o pior, porque num machucado exposto, pode-se passar um remédio sobre sua fissura, agora com o emocional não há como isso acontecer e a dor na alma é pior.

Saio do escritório indo direto para o meu quarto, mal consigo dormir durante essas noites. Deveria ter voltado para Moscou faz três dias atrás, mas não consegui, não posso deixá-lo assim, além de que nada me faria afastar dele.
Eu sou tirado dos meus pensamentos quando passo em frente à porta do quarto do Jimin. Me aproximei escutando o seu choro baixo. Aperto os punhos, não gosto de vê-lo assim. Toco na maçaneta pronto para ir acalmá-lo, mas paro bruscamente com a lembrança da minha avó em mente, dizendo para não forçar nada. Respiro fundo e me afasto devagar. Então escuto a voz chorosa do meu ômega ecoar.

— Jay é você? — Meu coração acelera, com medo de que ele ache que estou forçando algo, mas ele continua a me chamar.

— Alfa é você, o Jimin não quer ficar sozinho. — Ao ouvir isso, eu entro de uma vez no quarto sem pensar duas vezes. Encontro o meu ômega sentado em cima da sua cama, coberto por completo pelo lençol, e o meu coração doeu.

— Bebê, você está bem? — Ele retira o cobertor, então vejo os seus olhinhos inchados devido aos choros constantes. Me aproximo devagar para não assustá-lo.

— Jay, está doendo, meu coração doí? Por que doe tanto? — Ele diz, enquanto continua lá parado, olhando para mim, com os olhos repletos de lágrimas. Me sento ao seu lado e faço um carinho nele.

— Seu coração doí, meu bem, é porque você está ferido por dentro e ainda não se curou. — Suas lágrimas caem molhando suas bochechas.

— Como faço para parar? Não aguento mais viver assim.

— Não há uma fórmula mágica, só o tempo para dissipar essa dor que existe e mesmo assim haverá cicatrizes para lembrar que ela esteve aí, bebê. — Digo, apontando para o seu coração. Ele balança a cabeça lentamente, concordando com tudo.

— Então, eu terei que continuar assim?

— Não, você pode tentar viver mesmo sabendo que ela está aí. Para te ajudar, você precisa se abrir, contar o que aconteceu, precisa desabafar. — Os seus olhinhos arregalaram, ele estava com medo.

— Mas… Eu, eu tenho medo, Jay.

— Medo de quer, meu bem? — Pergunto calmo.

— De eu ser expulso daqui, eu não tenho para onde ir. E sozinho não vou conseguir protegê-lo.
— Jimin toca em sua barriga ainda lisa.

O baque dessa imagem me fez perceber que o seu medo nunca foi contar sobre o ocorrido e sim de ser julgado e, por consequência, mandado embora de um lugar onde ele pode ter alguma segurança. E isso me assusta, ele acha que eu seria capaz disso?

— Bebê, eu jamais faria algo assim, tudo o que quero é que você veja em mim seu porto seguro para proteger você.

— Eu sei, você sempre me diz isso, mas não consigo, tenho medo, não somos nada um para o outro. — Me entristeço com suas palavras por não conseguir sua confiança.

— Está tudo bem, não precisa que sua confiança seja depositada em mim, você tem a vovó e o Tae que são ótimos ouvintes, e eles adoram você. — Digo baixo, Jimin pisca rapidamente, seu semblante é de cansaço. Preciso que ele durma, não quero que tudo piore de uma hora para outra devido à sua saúde.

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