51.As luzes da cidade

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Alguns dias depois

Sentada à mesa eu permanecia calada, enquanto mexia o café com a pequena colher de prata. Meu olhar estava perdido e fixo no liquido preto, eu estava ali, ou melhor, apenas o meu corpo estava. Esses dias foram um tanto estranhos, eu tentava ao máximo ocupar minha mente e o meu tempo, passava a maior parte do dia no The Empire ou no estúdio. Mas faltava algo, faltava o Anthony, eu nunca tinha passado tantos dias sem falar com ele.

Toda vez que eu o via eu lembrava de suas palavras, e era nesse momento que qualquer pedido de desculpas ensaiado se tornava impossível. Era tão difícil não o ter do meu lado, não sentir o seu cuidado, era como estar distante da sua outra metade. Eu não podia negar que isso estava me afetando muito, eu estava sem ânimo, vivendo no automático, isso nunca tinha acontecido antes conosco, eu odiava esse lugar!

Anthony era muito orgulhoso e eu não ficava muito atrás, então todas as vezes que nos víamos, era nítido o quanto ficávamos mexidos e abalados, mas nenhum dos dois tomava a frente.

Vai ficar aí? - Tio Tommy me tira de meus pensamentos.

Eu... - Me perco nas palavras.

Eu estava tão avoada que nem ao menos percebi que todos já haviam ido embora, e somente eu e tio Tommy ficamos na mesa.

Vamos. - Faz um movimento com o pescoço e começa a andar.

Aonde vamos? - Pergunto, enquanto o sigo.

Você vai passar o dia comigo. - Diz sem dar detalhes. - E depois iremos aproveitar pra buscar o seu pai na estação.

O olho com surpresa e ele apenas continua andando com naturalidade. Eu não sabia dizer se ele havia perdido algo, mas tinha certeza que tinha um motivo para tio Tommy me incluir em seus planos. Simplesmente segui o mesmo e entramos em seu carro, eu continuava apenas seguindo o fluxo e não indaguei nada, permaneci calada por todo o trajeto.

[...]

Após algumas horas finalmente chegamos em Durham, cidade que havia um bom tempo que eu não vinha, quando eu era pequena eu gostava de passar em frente aos castelos antigos que tem por toda a cidade. Durante todo o caminho eu permaneci calada, e como sempre tio Tommy apenas observou e não disse nada, ele sempre fazia isso.

— O que viemos fazer aqui? - Pergunto.

— Por agora, precisamos imobilizar qualquer outra fonte de ópio. - Explica. - Precisamos ser a única, quanto menos concorrentes, maior é o lucro.

— E essa imobilização vai causar uma boa impressão na sua campanha política. - Sugiro.

— Esperta como sempre. - Sorri de canto.

— Espere aqui, eu já venho. - Caminha em direção a um homem.

Observo o mesmo caminhar em direção a um homem de preto que estava próximo ao canal, eles conversam por alguns segundos e tio Tommy recebe uma maleta. Enquanto isso eu sinto calafrios por todo o meu corpo, se eu soubesse que viríamos pra uma das cidades mais frias da Inglaterra, eu teria me vestido melhor m. Tio Tommy continuava conversando com o homem, já entediada eu começo a olhar ao redor e então avisto dois cavalos lindos presos ali.

Sem demora me aproximei dos animais e comecei a acaricia-los, logo me recordando de Corcell, o meu diamante negro. De repente sinto algo ser colocado em meus ombros, me aquecendo de imediato.

Legados - Meu Eterno Shelby IIOnde histórias criam vida. Descubra agora