""Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda."
Carl Jung
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Com as pernas bambas, o coração batendo em disparada dentro do peito, a boca entreaberta em total espanto e a pele tomada por um branco feito papel, levantei da cama e deixei que meus pés descalços encontrassem o tapete velho com desenhos coloridos. Sem saber ao certo como reagir ainda, permaneci com um dos edredons enrolados em minha cintura enquanto observava todo aquele cômodo por alguns segundos.
O labrador se encontrava ao lado de minhas pernas e balançava o rabo enquanto me olhava com seus olhos brilhando e com a língua para fora. O choro de criança no quarto ao lado parecia mais estridente agora, provocando pontadas na minha cabeça. Eu tremia dos pés à cabeça, tremia completamente, e tentava processar o que estava acontecendo ao meu redor.
— Amor, Jamie deve estar com fome — gritou aquele estranho homem de dentro do banheiro. A ducha ainda estava ligada, porém a cantoria havia cessado. Virei para o lado que sua voz soava e, se eu estivesse fora de meu corpo, perceberia com toda a certeza a minha boca entreaberta e meus olhos arregalados. — Você precisa acordar. Não é hora para preguiça — ele se manifestou outra vez, dando risada em seguida. Sua risada era estranha, muito estranha, do tipo esquisita beirando a bizarra. Parecia uma fungada profunda misturada a um espirro preso. Não consegui deixar de arquear a sobrancelha ao ouvi-la pela primeira vez.
No entanto, eu não iria ficar parado ali. Precisava cobrir meu corpo, porque havia uma uma criança morando naquela casa.
Uma criança!
Por Deus... o que está acontecendo?
Sem entender absolutamente nada ainda, fui em busca de peças de roupa limpas, pois nem morto que vestiria aquelas que forravam o chão. Assim sendo, abri um dos lados do guarda-roupa e rapidamente encontrei uma calça moletom que me servia, assim como uma camiseta de banda de rock maior que meu corpo, meias, cueca e um tênis simples de marca desconhecida e sujo de terra.
O choro de bebê aos poucos começou a diminuir e agradeci aos céus por isso. Minha cabeça latejava pelo som irritante e, por mais que eu não soubesse a causa do barulho ter cessado, torci para que a criança simplesmente tivesse dormido. O rapaz com cabelos ondulados parecia ter desligado o chuveiro, já que o barulho de água colidindo com o chão havia desaparecido também, e me apressei a terminar de me vestir para sumir daquela casa antes que ele saísse do outro cômodo.
Por sorte, vesti as peças de roupa rápido o suficiente para sair do quarto e me encontrar no corredor daquela casa: um sobrado de dois andares que parecia pequeno demais para a quantidade de indivíduos que o habitavam. Havia uma mesa cor de marfim perto da parede verde-clara e mais um tapete simples cobrindo o chão acarpetado. A passos cuidadosos e na ponta dos pés, fui me distanciando do quarto onde acordei enquanto olhava freneticamente ao redor, temendo que alguém pulasse em mim.
Por um segundo, a ideia de estar participando de um reality ou alguma espécie de pegadinha de mau gosto passou pela minha cabeça.
Onde estavam as câmeras, afinal?
— Apareçam seus malditos! — Sussurrei em uma tentativa, olhando para todos os lados como um verdadeiro maníaco, mas nada aconteceu. Ninguém apareceu saindo de trás de uma cortina ou de um dos outros cômodos do segundo andar. — Eu sei que vocês estão aí! — Arrisquei outra vez, porém bufei em frustração, pois nada aconteceu.
Dei mais alguns passos cuidadosos, evitando o ranger do chão, e, assim que estava perto da escada — que se encontrava completamente coberta de brinquedos —, vi uma movimentação em um dos quartos dali e virei a cabeça assustado na direção do vulto.
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Destino Estranho
RomanceLuc Thornton sempre foi muito ambicioso. Ele não consegue esconder a inveja que sente de todas aquelas pessoas que têm carros luxuosos, mansões em bairros nobres, que fazem viagens extravagantes e que possuem dinheiro de sobra no bolso. Luc inveja i...