"Existe alguma coisa melhor do que dormir ao seu lado em uma noite fria e chuvosa? Observando a mim mesmo em seus olhos e a maneira como eu brilho ali. Ouvindo a garoa ficando mais fraca a cada vez que a brisa toca nossa pele nua. Cada vez que você sorri, essas pequenas borboletas com suas asas em chamas, voam dentro do meu coração e eu constantemente falho em prender esses sentimentos em meras palavras. Tudo que eu preciso naquele momento é você dentro dos meus braços. E ficar prisioneiro dentro de seus olhos, por uma eternidade."
Akshay Vasu, The Abandoned Paradise: Unraveling the beauty of untouched thoughts and dreams
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Enquanto eu encarava as gotas de chuva que caíam preguiçosamente em cima da grama molhada do quintal, repassei em minha mente toda a minha trajetória naquela nova realidade. Desde o momento em que acordei ao lado de Harvey, com o rapaz de olhos esverdeados beijando cada extremidade de minhas costas, até aquele momento em que eu me encontrava parado de frente para a janela do quarto onde eu dormia agora.
Muitas coisas haviam mudado e a sensação de querer voltar para minha realidade, apesar de ainda presente, não era tão sentida e forte quanto antes.
E aquilo era tão estranho.
Extremamente estranho.
Pois havia um sentimento se instalando em meu peito na medida em que o tempo passava e eu não sabia direito o que era, mas tinha certeza de que era caloroso e acolhedor o suficiente, como braços fortes que poderiam me rodear no inverno.
Além disso, eu posso afirmar que não sou o mesmo de antes.
É claro que nada havia mudado em minha aparência, mas sim em meus pensamentos e opiniões.
Eu estava me apegando aos poucos àquela família e não parecia tão ruim estar ali do mesmo modo que era há semanas atrás. E mesmo que eu ainda quisesse voltar para a realidade a qual pertencia, pois eu desejo muito voltar, eu não tinha mais tanto interesse e vontade de correr atrás de uma solução para isso. Não buscava mais uma saída daquele mundo que me fizesse voltar ao meu mundo.
— O que está pensando, amor? — Harvey indagou e me tirou de meus devaneios, fazendo-me virar para ele e dar um sorriso sem graça.
— Nada muito importante não.
Meus olhos caíram sobre a roupa de bombeiro que o homem de olhos verdes vestia e tentei manter o mesmo ritmo de minha respiração. Aqueles malditos suspensórios estavam caídos ao lado de sua cintura e eu podia jurar que seus braços dobraram de tamanho naquela camiseta branca. Até as tatuagens pareciam maiores em razão disso.
E como se não bastasse, os cabelos de Harvey estavam completamente desgrenhados, dando a impressão de que ele tinha acabado de acordar depois de eu puxá-los durante toda a noite e fazê-lo suar e gemer por mais do que poucas horas.
Meus olhos pregados no corpo do homem a minha frente, quase deixaram passar o fato de que Harvey estava com aquele sorriso idiota de lado de quem estava gostando da atenção que recebia. Quando vi aquilo, portanto, fechei a boca, primeiramente, e depois cruzei os braços, levantando uma de minhas sobrancelhas, tentando mostrar uma fingida indiferença e esconder o que aquele olhar que me fuzilava causava em meu corpo.
Mas, pensando bem, eu sabia que meu corpo desejava o de Harvey, assim como Harvey desejava o meu. Que mal faria se eu me permitisse desfrutar um pouco do prazer que aquele homem poderia me dar?
Afinal, eu não iria me apaixonar por ele, disso eu tinha certeza. Harvey não é exatamente o tipo de homem que eu procuro.
Só seria sexo casual enquanto eu estivesse preso naquela realidade.
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Destino Estranho
RomanceLuc Thornton sempre foi muito ambicioso. Ele não consegue esconder a inveja que sente de todas aquelas pessoas que têm carros luxuosos, mansões em bairros nobres, que fazem viagens extravagantes e que possuem dinheiro de sobra no bolso. Luc inveja i...