9. Certa tensão

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"Está tudo bagunçado: o cabelo, a cama, as palavras, o coração, a vida."

William Leal

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Com as mãos no bolso e tentando ficar na minha, com os ombros caídos e me sentindo constrangido, eu me encontrava ali de frente para os pais de Harvey que o abraçavam forte. Eles também mimavam Jamie com afagos no cabelo e beijos na bochecha exagerados, assim como faziam com Lily. O avô dela, Dominic, como descobri pelo chamado da mãe de meu suposto marido, jogava a garotinha para cima e produzia cócegas em sua cintura, perguntando como tinha sido a semana dela e se ela tinha feito um desenho especial para ele.

— Luc, meu querido! Como está? — a mãe de Harvey veio ao meu encontro e me puxou para um abraço forte, rodeando meu corpo com seus braços.

— Bem, estou bem — respondi um pouco assustado, porque realmente não esperava essa demonstração de carinho.

Além de algumas vezes eu esquecer que estava perdido naquela realidade e tratar a todos como se fossem desconhecidos, fazia algum tempo em que eu não era abraçado daquele modo, de forma tão maternal quanto aquela.

— Que ótimo então! E como está você, pequeno Jamie, hm? Sorrindo como sempre, não é?

Ba-ba-ba!

— Babar é o que ele mais faz — concordei com os balbucios do bebê que me olhou e enfiou a mão na boca como se para me provocar. Seus dedos já se enchiam de saliva e ele sorria, murmurando monossílabas mesmo com a mão na boca.

— Jamie ficou de pé, vovó — Lily disse ainda no colo de Dominic.

— Ficou de pé, é?

— Uhum. Com a ajuda do sofá. E ele parecia entender o que o papai Luc falava, né? Ficou bravo e tudo...

Da-du-du-di.

— Sim — Harvey falou por mim. — Jamie é esperto. Muito inteligente e logo estará correndo pela casa.

— Não vejo a hora de ver isso — Dominic comentou com um sorriso dançando no rosto.

— Mas duvido que Jamie ganhará de Sirene correndo pelo jardim — provoquei e então comecei a cantarolar: — Jamie irá perder, Jamie irá perder, Jamie irá perder... — Jamie tirou a mão da boca, ficando sério e chacoalhando a mão. Com a outra segurava um urso panda de pelúcia que se encontrava sem uma orelha.

Naaaaah — O bebê gritou bravo e jogou seu corpo em minha direção com as mãos molhadas pela saliva. Sem muita opção, tive que me desdobrar para segurá-lo a tempo, antes que ele mergulhasse em uma missão suicida e se jogasse naquele chão de pedra duro.

— Eu disse, vovô. Jamie entende a gente — Lily falou com os olhos muito bem abertos enquanto o bebê apenas enrolava suas mãos em meu pescoço e agora parecia animado demais para prestar atenção no que acontecia ao seu redor.

— Aposto que entende. Ele é um garoto inteligente, como bem observado por Harvey.

Jamie agarrou meus cabelos e os puxou para baixo, fazendo-me chiar enquanto ele ria como nunca.

Inteligente e um perfeito torturador que engana a todos com essas bochechas redondas e esses olhos grandes.

— Então, mãe, podemos deixar as crianças aqui? Nós só iremos ao mercado e depois deixar as compras em casa, mas sei que isso será tedioso para os dois.

— Claro que podem. Vai ser muito bom tê-las aqui. Elas já almoçaram?

— Sim. E comeram bastante, mas acredito que Jamie irá querer uma mamadeira logo logo, pois sua papinha foi em um instante.

Destino EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora