17. Encontro

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"Lar são pessoas. Não é um lugar. Se você voltar lá depois que essas pessoas tiverem ido embora, tudo o que você pode ver é o que não está mais lá. "

Robin Hobb, Fool's Fate

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— Vocês dois deveriam aproveitar para sair juntos enquanto estou aqui.

Foi o que Georgia disse durante o café da manhã. As crianças se encontravam deitadas no sofá bebendo de suas respectivas mamadeiras enquanto assistiam um de seus inúmeros desenhos preferidos.

— Vocês sabem... Eu poderia ficar cuidando das crianças... — E então ela nos deu um olhar extremamente sugestivo e, no mesmo instante, fiquei sem graça e Harvey deu um de seus insuportáveis sorrisos (aquele com covinhas e tudo mais que me irritavam completamente).

— Não seria muito trabalhoso para você? — Harvey perguntou e havia certa preocupação ali, mesmo que disfarçada. Afinal, ele não parecia querer demonstrar à sua irmã o que sentia. — Porque, veja bem, olha o tamanho dessa sua barriga. Você mal deve conseguir enxergar Jamie se ele ficar embaixo de você.

— Ha-ha-ha! Muito engraçado você! Olhe só, Luc, você se casou com um comediante. — Georgia me lançou um sorriso sarcástico e tive de rir um pouco, pois, tenho de confessar, ver Georgia zombando de Harvey era algo que fazia meu dia valer a pena. — Apesar de que sei que isso tudo é um disfarce para sua preocupação comigo. Acha que não te conheço suficientemente bem?

— Eu estou falando sério — Harvey reforçou. — Além disso, quem me garante que quando voltarmos para casa haverá alguma coisa na geladeira? Minha saída com Luc terá que ser para o mercado?

— Luc, diga para o seu marido, por favor, que ele é um idiota.

— Acho que ele já sabe disso — comentei, provocando Harvey, e logo percebi que conquistei um olhar indignado do rapaz de olhos esverdeados, além do fato de sua boca estar extremamente escancarada.

Além disso, consegui fazer Georgia rir escandalosamente, o que provocou o meu riso também.

— Ele me ama — Harvey disse isso de maneira simples e bebericou um pouco de seu café.

— É, eu sei — Georgia falou rápido. — E então... Vão ou não aproveitar essa chance que estou oferecendo?

— Por que está fazendo tanta questão disso?

— Harvey — A mulher de cabelos prateados retrucou irritada para a sobrancelha arqueada do irmão.

— O que foi?

— Responda minha pergunta logo!

— Nós iremos se é isso que tanto quer... — O que? Espero um pouco. Eu não quero ir. Alguém perguntou a minha opinião aqui? A opinião que realmente importa? — Só espero voltar e a casa ainda estar aqui.

— Isso eu não posso garantir, maninho. Agora me digam... Para onde vão?

— Vamos onde? — indaguei confuso.

— Sair. Onde vocês vão sair?

Harvey disse que era uma surpresa e negou várias e várias vezes dizer, porque, no começo, ele não sabia direito o que faríamos, pude ver isso em seus olhos que claramente não sabiam mentir e, depois de decidir o local, explicou que não queria estragar a surpresa e por isso não me contou.

— Por que tudo isso? Todo esse mistério? — questionei desconfiado assim que nos encontrávamos na velha caminhonete.

Afinal, entre aqueles dois carros na garagem, é claro que Harvey resolveu escolher o pior.

Destino EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora