47. Por Jamie e Lily

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"Se isso o deixa feliz, a opinião de ninguém mais deveria importar."

Avin Solanki

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Harvey desejava realizar um casamento simples, apenas em cartório, evitando gastos com uma cerimônia cara e que somente traria prejuízos, visto que algo que fosse mais do que parentes e amigos próximos seria somente para impressionar outros e não havia motivo para isso. Não podíamos gastar com tantas coisas, pois era necessário uma preocupação no momento com a compra de nossa futura casa e com a adoção de Lily e Jamie.

E por mais que eu quisesse um casamento espetacular, eu tinha consciência, nem que fosse um pouco, de que, ou era isso, ou era os meus filhos. E de meus filhos eu jamais abriria mão.

Sendo assim, tive de me ocupar na semana que se seguiu com todas as obrigações de um noivado.

Sim, eu estava noivo. Definitivamente noivo. E a parte que eu estava mais adorando de tudo aquilo era o fato de usar aquela pequena palavrinha para tudo.

— Noivo — comecei a dizer para Harvey. — A gente precisa visitar a casa ainda hoje. Depois, eu preciso ver meu terno, porque eu sou o noivo e tenho que estar como o mais lindo noivo da história do noivado. Entendeu, noivo?

— Oi? — Meu noivo lançou um rápido olhar em minha direção e logo em seguida voltou a focar na estrada.

Bufei alto e revirei os olhos.

— Você sequer está prestando atenção? — indaguei indignado.

— Desculpa... Me perdi em quantas vezes você falou noivo só em uma sentença — brincou e deu risada com os olhos presos na rua movimentada pela qual ele dirigia.

— Estou animado, ok? — Minha expressão era séria. — E pelo visto por nós dois — comentei para cutucá-lo, pois sua falta de animação já estava me tirando do sério.

— Eu estou animado! — Ele deu risada e cutucou minha perna, como se para reforçar. — Só não preciso ficar repetindo a palavra noivo como você. — Harvey deu risada por causa de minha carranca. — Você é o meu noivo! Pronto! Sei disso.

— Ainda acho que é falta de animação — disse contrariado e notei Harvey revirando os olhos e rindo em seguida.

Ainda havia o pequeno detalhe de que precisávamos falar com a família de Harvey e era isso que estávamos indo fazer. Eu podia notar o quão forte as mãos de meu noivo se encontravam agarradas ao volante e o quão preocupado estava devido a sua expressão séria, de sobrancelhas arqueadas e lábios franzidos. Ele devia estar ponderando sobre o que seus pais achariam de tudo aquilo. Afinal, eu e Harvey não estávamos juntos há tanto tempo para casar às pressas daquele modo.

— Ainda dá tempo de desistir — alertei brincando, mas ao mesmo tempo um pouco receoso com o que a minha sugestão poderia fazê-lo parar para pensar.

Talvez ele realmente voltasse atrás, acreditando estar sendo muito precipitado. Pensasse que estava sendo imprudente e inconsequente com sua tomada de decisão e, com cautela, começasse a me explicar que precisava de um tempo para pensar em tudo isso.

Seria impossível entender naquele momento, mas sei que eu iria me esforçar para isso. Afinal, Harvey tinha todo o direito do mundo para voltar atrás.

— Não é isso. — Ele sorriu doce, mas sem olhar para mim, com a concentração toda voltada à estrada. — Só estou com medo deles não levarem a sério, acharem que estou brincando ou que estou delirando. Não quero que você fique inseguro.

Destino EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora