"Não se feche para aqueles que se preocupam com você porque você acha que vai machucá-los ou eles vão te machucar. De que adianta ser humano se você não se permite sentir nada?"
Sabaa Tahir, Uma Tocha Na Escuridão
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Assim que meus olhos se abriram na manhã seguinte, de forma preguiçosa e sem ânimo, encarei o teto acima de mim. Eu ainda estava preso naquela terrível realidade paralela e sem perspectiva alguma de sair dali, como bem pude perceber, pois aquela cama era diferente da que se encontrava em meu minúsculo apartamento e muito similar a da casa de Harvey. Além disso, a tonalidade das paredes à minha volta são absolutamente diferentes das de onde eu morava antes de vir cair nessa pregação de peça que a vida resolveu armar para mim.
Fiquei irritado e uma expressão cansada tomou conta do meu rosto.
Como eu poderia sair dali se nenhuma de minhas tentativas gerou algum resultado positivo?
Por Deus!
Eu ajudei senhoras de idade a atravessarem a rua. O universo poderia pegar um pouco mais leve comigo.
Distraído, virei a cabeça para o lado e, no mesmo instante, arregalei os olhos de susto ao me deparar com as órbitas esverdeadas me observando com intensidade.
Constrangido por isso, desviei o olhar e encarei o teto novamente.
— O que está olhando? — perguntei, porém não recebi resposta alguma.
A mão de Harvey, no entanto, deslizou por debaixo do cobertor e repousou em cima da minha barriga coberta pela camisa do pijama. Contraí instintivamente, porém meu suposto marido não pareceu perceber, pois adentrou o tecido, continuando sua trajetória, deixando que seus dedos trilhasse um caminho por minha pele, fazendo com que cada pedaço de meu corpo se arrepiasse ao toque.
Sua mão se afastou e eu agradeci aos céus por isso.
Eu não podia cair em tentação.
Nem por um segundo eu poderia.
Acreditei que talvez Harvey tivesse voltado a dormir por ainda ser muito cedo e por ter acordado antes do despertar do relógio. Eu tinha esperança que fosse isso, mas, no instante seguinte, o colchão se afundou um pouco mais perto de mim e o rapaz que diz ser meu marido foi totalmente para debaixo das cobertas, formando um bolo gigante embaixo dela.
Logo em seguida, causando arrepios em minha espinha, os dedos longos de meu suposto marido subiram minha camiseta delicadamente e minhas pupilas já estavam extremamente dilatadas por isso. Eu senti o toque de sua respiração em minha pele e mais uma vez contraí minha barriga.
Só que dessa vez era por um motivo diferente. A expectativa borbulhava em cada uma das minhas extremidades.
— Harvey...
E eu pude sentir o sorriso no rosto de Harvey ao notar as reações que ele produzia em meu corpo no momento em que o rapaz que dizia ser marido se aproximou de minha barriga e beijou a pele dela. Foi como tomar um choque. Senti a ardência em cada extremidade dele. As mãos do rapaz seguraram firme a minha cintura e eu desejava, mesmo que secretamente, que ele me puxasse para mais perto. Eu senti seus dentes e seus lábios grossos e gentis se arrastando por minha pele e queria mais. Mesmo contrariando meus próprios pensamentos, desejava mais.
Estava me segurando nos lençóis para não agarrar seus cabelos ondulados e pedir para que ele descesse seus beijos mais para baixo.
Por favor, Harvey, me beije mais... Mais para baixo.

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Destino Estranho
RomantikLuc Thornton sempre foi muito ambicioso. Ele não consegue esconder a inveja que sente de todas aquelas pessoas que têm carros luxuosos, mansões em bairros nobres, que fazem viagens extravagantes e que possuem dinheiro de sobra no bolso. Luc inveja i...