"Seu peito é meu travesseiro
Seu batimento cardíaco é minha canção de ninar..."
Leonie Links
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Meus olhos resolveram deixar de lado a escuridão que me tomava e começaram a abrir vagarosamente. A luz que os invadiu era forte, clara e branca, e foi difícil focar em algo naquele momento. Eu me sentia extremamente lento e engoli em seco enquanto mexia minha cabeça e tentava reconhecer o local onde eu me encontrava.
Alguém resolveu se colocar em frente a minha visão e procurei reconhecer a silhueta que ali se encontrava. Levando alguns segundos, reconheci as mechas loiras e os fios arrepiados, o nariz arrebitado e as maçãs do rosto extremamente vermelhas. Também acabei reconhecendo o sorriso exagerado e os olhos azuis que eram marcas registradas do loiro chiclete.
Eu morri e fui parar no inferno?
— Luc — ele gritou e meu ouvido doeu. — Graças a Deus você acordou.
Eu não tinha tanta certeza se isso tinha sido obra de Deus, afinal, olha quem estava à minha frente, porém ainda tentava pelo menos clarear minha visão e meus pensamentos.
Eu não conseguia enxergar quase nada e não sabia sequer onde eu estava.
Pisquei algumas vezes e olhei para outros lados, começando a enxergar mais claramente. Sentia meu corpo deitado em um colchão não muito macio e ele também estava levemente inclinado. Além disso, havia o bip incessante de algum aparelho dentro do cômodo e notei que meu braço estava ligado a um soro. O ambiente era completamente branco e comecei a chegar à conclusão de que eu estava em um quarto de hospital.
Leo também estava ali e se aproximou assim que viu meu corpo se mexer um pouco. Estava com um sorriso calmo no rosto e segurou minha mão com delicadeza, sentando em seguida na beirada da cama.
— Como está? — indagou com um sorriso pequeno.
— E-Eu... — Minha voz saiu estranha e parecia que eu não a ouvia há meses. Limpei a garganta e tentei colocar a mente no lugar. — Eu não sei ao certo... — Porque, afinal, eu não sabia. Tinha acabado de acordar naquele momento e tentando sentir cada parte do meu corpo aos poucos. — O que aconteceu?
— Bem — meu amigo começou. Eu ainda olhava para tudo tentando reconhecer onde eu estava exatamente. Uma enfermeira se aproximou e começou a mexer no soro que me alimentava. — Você levou uma pancada bem forte na cabeça durante o incêndio, lembra? Tentando salvar Mary...
— Ah sim... E como ela está?
— Está bem. Só ficou um dia em observação e logo depois foi liberada. Parece que ficará com a família enquanto espera que tudo seja resolvido. Ainda não sabem a causa do acidente.
Eu estava fitando os dedos da enfermeira trabalhando em meu braço. Se tinha alguém que tinha medo de agulha, esse alguém com certeza era eu. Além disso, por mais concentrado que eu estivesse no trabalho da jovem, meus pensamentos passaram a se organizar e comecei a lembrar do que tinha acontecido.
Lembrei de Mary, de seu desespero atrás das cartas de John, do fato do armário ter caído sobre minhas pernas e de Harvey ter vindo me salvar.
Se não fosse por ele, sabe-se Deus o que teria acontecido comigo.
— Você me deu um belo susto, cara — Noah comentou com um sorriso divertido e sorri para ele também. — Mas pelo menos nada ruim aconteceu com você.
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Destino Estranho
RomanceLuc Thornton sempre foi muito ambicioso. Ele não consegue esconder a inveja que sente de todas aquelas pessoas que têm carros luxuosos, mansões em bairros nobres, que fazem viagens extravagantes e que possuem dinheiro de sobra no bolso. Luc inveja i...