58. Para Sempre

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O céu estava pintado em tons de laranja e rosa enquanto Sina Deinert observava a vista de Nova York pela janela da casa que agora chamava de lar. A casa de Noah sempre foi frio e impessoal para ela no começo, mas agora parecia acolhedor, repleto de lembranças e do som suave de risadas infantis ecoando pelos corredores.

Maria Alice brincava no tapete da sala, suas risadinhas enchendo o ambiente. Ao lado dela, Sophia, com seus olhinhos curiosos, observava a irmã mais velha com a mesma atenção que Noah sempre demonstrava por suas filhas. Sina sorriu, sentindo uma onda de calor no peito ao ver as duas meninas interagindo.

A vida havia mudado tanto desde o dia que ela aceitou aquele anúncio de babá. O que parecia uma decisão desesperada para sobreviver se transformou na maior aventura de sua vida. Ela lembrava vividamente de seu primeiro encontro com Noah — arrogante, sedutor, tentando a todo custo defeitos nela. Mas, no fim, ele não conseguiu.

E aqui estavam eles, vivendo juntos, criando suas filhas e tentando navegar pelos desafios que a vida continuava a lhes impor. Sina ainda se lembrava de como, no início, tudo parecia tão incerto. Havia momentos em que ela duvidava se conseguiria suportar o peso dos próprios segredos, de seu passado, da pressão de viver à altura das expectativas de Noah. Mas, aos poucos, tudo foi se encaixando.

Noah apareceu na sala, vestindo uma camisa de algodão cinza e calças de moletom, casual e confortável, diferente do homem elegante e controlado que Sina conheceu tempos atrás. Ele sorriu ao ver o olhar perdido dela na janela.

— O que está pensando? — perguntou, aproximando-se e envolveu-a pela cintura.

Ela se aconchegou nele, encostando a cabeça em seu peito. O cheiro familiar dele a acalmava instantaneamente.

— Só estou pensando em como a vida muda — ela respondeu suavemente. — E como... — Sina fez uma pausa, tentando organizar os pensamentos. — Eu não esperava que fosse me apaixonar assim.

Noah deu uma risadinha, beijando o topo da cabeça dela.

— Acho que nenhum de nós esperava.

Ela riu, concordando. Lembrar de como tudo começou parecia surreal agora. Sina nunca imaginou que aquele empresário frio e metódico que a contratou para cuidar de Maria Alice acabaria se tornando o amor de sua vida. Mas, entre as provocações e a tensão, algo mais profundo cresceu.

— Lembra quando eu tentei te demitir na primeira semana? — Noah perguntou, divertido.

— Lembro — Sina respondeu, rindo — E você falhou miseravelmente.

— Não foi minha culpa — ele se defendeu, ainda rindo. — Você era simplesmente... impossível de demitir.

Ela virou o rosto para olhá-lo, os olhos brilhando com um misto de felicidade e nostalgia.

— E agora estamos aqui, com duas meninas lindas e uma vida que eu nunca pensei que teria — ela disse, apertando a mão dele.

— Eu também — Noah admitiu, seus olhos verdes fixos nos dela. — Você mudou minha vida, Sina. Eu não posso negar isso. Depois de tudo que a gente passou, que eu te amo mais do que qualquer coisa nesse mundo.

Aquelas palavras eram tão sinceras e intensas que Sina sentiu seu coração acelerar. Eles haviam passado por tantas coisas juntos: o trauma de seu passado, a incerteza do futuro, as brigas, os segredos revelados... e, no fim, haviam se encontrado, de uma maneira que nem ela imaginava ser possível.

— Eu também te amo, Noah — ela respondeu, a voz embargada de emoção. — Mais do que imaginei que poderia amar alguém.

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, apenas se encarando, até que o som de Maria Alice chamando por eles os tirou daquele momento.

— Papai, mamãe, venham ver! — ela exclamou, segurando a mãozinha de Sophia, que estava dando seus primeiros passos.

Ambos se viraram e correram até as meninas, rindo e celebrando juntos o pequeno, mas emocionante, marco da vida de Sophia.

Enquanto assistiam, Noah sussurrou no ouvido de Sina.

— Nunca pensei que a vida poderia ser tão completa assim. Você e nossas meninas são tudo o que eu preciso.

Sina sorriu, sentindo as lágrimas de felicidade começaram a se formar. Sim, a vida havia mudado, e ela tinha mudado junto. Desistiu da medicina, algo que pensava ser sua maior paixão, apenas para descobrir que sua verdadeira paixão era essa família que construíra, os momentos simples que preenchiam seus dias.

Ela olhou para Noah novamente, sua mão ainda entrelaçada na dele, e soube, com cada parte de si, que o destino havia a levado exatamente onde ela deveria estar. Entre a correria, o caos, as risadas e o amor — Sina havia encontrado seu lugar.

Noah inclinou-se para beijar ela, beijando-a carinhosamente. Ela retribui o beijo com ternura, sentindo a paz inundar seu peito.

E assim, no meio de uma sala bagunçada, com brinquedos espalhados pelo chão e duas meninas sorrindo para eles, Sina e Noah sabiam que, apesar de tudo, haviam vencido. Suas vidas agora estavam entrelaçadas para sempre.

O clichê havia se transformado em realidade — e, para eles, isso era mais do que suficiente.

Fim.

Meu Novo Amor | NOARTOnde histórias criam vida. Descubra agora