✶ Capítulo quarenta e um ✶

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— Eu desejo

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— Eu desejo... que o meu desejo se realize.

O silêncio ao redor foi quebrado pelos risos contidos de seus amigos. A frustração no olhar de Loren, porém, era impossível de ignorar enquanto ela cruzava os braços, soltando um suspiro irritado.

— Que tipo de desejo é esse? — perguntou, visivelmente desapontada.

— O tipo de desejo que eu tenho — retrucou o príncipe, dando de ombros com um toque de desdém.

— Isso...

Antes que Loren pudesse responder, o som suave de outra moeda caindo no poço ecoou. Beatrice se aproximou hesitante.

— Eu desejo... que meu futuro marido possa me amar até o fim de nossas vidas. — Sua voz vacilava.

O silêncio que se seguiu foi ainda mais denso, à medida que os olhares se cruzaram, incertos. Don sentiu uma pontada de pena ao olhar para Beatrice, mas não podia permitir que o desconforto se prolongasse.

— Desejos feitos, vamos seguir em frente. — Sua voz era firme, tentando dissipar a tensão no ar.

— Vamos partir hoje? — a princesa perguntou, surpresa.

— Sim, o quanto antes. — Don respondeu sem hesitar, determinado.

— Mas... esta noite acontece o Festival das Estrelas...

— Festival?! — Ryan exclamou, seu rosto iluminado com uma alegria genuína, como se a tensão anterior nunca tivesse existido.

— Sim, o Festival das Estrelas é um dos eventos mais sagrados e aguardados do reino. Todos os anos, dedicamos uma noite inteira de celebrações a Polaryon, o deus das constelações, é ele quem ilumina as águas escuras do oceano e guia nossos navios em segurança — confirmou a princesa, com um entusiasmo que transbordava.

— Partiremos hoje à tarde — decidiu Don, tentando manter a determinação.

— Ah, que isso, um festival! Vamos ficar — choramingou o mago.

Don olhou para North, que fingia estar ocupado com um pedaço de corda, que se sabe lá onde ele arrumou. O grandalhão enrolava e desenrolava o objeto, claramente evitando se envolver na discussão.

— Qual é, Don? Só uma noite a mais! — Ryan implorou. — A viagem será longa. Olha para a princesa. Não acha que ela merece uma última noite de celebração em sua terra natal?

— Eu gostaria muito de participar, se Vossa Alteza concordar, é claro — Beatrice pediu, com um tom de expectativa quase suplicante.

— Lorenzinha, fale com ele vai — Ryan insistiu, buscando apoio.

Loren apenas lançou um olhar ao príncipe que o atingiu diretamente em seu coração. Desgraçada.

— Tudo bem, mas esta é a última noite que passamos aqui — disse Don, tentando soar firme. — Sem ofensas, princesa, mas o Vale precisa de nós, não podemos passar mais tempo em Navalor.

Ryan sorriu de orelha a orelha, claramente vitorioso, enquanto a princesa dava pulinhos de alegria.

— Obrigada, meu príncipe — disse ela, o sorriso radiante. — Isso significa muito para mim.

Don esperava que isso fosse verdade, pois, em seu íntimo, acreditava que seria a última noite verdadeiramente feliz da vida daquela princesa.

— Tenho muitos vestidos de festa, podemos nos arrumar juntas — sugeriu Beatrice, tocando levemente o braço de Loren.

A sacerdotisa se afastou bruscamente, como se tivesse sido queimada pelo toque.

— Me perdoe, eu... eu... não tive a intenção de te tocar — a princesa balbuciou, com os olhos arregalados e mãos trêmulas.

— Tudo bem, não foi sua culpa — Loren respondeu, tentando manter a compostura.

— Isso ainda é muito novo para mim... Nós não temos manipuladores em nosso reino... — Beatrice tentou se justificar, visivelmente abalada, enquanto a confiança que antes sustentava seu sorriso se desmoronava.

— Não se preocupe, foi apenas um acidente — disse Don, com um tom calmo e tranquilizador. — Você provavelmente já ouviu histórias assustadoras sobre o que acontece com quem toca na sacerdotisa, mas são só histórias. — Não eram.

Antes que Beatrice pudesse responder, Ryan se aproximou e passou os braços pelos ombros da princesa, deixando North visivelmente desconfortável com a atitude.

— Está tudo bem, minha princesa — começou ele — Só evite fazer isso na frente do rei... ou de alguns sacerdotes que adoram espalhar boatos. Na verdade, é melhor não tocar em Loren na frente de ninguém. Vai por mim, é mais seguro.

Beatrice lançou um olhar preocupado em direção a sacerdotisa, que, com um suspiro, deu de ombros. Lentamente, a princesa começou a se recompor, as mãos ainda tensas ao lado do corpo, enquanto o medo que havia tomado conta dela se dissipava aos poucos. Com cuidado, ela manteve uma distância respeitosa de Loren, reconhecendo a delicadeza daquela linha invisível entre elas.

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