✶ Capítulo vinte e seis ✶

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Na manhã seguinte, Don foi convocado pelo rei em sua sala

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Na manhã seguinte, Don foi convocado pelo rei em sua sala. Seu pai estava sentado em uma cadeira atrás de uma grande mesa de carvalho. O semblante de Vossa Majestade era vazio, os olhos perdidos no nada. A coroa, símbolo de sua autoridade, repousava ao lado.

Ele mal notou a presença de Don quando entrou.

— Meu pai — a voz rouca do príncipe rompeu o silêncio, trazendo o rei de volta de seu transe.

O rei suspirou profundamente antes de começar, seus olhos escuros finalmente focaram-se no filho com uma intensidade que fez o estômago de Don revirar.

— Preciso que você vá até Navalor e traga Beatrice em segurança para o casamento.

Don fechou os olhos com força, desejando que fosse só mais um pesadelo do qual ele pudesse acordar. Aquilo não era real.

— Acabei de voltar de uma batalha, preciso realinhar meu exército, recrutar soldados, há muito trabalho a ser feito. Não posso simplesmente largar tudo e ir atrás de uma princesa para Damon.

— A viagem não é longa. Quanto antes você partir, mais rápido estará de volta.

— Pai, não posso ir agora. Há problemas maiores acontecendo, a torre... — Don hesitou, ponderando se valia a pena mencionar Loren, quando nem ele mesmo compreendia completamente a situação.

— Leve alguns homens com você e traga a princesa em segurança.

— Por que não manda a porra do Damon buscá-la? — o tom do príncipe parecia um rosnado, a fúria à beira do descontrole.

— Não podemos arriscar a vida da princesa. Essa aliança é fundamental para termos acesso ao porto — a voz do rei ressoou pela sala, tão grave que parecia perfurar os ouvidos do príncipe. Ele se aproximou do guerreiro. — Não sei se você se deu conta, Donnchadh, mas nada cresce nesse maldito reino. Fomos amaldiçoados, e se não tivermos acesso ao porto, morreremos de fome em breve, você e sua impulsividade nos fez perder diversos tratados pelo continente. — Ele então agarrou a gola do uniforme de Don o trazendo para mais perto — Confio essa tarefa unicamente a você! Traga a princesa!

A frustração do nosso guerreiro era avassaladora. Impulsividade? Porra, tudo o que ele tem feito nessa vida é defender esse reino, não é justo carregar a culpa pela perda dos tratados, ele era só um miserável que obedecia ordens! Don esfregou o rosto com pesar e tentou uma última vez, o coração batendo forte.

— Seu mago, Kalandor, estava investigando a torre quando desapareceu. Sinto que há algo mais perigoso em jogo aqui — entregou a informação na esperança de que o rei compreendesse a gravidade da situação.

— Don, traga a princesa.

— Estou curioso, o que você oferecerá em troca da princesa? — perguntou, cruzando os braços.

— Uma parte de nosso minério — a resposta do rei despertou uma onda de incredulidade em Don.

— Vai ordenar que voltem a cavar? Pai, isso é muito perigoso! A torre...

— Você só precisa se preocupar com as ordens que eu lhe dou.

O rei manteve a postura rígida, os olhos fixos no filho, sem qualquer traço de emoção.

— Às vezes eu entendo por que minha mãe nos abandonou — soltou Don, com amargura transbordando em cada palavra.

Num movimento brusco, seu pai se lançou sobre ele. Antes que Don pudesse reagir, o rei agarrou seu pescoço e o empurrou violentamente contra a parede. A dureza fria das pedras pressionou suas costas, enquanto a mão de seu pai apertava seu pescoço, restringindo a respiração. Seus olhos, agora acesos com uma raiva fria, demostravam uma intensidade que Don nunca havia visto antes.

O príncipe sabia que poderia acabar com aquilo, conhecia exatamente os locais onde um golpe preciso poderia derrubá-lo em um instante. Poderia usar a força que treinara por anos para quebrar a defesa do rei e virar o jogo. Mas não fez nada. Deixou-se ser enforcado, curioso para ver até onde seu pai iria, até onde a escuridão dentro dele se estenderia.

Os dedos do rei cravaram em sua pele, e cada respiração tornou-se um esforço doloroso. O peso do corpo do monarca o imobilizava, e a fúria no olhar dele queimava tanto quanto a sua falta de ar. Don sentiu a sala ao redor desaparecer, como se só restasse a força implacável da mão do rei e a expressão impiedosa em seu rosto.

— Nunca mais fale dela assim — seu pai rosnou, a voz baixa e ameaçadora. — Você não sabe de nada.

A pressão aumentou, e Don viu manchas escuras começarem a dançar em sua visão periférica. Ainda assim, manteve as mãos ao lado do corpo, recusando-se a lutar ou desafiar. Finalmente, seu pai o soltou, deixando-o livre. Don ofegou em busca de ar, enquanto os olhos do rei ainda o fixavam, cheios de um desprezo indescritível.

O príncipe se retesou ao ver Loren parada na porta, presenciando toda a cena com uma expressão de choque contido. Seus olhos encontraram os dele, e por um breve momento, o tempo pareceu congelar. O olhar do rei se voltou para a sacerdotisa, ignorando completamente o que acabara de acontecer.

— Onde está a sua pedra? — perguntou, a voz cortante e exigente.

Loren levou a mão ao pescoço, seus dedos tocando levemente a pele, como se tentasse encontrar o objeto. Seus olhos permaneceram fixos nos de Don, tentando transmitir algum conforto, alguma segurança diante da brutalidade que acabara de testemunhar.

— Está guardada — ela respondeu, a mentira saindo de seus lábios com surpreendente facilidade.

— Coloque-a e acompanhe Don. Vocês devem partir em breve.

 Vocês devem partir em breve

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