✶ Capítulo dezesseis ✶

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Enquanto circulava pelo salão em busca de North, Don não se surpreendeu ao saber que poderia encontrá-lo na cozinha

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Enquanto circulava pelo salão em busca de North, Don não se surpreendeu ao saber que poderia encontrá-lo na cozinha. Ele desceu imediatamente ao local e, ao adentrar o ambiente, foi envolvido pelo aroma doce de tortas de maçã assando no forno.

A cozinha da torre era um espaço amplo, com paredes de pedra escura que ecoavam os sons dos utensílios em uso. A lareira monumental dominava a parede principal, aquecendo o ambiente. Pães recém assados repousavam em cestas de vime, enquanto carnes eram defumadas e penduradas em ganchos. Funcionários, vestidos com aventais simples de linho, movimentavam-se com agilidade e precisão, cortando, mexendo e assando. Havia uma sensação de ritmo e harmonia no ar, como uma dança bem ensaiada.

Ao se aproximar, Don viu seu amigo sentado à mesa, deliciando-se com o banquete que seria servido em breve. North devorava um prato de carne de porco assado com geleia de figo, cuja aparência era tão tentadora quanto o cheiro doce e salgado que se espalhava pelo ar.

— Você não pode esperar como todo mundo lá em cima?

North ergueu os olhos brevemente da refeição, com uma expressão de "sofrimento" estampada em seu rosto. — Estou morrendo de fome! — respondeu ele, antes de dar outra garfada generosa na carne suculenta.

Decidido a acabar com o prazer de North, Don se inclinou mais perto, falando em um tom suave e aterrorizante. — Precisamos conversar. Há algo que tenho para lhe dizer. Venha comigo, agora.

North resmungou um pouco, mas finalmente cedeu, levantando-se da mesa com relutância. Não sem antes roubar um último pedaço de pão, como se fosse um tesouro que não pudesse ser deixado para trás.

Ao entrar na sala de comando, Don foi direto para a grande mesa de carvalho. Mapas estavam cuidadosamente estendidos sobre sua superfície, marcados com alfinetes que representavam os movimentos das tropas e os pontos cruciais do campo de batalha. Era ali que ele passava horas analisando táticas e planejando estratégias para garantir a segurança de todos.

— Temos um traidor — declarou, observando os olhos de North se arregalarem em surpresa. — Quem pegou Loren não queria matá-la, ele iria sequestrá-la.

— Sequestrá-la? Mas por quê? Todos sabem que, longe da torre, os manipuladores de magia são inúteis — a confusão no rosto de North era evidente.

— Isso eu ainda não sei, mas pense comigo — continuou Don, mantendo o tom grave. — Alguém denunciou nossa posição, e eles sabiam exatamente onde ela estava.

— E você desconfia de quem?

— Ainda é muito cedo para afirmar, mas precisamos ficar atentos.

— Tem algo que eu deveria saber? — insistiu North, querendo entender o que ainda estava oculto.

O príncipe coçou a cabeça, seu rosto demonstrando preocupação. — Converse com o mago. Ele vai te explicar o que está rolando.

— Talvez eles tenham tentado levá-la para usar como moeda de troca.

Don assentiu lentamente. — É uma possibilidade. Precisamos considerar todos os cenários. Será que alguém está tentando obter informações privilegiadas sobre nós? Ou quem sabe, pode ser uma tentativa de desestabilizar nossa magia?

O olhar inquisitivo de North se fixou em Don, sua expressão ainda mais confusa.

— O que Ryan tem a ver com isso?

— A magia da torre falhou enquanto estávamos fora. Falhou no momento em que Loren foi atacada.

Uma risada cética escapou dos lábios do grandalhão.

— Falhou? Como assim falhou? Isso é impossível — seus olhos brilhavam com descrença.

— Converse com Ryan, ele poderá te explicar melhor — sugeriu, reconhecendo que o mago poderia oferecer uma abordagem mais detalhada.

— Don, você vai retalhar, né?

O guerreiro confirmou com um leve aceno de cabeça, os olhos se fixando em um ponto distante, onde sua mente já começava a traçar um plano de vingança sombrio.

— Mas não se preocupe, essa vingança é minha — assegurou ele.

— Nem pense em pisar naquele reino sem mim — advertiu North, sua própria sede de justiça ecoando nas palavras.

— Primeiro, precisamos descobrir quem nos entregou. Depois partimos para o massacre — disse Don, com um sorriso que crescia junto com o do amigo.

Quando se preparavam para deixar a sala, foram abordados pelo curandeiro, um homem que Don poderia jurar ter mais de duzentos anos. Com uma reverência respeitosa e uma voz fraca ele começou:

— Meu príncipe, preciso conversar com o senhor.

Don fez um gesto para que North se retirasse, e com um aceno de cabeça, ele os deixou a sós.

— Por favor, prossiga.

O curandeiro hesitou por um breve momento, como se escolhesse cuidadosamente suas palavras antes de continuar.

— Fui até sua sacerdotisa para verificar o ferimento na perna, como Vossa Alteza ordenou — começou, seus olhos traindo um leve desconforto.

Don assentiu, incentivando-o a revelar mais detalhes.

— Acontece que... não havia nada. Nenhum ferimento.

Uma onda de perplexidade o atingiu diante daquela revelação. Ele se lembrava vividamente do ferimento grave na perna de Loren e de sua dificuldade para andar. Como poderia não haver nenhum sinal? Refletiu sobre a discrepância, tentando encontrar uma explicação lógica para o que parecia ser impossível. Loren não tinha a capacidade de se curar, e um corte daquela magnitude certamente deixaria uma cicatriz significativa.

— Entendo. Eu vou ver o que pode ter acontecido — respondeu ainda incrédulo, mas mantendo a compostura. O curandeiro inclinou a cabeça em sinal de respeito, antes de se retirar.

Don permaneceu ali por alguns instantes, absorvendo a estranha revelação, sua mente girando em busca de respostas e então ele seguiu em direção ao salão principal em busca dela.

Os nobres e cortesãos, reuniam-se em pequenos grupos. Seus olhos furtivos seguiam cada movimento do príncipe. Ele podia sentir o peso de cada olhar, o que o guerreiro não sabia, é que as pessoas ali, acreditavam que seus olhos de cores diferentes era um sinal de mal pressagio.

Um jovem nobre, com traços aristocráticos e um ar de superioridade, lançou um olhar de desdém para Don, antes de retornar à conversa animada com seus colegas. O príncipe registrou uma nota mental para quebrar a cara dele mais tarde, mas por enquanto, havia prioridades.

Apesar da hostilidade que pairava no ar, ele avança com determinação, ignorando os olhares e os julgamentos. A busca por Loren era prioridade, uma tarefa que não iria ser desviada por intrigas palacianas ou pela arrogância dos que se consideravam superiores. Don odiava essas pessoas. Mas odiava ainda mais não saber onde sua sacerdotisa estava.

 Mas odiava ainda mais não saber onde sua sacerdotisa estava

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