✶ Capítulo vinte ✶

17 4 3
                                    


Como se não bastassem os problemas que já o assombravam, Don deu de cara com Damon no corredor da torre principal

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Como se não bastassem os problemas que já o assombravam, Don deu de cara com Damon no corredor da torre principal. A visão de seu irmão fez com que ele parasse abruptamente, o desgraçado estava ali, com aquele sorriso insolente.

— Por onde você esteve? — perguntou entre dentes com uma puta raiva contida.

— Calma, irmão — Damon respondeu, apertando seu ombro de forma casual, um gesto que apenas intensificou a irritação de Don. — Eu estava resolvendo alguns... negócios. — O olhar de Damon desviou para um homem que o acompanhava.

O homem ao lado do príncipe herdeiro era um velho de aparência abatida. Mas seus cabelos grisalhos estavam cuidadosamente penteados para trás, ele vestia um uniforme de couro azul-escuro, adornado com o brasão de sua terra natal. Don rapidamente reconheceu o símbolo do Kraken; ele provavelmente estava ali para discutir algo sobre a princesa. Os olhos claros do emissário observavam tudo com uma calma calculada.

— Aliás, este é Sir Henry de Varne, do reino portuário de Navalor — acrescentou Damon.

— Isso não é desculpa para não aparecer na cerimônia de honra — Don ignorou completamente a presença do emissário, sem paciência para as formalidades da nobreza naquele momento.

Sir Henry se curvou respeitosamente diante de Don, suas palavras eram pingadas com um sotaque distinto.

— É uma honra conhecer Vossa Alteza. Peço perdão pela inconveniência.

Toda a raiva estava focada no príncipe herdeiro, e a presença do emissário parecia apenas uma distração irritante. Don até tentava conter a frustração crescente, mas a postura desdenhosa de Damon tornava isso quase impossível.

Ele fez um aceno rápido ao velho e avançou sobre o irmão, invadindo seu espaço pessoal.

— Saiba que eu não vou tolerar mais um desrespeito da sua parte!

Damon recuou um passo, tentando manter a compostura, mas ainda com aquele sorriso cínico. Então ele se virou para o emissário.

— Perdoe o comportamento infantil de meu irmão. Ele acabou de voltar de uma batalha onde perdeu metade de sua tropa — a provocação sútil escorria de sua boca como veneno.

O emissário esboçou um sorriso amarelo, claramente desconfortável com a tensão entre os irmãos. Antes que pudesse continuar, Don se retirou, furioso.

Os gêmeos nunca se deram muito bem, mas as brigas realmente se intensificaram quando Loren entrou em suas vidas, ou melhor, na vida do mais novo. Desde a adolescência, Don, corroído pelo ciúme, não hesitava em atacar o próprio irmão, uma atitude no mínimo intrigante, especialmente porque eles eram gêmeos idênticos, exceto pela diferença na cor de seus olhos. Don parecia sentir um prazer distorcido em cada soco que desferia. Bater em Damon era como castigar a si mesmo, talvez um reflexo da culpa ou da raiva que o consumia por dentro. Mais tarde, conforme nosso guerreiro ia colecionando cicatrizes, o ódio pelo próprio irmão só se intensificava. O filho da puta do Damon, com sua aparência imaculada, representava tudo o que Don poderia ter sido, se não fosse pelas marcas que a vida lhe deixava.

North surgiu do corredor como um arauto de esperança. Ele avançava com passos firmes e um sorriso amplo que iluminava seu rosto.

— Ei, Don! Estava te procurando! Vamos para a taverna comemorar, já estão todos lá.

North sempre soube como aliviar o peso dos problemas, com seu espírito despreocupado e positivo. Ele se aproximou, colocando um braço sobre os ombros do amigo. Álcool não resolveria nada, mas Don sabia que, naquele momento, precisava de qualquer distração.

— Taverna da Honra? — perguntou o príncipe, com um sorriso surgindo em seu rosto, já adivinhando o que estava por vir.

Como se fosse possível, o sorriso de North se alargou ainda mais.

— Lembra daquela vez que quase fomos expulsos de lá por causa daquela aposta idiota? — riu, balançando a cabeça ao se lembrar. — Aquilo foi memorável!

— Como poderia esquecer? E eu ainda ganhei a aposta, mesmo com você tentando me distrair o tempo todo.

North deu uma risada alta, o som ecoava pelas paredes da torre, os dois caminhavam pelos corredores, os servos e nobres olhavam de forma curiosa.

— Vamos esquecer tudo isso por uma noite, irmão — o tom de North era calmo mas firme. Não era da aposta que estava se referindo. — Vamos beber, rir e aproveitar. Amanhã lidamos com o que vier.

Don assentiu, sentindo a tensão em seus ombros diminuir. Talvez por uma noite, ele pudesse realmente esquecer tudo.

Eles deixaram a torre, caminhando pelas ruas enevoadas do reino, engolidos pelo frio penetrante que os faziam encolher. Aproximaram-se da tal "Taverna da Honra", onde o nome nobre e a verdadeira natureza do lugar ficaram evidente. A fachada era incrivelmente sofisticada, com colunas de mármore e um brasão gravado na porta, sugerindo que ali dentro se reuniam os homens mais distintos do reino para debates filosóficos e discussões sobre o futuro da nação.

A taverna nada mais era do que um prostíbulo disfarçado.

A taverna nada mais era do que um prostíbulo disfarçado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
A Torre Invertida - Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora