✶ Capítulo um ✶

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Como você se sentiria se os três homens mais importantes do mundo estivessem apaixonados por você?

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Como você se sentiria se os três homens mais importantes do mundo estivessem apaixonados por você?

Empolgada? Lisonjeada?

Talvez confusa...

Mas não era assim que Loren se sentia naquele momento. Não, ela estava ali, imóvel, como uma estátua esculpida em pedra, observando os três à sua frente discutirem acaloradamente. Seus gritos eram meros ecos distantes, incapazes de atravessar a barreira de culpa que a mantinha presa em sua própria mente.

Culpada.

Culpada.

Loren mal conseguia respirar, as palavras até chegavam aos seus ouvidos, mas não faziam sentido, tudo bem, não precisavam mais fazer, ela sabia que era a causa de toda aquela dor.

Entorpecida, a estátua de pedra finalmente se moveu. Os homens só se deram conta quando um grito estridente ecoou de algum canto, não era o dela. 

Em um frenesi desesperado e desordenado, os três correram até o parapeito da torre, lá em baixo uma criada gritava, aterrorizada, diante do corpo que quase a atingira.

Loren havia se jogado.


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Algum tempo atrás...

No desolado campo de batalha, o cheiro de sangue derramado impregnava o ar, uma mistura nauseante de metal e morte. A cada inspiração, o gosto pútrido dos cadáveres invadia os sentidos de Don, como se o próprio ar estivesse contaminado pelo fim. Se alguém o perguntasse, ele provavelmente diria: "Amargo, esse é o gosto da morte", mas nunca perguntaram. Sua garganta irritada parecia envolta em arame farpado, e a cada grito despejado, o nó se estreitava ainda mais.

Com passos pesados, ele percorria o campo, sentindo o peso da armadura, que, a essa altura, parecia mais um fardo emocional do que físico. Cada placa de metal pressionava contra seus músculos, o suor escorria por debaixo da vestimenta infiltrando-se nos ferimentos e queimando como ácido. Não era nem de longe uma sensação agradável.

A batalha que terminara na noite anterior ainda ecoava em suas veias, e as marcas da luta recente estavam gravadas em cada corpo caído. Soldados que outrora tinham nomes, histórias e sonhos - seus companheiros, irmãos de armas - agora estavam imóveis, espalhados pela vasta extensão como trágicas esculturas de carne e aço.

Seu olhar buscava sobreviventes, suas pálpebras se estreitavam sob os raios de sol que surgiam no horizonte. "Nasce mais um dia". O céu, tingido de um vermelho profundo, refletia a devastação abaixo, como se o próprio firmamento estivesse ferido.

Ele ergueu os olhos para o céu e viu abutres voando em círculos largos, cada vez mais baixos, atraídos pelo banquete macabro que os aguardava. O silêncio era insuportável, quebrado apenas pelo murmúrio distante de alguns corvos.

Em um canto do campo, um corvo maior e mais audacioso puxava insistentemente o tecido esfarrapado de um estandarte caído, como se quisesse reivindicar o último símbolo da batalha. Don observava aquela cena grotesca, enquanto sentia o peso esmagador da mortalidade e a crueldade efêmera da glória.

Enquanto as aves carniceiras, impassíveis e determinadas, cumpriam seu papel na ordem natural, ele buscava um sentido para a carnificina que testemunhava.

Pobre Don...

Em meio a esse cenário desolador, o guerreiro avistou um leve movimento. Aproximou-se cautelosamente, com a mão firme na empunhadura da espada. Debaixo de um escudo partido, encontrou um jovem escudeiro, seu rosto pálido e olhos arregalados de medo e dor. O garoto estava com o corpo contorcido em uma posição antinatural. Seu rosto estava coberto de sangue, e suas mãos trêmulas agarravam-se a uma ferida profunda no abdômen.

— Ajuda... por favor... — sussurrou rouco, cada palavra parecia um esforço monumental.

Don se aproximou e, ajoelhando ao lado do jovem escudeiro, sentiu a impotência e a urgência nos olhos do garoto. A respiração do menino era irregular, cada inalação um gemido de agonia. Mas nada poderia descrever o terror que o tomou assim que percebeu o símbolo da torre cravado na armadura de Don. As lágrimas agora se misturavam ao sangue.

Com um suspiro profundo, Don ergueu a espada. O soldado abriu os olhos uma última vez. Com um movimento firme e decidido, ele cravou a espada em seu coração, uma ação rápida e precisa para minimizar o sofrimento do garoto.

Ele continuou sua caminhada, a espada ainda gotejando o sangue do inimigo. A guerra era cruel e impiedosa, mas, naquele momento, ele havia oferecido um ato de misericórdia em meio à brutalidade.

— Don, vamos voltar, não há mais nada aqui — North parou ao seu lado e soltou um longo suspiro enquanto varria o campo com os olhos.

— Como ela está? — perguntou o guerreiro, tentando ao máximo não transparecer nenhum sentimento de fraqueza ao amigo. Claro, North era como um irmão; cresceram juntos e compartilharam tudo, mas, ainda assim, Don não permitiria que ele carregasse o fardo do seu infortúnio.

— Ela está bem. Disse que pode se virar sozinha com o ferimento, não foi nada grave — os olhos azuis de North encontraram os do amigo. — Ei, ela está bem. — Afirmou com convicção.

— Se algo acontecer a Loren... — Don respirou fundo e fechou os olhos, imaginando o impacto que isso teria no reino e... nele.

— Eu sei, eu sei... — North engoliu seco. As preocupações que passavam por sua mente era incomparável ao pesadelo que Don enfrentava diariamente, mas, ainda assim, já era suficiente para afligi-lo também. — Vamos? — disse enquanto se afastava. — Se eu ficar mais um dia aqui, será meu cadáver que você terá que carregar.

Sua voz já estava distante, e Don gritou uma última vez, a plenos pulmões, buscando qualquer sinal de vida, mas o silêncio foi sua única resposta. O sol amornou ainda mais sua pele e as moscas ao seu redor o fizeram perceber que era hora de partir.

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