✶ Capítulo oito ✶

19 4 5
                                    


North e Don estavam ao lado de fora da estalagem, junto com outros soldados, organizando os preparativos para a partida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

North e Don estavam ao lado de fora da estalagem, junto com outros soldados, organizando os preparativos para a partida. O som dos cascos dos cavalos e o tilintar das armaduras se misturavam ao crepitar da pequena fogueira acesa, cujo calor tímido tentava espantar o frio infindável.

— Ela parecia diferente esta manhã — comentou North, a voz baixa, mas transbordando de curiosidade. — Sabe... sua sacerdotisa — ele pontuou, como se Don não soubesse a quem ele se referia. — Não sei bem explicar, mas havia algo nos olhos dela. Uma sombra que não havia antes.

— Como assim? — Don se virou para ele, levantando uma sobrancelha em dúvida.

— Não sei, mas você deveria ficar atento. Ela me pareceu mais... intensa do que o normal — continuou North, cruzando os braços e franzindo a testa.

— Ela te contou alguma coisa? — sondou o príncipe, a preocupação subindo pela garganta.

— Ela deveria me contar alguma coisa? 

— Droga, North, sei lá. Acho que já temos problemas demais com essa neve maldita que não para de cair. Vamos nos concentrar nisso aqui e partir logo. — Uma bela tentativa para desviar do assunto. 

Tocar a sacerdotisa na noite passada foi um erro impensado, uma fraqueza momentânea que poderia ter consequências devastadoras. North era leal a Don acima de tudo, e ele confiava que o soldado não o entregaria ao rei. Ele compreenderia a gravidade do que significaria uma revelação como aquela. No entanto, mesmo com sua discrição, era um segredo que Don preferia guardar por enquanto. Afinal de contas, o rei era severo e implacável quando se tratava de questões de moralidade e comportamento. Qualquer deslize poderia ser visto como uma fraqueza, uma brecha na armadura da autoridade que ele tanto valorizava.

˚    ✦   .  .   ˚ .      . ✦     ˚     . ★   .     ˚     *     ✦   .  .   ✦ ˚      ˚ .˚    ✦   .  .   ˚ . ★

Após alguns dias de jornada, finalmente avistaram ao longe as muralhas do reino. Estavam exaustos, os músculos dormentes pela fadiga e pelo frio penetrante que se insinuava até os ossos. Os cavalos, cansados, mas resilientes, avançavam com passos cautelosos sobre o gelo. As árvores ao redor, inclinavam-se como espectros dando-lhes boas-vindas. 

No horizonte sombrio, erguia-se a majestosa torre que dominava a paisagem, seu topo desaparecendo nas nuvens baixas. Construída no coração do Vale, ela era uma estrutura grandiosa de pedra, uma sentinela sinistra que se erguia como um dedo acusatório apontando para o céu. No entanto, aquela imponência era apenas uma fachada para ocultar um segredo. O verdadeiro poder do reino emanava de um mineral especial encontrado nas entranhas escuras das cavernas abaixo dele. Os antepassados de Don haviam construído uma segunda torre que se projetava para o subsolo como um meio de concentrar e controlar esse poder.

Aqueles que manipulavam a magia, incluindo sua guardiã, canalizavam seus poderes através desta torre, alguns a chamavam de torre invertida. O mineral que envolve a estrutura é o mesmo que Loren carrega em seu pescoço. Desde a infância, Don tem ouvido histórias sobre como essa substância é uma bênção concedida pelos deuses para que alguns humanos pudessem manipular uma energia ancestral. No entanto, esse poder não é ilimitado: à medida que os manipuladores se afastam da torre, sua conexão com essa magia enfraquece gradualmente. 

O reino, apesar do mineral, ou talvez por causa dele, tem um aspecto macabro que o torna temível. A terra ao redor é escura e estéril, a névoa constante que cobre o solo parece viva, se esgueirando entre as construções e envolvendo tudo em um abraço frio e sufocante. As próprias ruas do reino parecem hostis. Aqui, até a luz do dia é fraca, filtrada por uma camada perene de nuvens escuras, dando ao lugar uma aparência de crepúsculo eterno.

À medida que os cavaleiros se aproximavam, os detalhes do Vale emergiram diante de seus olhos com uma magnificência assombrosa: as torres de vigia ao longo das muralhas se erguiam contra o céu cinzento, cada uma adornada com gárgulas sinistras esculpidas em pedra, cujas feições distorcidas pareciam observar com olhos vazios aqueles que adentravam a cidade.

Ao chegarem à entrada principal, os portões maciços se abriram em um rangido estridente, fazendo com que uma nuvem de corvos alçasse voo, revelando o coração nebuloso da cidade além. Era hora de retornar ao lar, mas o acolhimento era apenas uma máscara para as sombras que espreitavam nas vielas estreitas.

A proximidade da torre parecia distorcer o tempo e o espaço ao seu redor, criando uma sensação de desorientação e fascínio inevitável. Sua presença sinistra lançava uma sombra espectral sobre a paisagem já sombria. As árvores que cercavam a torre estavam secas e retorcidas, seus galhos estendidos como garras ávidas em direção ao céu encoberto. Não havia folhas, apenas espinhos negros que pareciam se contorcer em agonia sob a luz pálida que mal penetrava o ambiente.

Aquele era o lar dos Drakenshield. Tão obscuro quanto o vosso interior.

 Tão obscuro quanto o vosso interior

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
A Torre Invertida - Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora