✶ Capítulo quinze ✶

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A luz dourada da aurora lutava para atravessar a escuridão persistente do reino, criando um contraste entre o dia nascente e a noite que teimava em permanecer

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A luz dourada da aurora lutava para atravessar a escuridão persistente do reino, criando um contraste entre o dia nascente e a noite que teimava em permanecer. Don passou a noite inteira acordado, tentando sufocar o desejo incontrolável pela sacerdotisa. No entanto, acordou tão excitado quanto antes, e como sempre, munido de raiva, levantou-se da cama.

Vestiu-se com cuidado, deslizando os braços pelo uniforme preto e sentindo o peso da responsabilidade que ele sempre foi obrigado a carregar.

Ao sair do quarto, foi recebido pelo murmúrio da torre despertando para a vida. Seguiu em direção ao salão onde a cerimônia de honra seria realizada e encontrou Loren pelo caminho.

— Você ainda está brava comigo?

Ela não respondeu, evitando seu olhar em um sinal de relutância.

Ao entrar no salão, uma sensação de grandeza e imponência os envolveu. As altas paredes de pedra se erguiam majestosas, manchadas pelo tempo e pela escuridão. O teto da torre desaparecia na penumbra.

A luz do sol atravessava os vitrais, mas, em vez de banhar o espaço em tons áureos e brilhantes, projetava figuras distorcidas nas paredes de pedra fria. Para a cerimônia de honra, o salão estava decorado com flores, uma raridade naquele ambiente lúgubre, na verdade era uma tentativa inútil de adicionar um toque de cor e fragrância a ocasião. No entanto, até mesmo essas flores pareciam murchar sob a influência da magia densa predominante, suas pétalas pendiam melancolicamente.

Don estava parado próximo ao pórtico de entrada, observando os servos da torre terminarem os últimos preparativos para o evento. Eles trabalhavam em silêncio, cada movimento carregado de um medo inquietante, como se estivessem cientes de que aquele não era apenas um lugar de honra, mas também um palco para segredos e conspirações.

North se aproximou com passos largos e uma expressão sonolenta no rosto. Ele bocejou alto, esfregando os olhos enquanto olhava ao redor do salão.

— Precisava ser tão cedo? Não deu tempo nem de tomar um café da manhã — reclamou, com um tom que denotava seu sono.

— Diz isso às viúvas. — Don indicou com a cabeça onde algumas mulheres choravam copiosamente.

North resmungou em resposta, mas logo se recompôs e se juntou a amigo para assistir à chegada dos outros soldados. Eles entravam no salão um a um, carregando uma expressão reverente, conscientes do motivo pelo qual estavam reunidos.

Enquanto observavam, Don sentiu uma mudança na atmosfera do salão, uma sensação de expectativa que pairava no ar. Então, finalmente, ele chegou — o rei. Sua presença era amedrontadora, pelo menos era assim que as pessoas a sua volta se sentiam, ele se dirigiu para o trono com passos firmes e determinados. Os murmúrios cessaram quando todos se curvaram em respeito ao redor dele.

Conforme a cerimônia estava prestes a começar, Don sentiu seu coração martelar dentro do peito ao perceber a ausência de seu irmão. Uma onda de raiva misturada com preocupação se instalou nele. Olhou ao redor do salão, buscando qualquer sinal de sua presença, mas ele não estava em lugar algum.

Don apertou a mandíbula com força, os punhos cerrados ao lado do corpo, enquanto uma fúria ardente crescia dentro de si. Como seu irmão poderia ousar faltar a uma cerimônia tão importante? A ausência dele era uma afronta à memória dos soldados e aos deveres que ambos tinham como líderes.

Uma sensação de traição se misturava à sua raiva, e a decepção se entrelaçava com a ira enquanto ele lutava para controlar suas emoções. A cerimônia teve início, e um silêncio pesado desceu sobre o salão. Todos se preparavam para honrar os soldados que sacrificaram suas vidas pelo reino.

Um sacerdote, vestido com trajes cerimoniais, avançou para o centro do salão, segurando um pergaminho antigo com os nomes dos homenageados. Com uma voz firme, ele começou a recitar as palavras de tributo, lembrando as façanhas dos heróis caídos.

Uma fileira de tochas foi acesa, iluminando o salão com uma luz dourada, mas mesmo a luz parecia incapaz de dissipar o clima sombrio no ambiente. Don sentia o peso dos olhares de reprovação sobre si. Era como se estivesse afundando em um mar de culpa e remorso. Ele via mulheres com lágrimas nos olhos, homens com expressões endurecidas de desdém e até mesmo crianças pequenas, que, embora não entendessem completamente a magnitude do que estava acontecendo, ainda sentiam a tristeza e a raiva no ar.

Loren permaneceu ao lado dele durante toda a cerimônia, não por escolha, mas por obrigação. Sua postura impecável e a expressão enigmática ocultavam o vórtice de emoções que ela tentava manter contidas. Ele sentia a energia densa e frustrada que emanava dela, como se cada movimento fosse um esforço para se manter ao lado dele.

À medida que a cerimônia chegava ao fim, o salão era tomado por um sentimento de pesar e solenidade, mas também por orgulho e gratidão pelos que haviam partido. 

Don avistou Ryan, rodeado por um grupo de garotas deslumbradas com sua presença, e não pôde evitar uma pequena risada. Aproximou-se, observando enquanto as jovens abaixavam a cabeça em reverência ao vê-lo. Havia um misto de medo e respeito em seus olhares.

— Senhoritas, posso falar um momento a sós com o mago? — ele pediu e as garotas prontamente se retiraram. 

— Você acabou com meu flerte — brincou Ryan assim que ele se aproximou.

— Sei que até o fim da noite você vai dar conta de uma ou duas delas — Don retrucou, com um tom de diversão.

Ele estendeu a mão, entregando a Ryan a pedra rachada. O sorriso do mago desvaneceu-se quando viu a fissura no objeto.

— É a pedra do colar dela — explicou rapidamente — rachou no mesmo dia em que vocês sentiram o tremor na torre.

Ryan levantou uma sobrancelha, absorvendo o peso da situação. — Isso não é nada bom — murmurou.

— Precisamos descobrir o que está acontecendo antes que seja tarde demais.

— Vocês conversaram?

A pergunta pegou Don de surpresa, fazendo-o lembrar da noite anterior. Um rubor involuntário subiu em seu rosto, e ele rezou para que Ryan não fosse capaz de ler pensamentos.

— Sim, tivemos uma conversa breve. Ela mencionou sentir uma energia incomum naquela noite. Talvez tenha canalizado toda a energia da torre — respondeu, tentando manter a voz neutra.

Ryan olhou de volta para a pedra, pensativo. — Impossível, ou ela estaria morta. Encontre-me na torre hoje à tarde. Vou buscar mais informações e ver o que posso descobrir sobre essa rachadura.

— E como você vai fazer isso?

— Através dos livros, meu caro Don. Não é só de espadas que se vive um homem. Você deveria tentar de vez em quando — provocou com um sorriso enquanto se afastava, Don não pode deixar de soltar uma risada com a afirmação.

 Você deveria tentar de vez em quando — provocou com um sorriso enquanto se afastava, Don não pode deixar de soltar uma risada com a afirmação

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