05. Pai!

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"Tentando parar com as limitações, querendo ser super-herói".

ARABELLA

Tentei me concentrar nas moléculas a minha frente, química orgânica é uma matéria excelente, continuei respondendo ao questionário sobre as últimas aulas que o professor estava tanto querendo, não sei ao certo porque, porém acho esse professor atencioso demais comigo, sempre sou bem desconfiada. É algo que não consigo controlar, assim como meus pensamentos que vez ou outra vão diretamente para certo rapaz de olhos castanhos. Gabriel meio que voltou a ser minha obsessão. Isso é um tanto irônico, sendo que geralmente os "caras" ficam obsessivos pelas meninas. Realmente não nasci para ser igual, meu pai diz que eu sou estranha, meu próprio pai.

Olhei para meu relógio pela quadragésima vez na última hora, nesse momento o Gabriel deve de estar embarcando diretamente para NYC, para conhecer algumas meninas que ele tem como amigas por lá. Merda! Essa obsessão voltou, odeio isso de me sentir vulnerável por alguém apesar dele agora saber que eu existo.

Tudo na minha vida tem um "q" de ironia, realmente nunca me imaginei junto com ele, namorando e afins. Sempre pensei que seria extremamente glorioso se acontecesse, porém nunca pensei que teria chances, posso ser bem o clichê de menina que não se considera a mais bonita nem grande coisa, mas minha autoestima não é das melhores. Alguns traumas do passado que nunca foram esquecidos deu nisso.

Pensei que se eu tivesse um celular poderia mandar mensagens para alguém naquele instante, como alguém sobrevive sem um celular? Eu me pergunto isso todos os dias. Isso é culpa do meu pai, quis me "castigar" porque deixei o celular cair na água, eu nem lembrava que tinha levado o celular para praia naquele dia, fatídico dia.

— Senhorita Roth, já terminou? — O timbre firme do Senhor Gregori, meu professor que age como se só tivesse eu na sala, me fez encará-lo meio a contra gosto. Ele não era feio apesar da roupa toda organizadinha demais. Claramente um nerd maluco.

— Já sim, Professor. — Falei com a voz firme, se ele acha que me intimida está bastante enganado.

— Muito bem, me traga aqui e pode sair. — Peguei minha mochila me levantando calmamente com as folhas do questionário respondido em mãos. Deixei sobre a mesa dele, sem falar mais nada me retirei da sala. Pelo canto do olho notei a Agnes dando um sorrisinho para mim, é a única no casarão que estuda junto comigo.

O Louis também estuda aqui, mas ele faz publicidade e propaganda, além de que, Louis Sanders não mora conosco no casarão, mas está lá todos os dias infernizando a minha mente e atacando a mana. Balancei a cabeça deixando isso para mais tarde, ajeitei a alça da mochila no meu ombro, me sentando em uma área de grama que continham alguns alunos sentados.

A Universidade da California em Berkeley é enorme e uma das quinze melhores faculdades, umas das dez quando o quesito é o Medical School. O pré-med acabei fazendo junto com o colegial, já que como meu pai é professor de biologia tanto para pesquisa como para bacharelado, acabou me ajudando bastante nesse inicio.

Minha mãe era médica. Não lembro basicamente como decidi que seria médica, mas com o passar do tempo e a ideia formada sobre a minha profissão, não me via fazendo outra coisa se não ajudar as pessoas, ser tão boa quanto a minha mãe foi. Dona Ellen foi um exemplo para qualquer pessoa.

Com um suspiro alto tentei afugentar os pensamentos, perdi minha mãe muito nova e apesar de mais de uma década desde sua morte, ainda me sentia um pouco triste pela situação toda, um assunto delicado. Tirei o notebook de dentro da mochila, entrando no twitter do Gabriel. Já eu terei alguns minutos até o próximo horário de química no laboratório.

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