02. Descobertas.

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ARABELLA

Fiquei olhando todos ali, naquela pequena área considerada um pouco como jardim/área de lazer, me encostei à cadeira ficando com as pernas de apoio para o livro sobre as mesmas.

— Já disse que você deveria parar de se isolar sempre... — Ouvi o timbre do Lou. Ao levantar um pouco os olhos contra o sol intenso, notei a figura delgada dele, Louis Sanders poderia ser considerado o tipo de qualquer garota, bem, menos o meu. Nada contra, eu realmente sempre o achei bonito, ele tem "aquele ar" de sexy, as suas tatuagens completavam esse "ar", mas acho que nós combinamos muitos mais como amigos do que namorados.

Ele foi bastante insistente para nossa amizade realmente se realizar.

— Eu nunca me isolo, só não gosto de ficar no meio de todo mundo, como algo a ser exposto. — Murmurei fechando o meu livro, mas não sem antes marcar a página que estava lendo. O Lou havia me emprestado um de seus livros do Bukowiski. Ele é completamente viciado nesse velho insano.

— Claro que não, eu que sou muito comunicativo. — A ironia estava expressa em sua voz, sorri sentindo-o sentar-se ao meu lado.

— E você é mesmo, cara! — Comuniquei rindo.

— E então, como pretende passar as férias de verão? — Ele mudou drasticamente de assunto, ao levantar um pouco o olhar notei que Ana estava vindo na nossa direção, suspirei me preparando para uma ceninha.

— Você poderia parar de ficar correndo igual um cachorrinho atrás dessa aí? — Nossa, dessa vez ela começou pesado. Eu realmente não entendo esse desgosto dela por mim, de verdade!

— Ana... Sem showzinhos hoje, por favor. — O Lou falou soltando um longo suspiro, em nenhum momento realmente a olhando.

Já faz quase dois meses que ela voltou a morar aqui, o mês de abril pelo visto irá começar com força total, com ela me odiando um pouco — sem motivos e explicação — e eu apenas observando tudo. Nunca fui do tipo de ficar trocando farpas com ninguém.

— Eu não estou dando showzinho nenhum, você é que deveria se dar um pouco o respeito. — Assim que terminou de pronunciar sua frase, girou o corpo e saiu de perto de nós. Notei que algumas das meninas que estavam ali, olhavam na nossa direção.

— Acho que ela implica comigo porque acha que nós nos pegamos escondido. — Murmurei abrindo novamente o livro.

— Nem eu entendo essa implicância contigo e olha que a namorei por quase três anos. — Acabamos rindo e deixando o assunto morrer.

Olhei ao longe a mana conversando com a Agnes e vez ou outra olhando na nossa direção — Louis e eu —, principalmente para o Lou. Ela não estava com nenhuma namoradinha desde a tal da Mandy, o que tornava um pouco estranho aquela troca de olhares deles.

Resolvi não me envolver em nada que não fosse do meu interesse, apesar de que se meus dois melhores amigos estiverem se pegando eu tenho direito supremo de saber, está nas regras da amizade.

— Acho que ele não vem. — Ouvi o Lou murmurar enquanto encarava seu relógio de pulso.

Os sábados à tarde estavam ficando agitados, agora que a dona Laís não implicava mais com pequenas "festinhas" nos finais de semana, desde que não fosse nada que incomodasse os vizinhos, porque aí seria problema, voltei a minha atenção ao Lou e a sua obsessão em ficar encarando o seu relógio.

— Quem não vem? — Perguntei tendo sua atenção.

— O meu amigo, ele é bem recluso quando quer. — Não sei ao certo porque, mas ao ouvir a palavra "recluso" e "amigo" juntos senti algo revirar dentro de mim.

Arabella ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora