46. Quando ela morreu?

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ARABELLA

Amigos são a família que escolhemos, por vezes eles nos escolhem. Quero dizer, não comecei minha amizade com o Louis por livre e espontânea vontade, ele forçou a isso, certo. Não forçou completamente, ele é incrível comigo. Com Lucy também não foi algo de escolha, foi algo natural... Num minuto conversávamos em um grupo com várias pessoas e no outro estávamos apenas nós duas trocando mensagens. Quem diria que aquela amizade virtual levaria a isso tudo? Quero dizer, ela me fodeu o psicológico algumas pessoas, Lucy tinha essa tendência a pensar que morrer resolveria todos os seus problemas, talvez os dela, mas traria tanto sofrimento junto... Bem, qualquer escolha que você faça sempre terá uma consequência, para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário, terceira lei de Newton.

Eu estava com raiva minutos antes de começar a pensar porque me tornei amiga desses imbecis, mas bem... Eu os amo do jeitinho que são, independente de qualquer coisa. Isso é amor. Uma coisa que poucas vezes eu faço é me arrumar para sair, e quando eu faço odeio simplesmente não sair. Tudo estava combinado para irmos ao maldito cinema, eu estava pronta e desci achando que eles estavam na sala apenas me esperando, mas não. Os que estavam ali além do Louis e Lucy eram apenas para discutirem mais um pouco para onde iriam. De verdade, eu fiquei muito muitíssimo puta.

Então fiquei igual idiota vendo meus amigos discutirem, eu estava arrumada para ir pra porra do cinema e eles ainda discutiam para onde iríamos? De verdade, a vontade que eu tive foi bater em todos eles, sou um pouco estressada quando as coisas não saem como eu quero ou planejei, muito. Deixei-os discutindo e voltei ao meu quarto, mas antes gritei para eles se foderem. Sério, como assim combinamos e de ultima hora decidem mudar tudo? Vão se foder.

Entretanto aqui estou eu pensando no quão são valiosos meus amigos, no quanto eu os quero por perto e ao meu redor sempre. Não sou uma pessoa assim tão boa, sou egoísta e por vezes uma péssima amiga, eu os abandono quando estou me sentindo mal de alguma forma, mas não os quero ver deprimidos de alguma forma, quero sempre vê-los sorrindo. Ouvi batidas na porta, não me importei em levantar nem olhar quem era.

— Oi belezinha — o timbre do Louis se expandiu todo o meu quarto, bufei. — Certo, é que bem, culpe a Lucy, Arabe. Ela não quis mais ir para o cinema e ficamos discutindo entre boate ou pub, eu falei melhor pub porque as chances de você ir não cairia à zero, mas todos votaram em boate e bem, você já estava puta de qualquer forma — sentenciou, fechei os olhos sentindo o colchão afundar do meu lado. Eu sabia o quão persistente Louis Sanders conseguiria ser. E isso me fez sorrir levemente.

— Isso aí, garota! Nós vamos para boate, esteja pronta as onze — falou e eu o senti apertas minhas bochecha fazendo meus olhos abrirem automaticamente. Eu iria retrucar, porém meu amigo foi mais rápido ao sair do quarto. Estava pronta as sete e pouco da noite, pensei ao olhar a hora no relógio do celular.

Abri minha conversa com o Gabriel, mandando uma mensagem perguntando se ele já estava no trabalho. Talvez já tivesse, talvez ele nem me respondesse. Mas antes uma mensagem chegou e era exatamente dele, sorri lendo-a.

Gabriel H: Digamos que eu já esteja trabalhando, e você? Já está no cinema?

Eu: Você falando assim parece um prostituto, tem alguém com fetiche por observar você mexendo no celular? E não, não estou no cinema e pelo visto nem irei.

Gabriel H: Qual é? Você realmente acabou de falar que seu namorado vende o corpo para conseguir dinheiro? Nossa... Se for assim, você me deve MUITO dinheiro, garota.

Gabriel H: Por que não vai?

Eu: Seus amiguinhos resolveram mudar os planos e estão indo em uma boate por volta das onze horas. E eu não te devo dinheiro nenhum, vai apanhar quando chegar em casa.

Arabella ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora