ARABELLA
Minha semana estava animada, eu simplesmente não conseguia parar de sorrir. Conversei com meu pai no mês passado e combinamos que no feriado de final de ano eu iria para casa, tinha em mente que não voltaria tão cedo para Wicksville pelos... Acontecimentos, porém a saudades da família bateu tão forte, não conseguiria aguentar. Não desta vez!
Fiquei um pouco surpresa com o Gabriel se oferecendo para ir, não que ele tenha dito com todas as letras que irá e, bem, não quis perguntar para ele não achar que estaria ansiosa para ele ir, vai saber se isso não o assustaria? Eu ficaria assustada, até porque não temos nada sério.Ele não precisa conhecer minha família.
Ainda estou confusa com tudo, na verdade. Confusa e feliz!
A professora tinha parado a aula para o anúncio do vice-reitor pela caixa de som instalada em todas as salas do campus, suspirei me sentindo um peixinho brincando na água. Teremos praticamente duas semanas sem aula, sendo que hoje é o último dia na Universidade para mim, já que não fiquei de recuperação em nenhuma matéria, graças à Deus e ao meu tempo estudando.
Fechei o caderno e guardei o notebook na mochila, e saí da sala em seguida. George me desejou parabéns, oh yeah, estou completando dezenove anos hoje e isso é meio insano e entediante. É legal fazer dezoito, porém é chato ter dezenove, não muda muita coisa.
Hoje saí bem cedo do casarão, o que impediu de receber um possível parabéns de alguém. Eu até gosto disso, porém - sempre existe um porém - odeio receber abraços, gosto de dá-los, mas não receber, ao menos de pessoas que mal falam comigo. Sou complicada até para mim mesma.
Peguei o trem e fui indo em direção ao casarão, às vezes as coisas são rápidas demais e quando vamos ver tudo já passou e se tornam apenas lembranças. Era quase quatro da tarde quando passei pelo portão do casarão entrando na residência, todos estavam nas suas ocupações e o Louis e Lucy sentados no sofá. Esse garoto não tem casa.
— Já separaram as roupinhas coloridas para Wicksville? — perguntei, jogando a mochila num canto qualquer na sala, com certo cuidado pelo notebook dentro da mesma.
— Vou levar meus pretinhos curtos — sentenciou a Lucy, fazendo o Louis expressar uma careta.
— Nem tão curtos, não quero ninguém desejando a minha mulher — Louis se fez presente fazendo a Lucy apertar suas bochechas e beijá-lo, fofo, mas estranho.
— Quem diria que a Lucy iria gostar tanto de uma pica — murmurei meio sem pensar, me lembrando exatamente de uma conversa com a Lucy a muito tempo atrás em que ela dizia que não iria sentar nem chupar uma... Um pênis, conclui.
— É que o meu é especial — Louis pronunciou, foi a minha vez de fazer careta pegando a minha mochila e saindo dali indo em direção ao meu quarto.
— Nojentos — resmunguei dentro do meu recanto.
Peguei uma toalha indo para o banheiro. É tão bom ser única em um andar, ninguém fica me vendo passear de toalha por aí, quero dizer. De banho tomado deixei os cachos soltos e molhados, depois de penteá-los. Então vesti um short e uma camiseta cor da pele. Me sentei na cama pegando o celular, havia algumas mensagens porém a do Hayes Sir me chamaram atenção.
Hayes Sir: Então iremos viajar dia 23? Muito bom!
Fiquei sem saber qual reação ter. Primeiro, medo de alguém possivelmente falar algo na frente dele, depois felicidade por esse momento de intimidade que iriamos compartilhar, eu realmente quero compartilhar muitas coisas com ele. E isso ainda soa estranho para mim, não fugir e simplesmente ficar. Engraçado, isso é geralmente dos caras, e nesse caso é de uma mulher, menina mulher.
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Arabella ✓
RomanceQuando eu preciso me proteger da realidade, dou um mergulho profundo em meus devaneios. Eu poderia ser a música que ele quisesse, assim como ele seria minha melodia. Nós nos completamos de uma forma nova e totalmente inesperada. Não procurava por co...