06. Pressentimentos.

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ARABELLA

Encarei o calendário que ficava ao lado da sala que eu tive minha última aula do dia, uma revisão do semestre, contando os dias que iria até o primeiro ano de faculdade acabar, hoje sendo dia 28 de maio, ainda teria mais dois dias. Só para resultados, já que na semana passada fizemos os exames finais.

Eu realmente amo fazer o curso de medicina, mas não tinha noção do quão puxado seria, porém irei cuidar de vidas, é claro que tenho que ser bem preparada para tal função. Despedi-me do George, um rapaz que estuda junto comigo. Ele também é do Texas, só que de outra cidade que eu nunca tinha nem ouvido falar.

Segui meu rumo, saindo do campus enorme. Encontrei com a Agnes no caminho, dividimos o dinheiro do taxi, o dia foi puxado demais para caminhar ou esperar algum ônibus. Assim que chegamos ao casarão notei uma movimentação estranha, ajeitei a alça da minha mochila, desci um pouco a calça — que sempre sobe demais —.

Ainda é quarta, não tem porque eles estarem organizando nada "festivo". Então notei que na sala tinha algumas malas. Muitas meninas já estavam de férias, então seriam normal algumas já estarem indo para casa. Soltando um longo suspiro caminhei até o meu quarto, deixando a mochila sobre a cama peguei meu notebook, minha vida atualmente não está tão interessante, mas pelas coisas que já passei minha vida daria um puta livro.

Um tempo atrás eu escrevia contos e postava em um tumblr que eu tinha, mas cansei do mundo virtual e acabei excluindo tudo, me distanciei de algumas pessoas principalmente quando fiquei sem celular, isso em novembro do ano passado.

Coloquei para tocar uma pasta que tinha The Fray, Kodaline e The Script. Deixei as músicas rolarem, comigo jogada na cama, como um saco qualquer. Ouvir músicas e pensar nas coisas, na vida. Eu iria sábado para casa, assim que terminasse as aulas por completo, mas eu quero levar algumas coisas para a minha priminha de dois anos. Começou a tocar Honest do Kodaline e comecei a cantarolar junto.

Levantei vendo a bagunça que estava meu guarda-roupa, preciso organizar minhas roupas antes de viajar para casa, Wicksville. Foi exatamente o que eu fiz nas duas horas que seguiram, apesar de não ter muitas roupas, organizar aquela bagunça custou muita paciência.

Depois de organizado, com as roupas sujas separadas, peguei-as descendo a escada, apesar de chegar da universidade quase morta, eu preciso organizar logo isso, deixar coisas para última hora dá sempre algo errado e acaba não dando certo.

Término das aulas é essa semana, entretanto irei para casa apenas terça-feira da próxima semana, porque segunda eu quero comprar algumas coisinhas para a Elena, minha prima, que eu tenho como uma irmã mais nova, até porque ela é afilhada do meu pai.

Coloquei as roupas dentro da lavadora, cronometrando direitinho o tempo de lavagem.

Saí da área externa, onde ficavam as duas lavadoras e as duas secadoras, sai mais barato do que ir a um desses lugares profissionais. Novamente no meu santíssimo quarto, vi que precisava de calças novas, é meio que minha farda para a faculdade — apesar de não se ter uma — calça jeans, camisa e tênis ou sapatilha.

Minha vida se resume a faculdade, notebook, ver o que o Gabriel faz de bom, meu santuário chamado de quarto, e só. Nunca fui muito de sair e ficar com um monte de rapazes em baladas, algumas pessoas me considera lésbica e outras me chamavam de santinha, nunca me importei muito com isso e não pretendo mudar só pra ser aceita e considerada de uma forma que não fará diferença nenhuma na minha vida.

Sem vontade alguma de entrar em qualquer rede social, resolvi simplesmente ficar deitada na cama e encarar o teto, eu li isso em tantas histórias por aí, a mocinha do livro fazia isso quando tinha muitos problemas, bem eu faço isso por fazer.

Arabella ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora