ARABELLA
Existem aqueles dias em que você acorda animada, não sorridente ou algo assim, mas sentindo que coisas boas estavam acontecendo e outras melhores estão por vir, fazia um longo tempo que não sentia essas sensações, as melhores possíveis. É engraçado como nossa vida passa algum período parada e quando finalmente começa a acontecer às coisas, vem um tsunami com tudo de uma vez, chega a ser insano. Ou quando parece que tudo está definido e de repente a indefinição reina mais uma vez.
Ainda fico desacreditada como consegui marcar uma consulta psicológica para hoje, três da tarde. Passei a madrugada inteira pesquisando sobre como funcionam os psicólogos e se havia algum profissional assim não muito longe do meu "território", achei uma, Juliana Russell. E a sensação boa não saía de mim, quero dizer, antes eu me sentia pressionada a procurar um profissional para me ajudar com o meu trauma, porém agora sinto que foi uma decisão minha, de mais ninguém além de mim, isso acaba me dando mais confiança.
A única coisa que ainda me fazia sentir um pouco mal foi à forma como tratei Gabriel, não é que quis magoá-lo, nunca pretendia isso. Entretanto não sei ser inteiramente sincera sem machucar alguém de alguma forma, apesar de tentar não ser.
Peguei meu caderno juntamente com os livros colocando dentro da mochila, só faltava mais uma aula e eu praticamente tinha que atravessar o campus todo para chegar ao prédio que ela iria ocorrer, analisei as horas no meu celular, quase uma da tarde. Apresei os passos caminhando rapidamente entre alguns alunos também indo para as suas respectivas aulas. Fiquei me lembrando da Lucy que acordou com um resfriado terrível, tive até que fazer chá.
Isso me faz lembrar que ela prefere chá ao invés café, como alguém em sã consciência prefere chá? Quero dizer, eu sou viciada em café, é irreal pra mim. Balancei a cabeça sentindo o rabo de cavalo se remexer, melhor apressar o passo porque não posso perder essa aula por nada.
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Sorri sem graça para a atendente da psicóloga pediu para me sentar que eu não iria demorar a ser chamada, olhei novamente no relógio do celular faltando dois minutos para a hora que eu havia marcado com a psicóloga, certo que pesquisei e tentei saber o máximo possível sobre como funcionária às consultas para o nervosismo não me consumir, todavia parecia que naquele momento nada valia, estava extremamente ansiosa para começar logo.
Demorou poucos minutos e a moça me chamou falando que a psicóloga Juliana Russell estava pronta para me atender, eu vi um homem passar por mim enquanto eu adentrava a sala dela, certo, aquilo parecia uma parte de uma casa, tinha uma estante com alguns livros aparentemente antigos, duas poltronas próximos com uma mesa mais para o canto da sala. Havia plantas e realmente você não se sentia em um consultório, nem no cheiro. Respirei fundo e ela me indicou aonde sentar.
Certo, ok. Eu estava com medo dela.
—Apenas relaxe, é sua primeira consulta, você não precisa se sentir obrigada a falar nada, irei te fazer algumas perguntas para iniciarmos, mas lembre-se não estamos aqui para você se sentir pressionada e nem falar do que não quer, vamos ir com calma, ok? — Ela falou tão suavemente que automaticamente deixei da posição tensa e me sentei menos dura.
— Ok.
As perguntas normais foram feitas, foi como se tivéssemos sendo amigas nos conhecendo e ela quisesse saber mais sobre mim, com o passar do tempo ganhando minha confiança. Teve algumas perguntas que eu já havia respondido a sua assistente, mas foram refeitas e respondi sem grandes preocupações, idade, nome, se tinha irmãos, como eram meus pais, foi algo sendo levado levemente, não pareceu que fiquei uma hora ali sentada com a Juliana, forma pela qual ela quis que a chamasse.
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Arabella ✓
RomanceQuando eu preciso me proteger da realidade, dou um mergulho profundo em meus devaneios. Eu poderia ser a música que ele quisesse, assim como ele seria minha melodia. Nós nos completamos de uma forma nova e totalmente inesperada. Não procurava por co...