ARABELLA
Observei o caimento do vestido sobre meu corpo, me sinto nua de vestido e muito menina. Isso não deveria ser ruim, "me sentir menina", mas é Arabella falando, nunca vou ser muito normal mesmo, pensei enquanto dava de ombros fechando a porta do armário. Sai do meu quarto vendo Iara e Miriam de biquínis, parecia que todos haviam planejado saírem para praia. As outras pessoas do casarão não estavam por ali, dirigi-me até a cozinha querendo fazer algo bem gorduroso para comer nessa tarde quente. Depois da confusão com a Agnes, parece que as coisas no andar de baixo estavam na mesma temperatura do meu andar. Quentes, só que por motivos diferentes.
Lucy deu um soco na Agnes, ela ainda tem evidências disso no rosto. Essa menina pra mim nem existe, não é alguém por quem irei ficar me estressando e criando rugas, sou madura o suficiente para simplesmente ignorá-la. O motivo dela ter vindo me chamar de puta por ter sofrido abuso quando criança me deixou confusa, cacei na minha mente algum motivo para aquilo, seria suficiente eu achar que mulher que se veste mais... Extravagante não é puta? Não acho, mas também não encontrei nenhuma lembrança que me fizesse ter algum motivo plausível para aquela coisa toda.
Peguei minha caixinha de música do formato do Mike Wazowski do filme Monstros S. A. Ligando-o numa música aleatória, comecei a cantarolar Control da Halsey. Achei por bem fazer uma pizza de liquidificador mesmo, separei os materiais necessários pegando o utensílio principal. Coloquei o leite, ovos, a pitada de sal com açúcar em seguida, a farinha de trigo, fermento, para finalizar uma colher de margarina. Coloquei tudo no copo do liquidificador, deixando bater até borbulhar. Quando ouvi passos na cozinha, já havia se passados alguns minutos desde que estava ali dentro. Na verdade nem sabia a quanto tempo estava concentrada ali ouvindo música e cozinhando, mas a surpresa não diminuiu ao dar de cara com o Gabriel.
— Não sabia que vinha aqui hoje — murmurei desligando o aparelho.
— Surpresa? — Ele perguntou com um dos olhos fechados e os braços abertos, sorri caminhando até ele.
— Ótima surpresa — falei com meus lábios próximos dos seus, dando um selinho e com o beijo logo sendo aprofundado em seguida.
— Estava com saudades — murmurou com sua respiração quente batendo no meu pescoço. Ele sabe que é meu ponto fraco e fica colocando o rosto ali, naquela curva, filho da Julie.
— Nos vimos ontem! — exclamei rindo.
— Pareceu anos. — Ele estava realmente fazendo beicinho? O tamanho do marmanjo de vinte e três anos fazendo isso. Deus! Eu ri batendo no seu ombro e voltando ao serviço untando a assadeira de pizza que havia ali. Despejei a massa colocando no forno pré-aquecido. — Quero te levar lá em casa, moça prendada, já podemos casar, em? — Gabriel se fez presente quando começou a tocar End of the day, ele fez uma careta que me fez rir.
— Na casa da sua mãe? E casar? Nós estamos juntos há o quê? Dois meses?
— Dois meses? Assim você me decepciona! Você fala junto desde o primeiro beijo ou do dia que te pedi em namoro? — perguntou ele com uma expressão de pensativo.
— Primeiro beijo e aquilo não foi pedido de namoro, você só se aproveita de mim — ciciei limpando as mãos em um pano.
— Claro que foi! Não sou muito chegado em ficar fazendo caminho de flores pra pedir em namoro, acho melhor pra casamento.
— Isso porquê se diz romântico...
— Sou muito! Então estamos juntos desde o dia 30 de setembro, quando nos beijamos pela primeira vez. Mas nosso primeiro encontro foi dia 3 de outubro... Qual?
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Arabella ✓
RomanceQuando eu preciso me proteger da realidade, dou um mergulho profundo em meus devaneios. Eu poderia ser a música que ele quisesse, assim como ele seria minha melodia. Nós nos completamos de uma forma nova e totalmente inesperada. Não procurava por co...