34. Realidade.

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ARABELLA

Então o silêncio reinou entre nós, e me vi, novamente, analisando seu quarto. Haviam algumas miniaturas de desenhos conhecidos por mim, A hora da aventura, Dragon Ball Z, Bob esponja foram alguns que reconheci, alguns pareciam ter saído de mangás, estavam espalhados por uma mesinha. Um violão no canto, apertei os braços na frente do corpo notando o pequeno pote, ugh. O motivo de eu estar ali, na verdade um dos. Minha atenção estava novamente no Gabriel, deitado no meio daquelas cobertas todas e claramente sem blusa... No frio que estava ele queria ficar bom como desse jeito? Notei que estava molhando o chão e minha roupa colada no corpo. Bela situação eu havia me metido.

— Pensei que você não quisesse me ver mais... — Sua voz rouca fez eu ficar ainda mais arrepiada, pelinhos fiquem quietos, não é hora para isso, pensei.

— Acho que seria mais o contrário — sentenciei o encarando de volta. Seu rosto estava pálido, ele estava muito pálido. Suspirei retirando o camisão de moletom e tentando não molhar mais nada. Ao menos minha blusa de dentro não estava na mesma situação que minha calça. Que merda, meu Deus!

— Vem aqui... — murmurou ele, com a mão na minha direção. Sorri sem reação balançando a cabeça.

— Não é uma boa ideia, eu te trouxe um remédio e bem, estou toda molhada e você... Está com febre? Enfim, não é uma boa...

— Tira a roupa então — argumentou ele, seus olhos castanhos tão intensos... Quase negros. Porque Deus? É tentação demais e ele está doente, Merda.

— Não é hora pra pensar nessas coisas — murmurei contrariada cruzando os braços.

— Eu não pensei em nada, foi você... — ele estava agindo daquela forma porquê? Como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse me dado o "tratamento de silêncio". Não brinca comigo, rapaz... Eu sou mais frágil que aparento. — Você vai acabar doente, tira essa roupa molhada e pega uma minha aí dentro do guarda-roupa — sempre tão mandão... Quis protestar, porém ele tinha razão.

Soltando um longo suspiro esperei por instruções de onde abrir, então peguei uma blusa enorme e grossa com uma samba canção. Isso seria engraçado, se já não fosse trágico. Primeira vez que visto roupa dele é assim, ele doentes e conosco meio brigado e... Aff, sempre imaginei que fosse depois do sexo e com...

— Arabella! — me assustei girando na sua direção. — Para de pensar e troca logo de roupas — ordenou.

Odeio. Receber. Ordens.

Me virei ficando de costas para ele, retirei a roupa tomando cuidado para não mostrar meus seios, principalmente, vai que ele vê os piercings e acha que fiz por causa dele? Sei que Gabriel tem tara nisso, mas nem fiz por ele, longe disso. Sempre achei algo do tipo não-Arabella, apesar de tudo na minha vida sempre fui certinha, seguindo as regrinhas, impostas por religião e sociedade. Era só uma forma de mostrar que não era tão conformada com não conseguir algo assim. Um pouco sem lógica, algo que Arabella fez exatamente por não ser tão Arabella assim... Estranho falar de si mesma em terceira pessoa.

Vestida me sentindo um saco de batata me virei na sua direção.

— Vem deitar comigo.

Ordens e mais ordens. Eu gostava de ser instruída, não mandada como uma boneca inflável. Balancei a cabeça negativamente pegando o pote de remédio, mostrando-o.

— Melhor você tomar logo esse remédio — argumentei. Ele olhou estranho pro pote, dando de ombros em seguida. Precisava de uma colher.

Depois de instruções e sabendo onde a cozinha estava fui pegar o utensílio, com o Gabriel medicado relaxei mais, me sentando na beirada da sua cama. Não sabia o que falar ou como agir, ele estava agindo como se não tivesse acontecido nada! Não sabia dizer se era bom ou ruim... Realmente não sabia.

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