07. Imundices.

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ARABELLA

Meu pai sempre me diz que quando temos um pesadelo, é um sinal de algo que está por vir e quando eu penso nesse "algo" não me vem coisa boa em mente. Christian sempre que tinha algum pesadelo acontecia algo relativamente ruim depois, como em uma vez que eu sonhei que estava no velório do meu tio-avô e na outra semana ele sofreu um acidente gravíssimo, porém não chegou a morrer. Mas foi por pouco.

Suspirei alto, me ajeitando na cadeira do Aeroporto Intercontinental George Bush, em Houston, Texas. Sim, finalmente cheguei ao meu querido estado, analisei todos ao meu redor, o aeroporto estava muito movimentado talvez por causa das férias de verão, muitas pessoas indo e vindo.

Que bom que em viagens nunca fiz o gênero que as faz com várias malas, peguei minha enorme mala e minha bolsa, indo em direção à saída daquele enorme lugar. Logo avistei o carro que iria me levar até Wicksville, ainda são 9h da manhã, com mais seis horas de carro daqui até lá, fazendo as contas por volta das 14h eu estarei em casa.

Seis horas e alguns minutos depois.

Cansada é pouco para a forma como me sinto nesse momento, enfim com chão de Wicksville sob os meus pés, respirei fundo sentindo o cheiro da minha cidade, apesar de sempre arranjar uma razão para "falar mal" daqui, nunca irei deixar de amar o lugar onde nasci e cresci, onde meus pais se encontraram e me fizeram, pensei corando levemente. Imaginar meus pais me fazendo, eca e eca.

Então eu senti alguém tocar meu ombro, o que me fez girar o corpo rapidamente para ficar de frente com a tal pessoa, meu sorriso apenas aumentou ao notar quem era.

— Pai! — exclamei completamente feliz, ao sentir seu abraço apertado depois de um ano. Nossa! Como o tempo passa rápido.

— Arab, que saudades suas filha! — A sua felicidade poderia ser constatada facilmente pelos seus olhos. Posso brigar muito com o meu pai, principalmente na época em que eu morava aqui, porém ele sempre continuará sendo o melhor dentre os melhores.

— Eu também estou morrendo de saudades, cadê a mãe? Não veio? — perguntei me referindo a minha bisavó, que é pessoa mais próxima de uma mãe que eu tive na minha vida.

— Ela está no rancho, mas nós dois temos muito que conversar antes dela vir, no caso amanhã. — De repente ele se tornou sério.

Um leve aperto no meu peito me atingiu, se ele realmente sabe o que eu imagino que saiba todos os meus esforços, choros escondidos e vontade que ninguém se machucasse além da forma como eu já estava machucada, foram em vão. Nunca chegou a ser um segredo, na verdade era mais como algo pobre que eu não queria que atingisse minha família. E ao ver a culpa e dor nos olhos do meu pai, enquanto caminhamos rumo a nossa casa, me fez perceber que eu cometi mais um erro nessa minha curta vida.

Assim que entramos em casa, fui direto para o meu quarto, jogando minha bolsa sobre a cama. Então encarei muito como se estudando cada mínimo detalhe, no início tudo foi uma completa loucura, saber que irá morar a mais de três mil quilômetros de distância da minha família, logo eu, a garota que não saía muito, sempre caseira e antissocial ao extremo. Joguei-me na minha cama encarando o teto do quarto, as estrelas que brilham no escuro que continuam ali, sorri. Eu sempre fui aquela adolescente com alguns desejos infantis, tipos esse, ter aqueles adesivos que brilham no escuro espalhados pelo seu quarto.

Troquei de roupa vestindo algo mais leve, um short uma camiseta e um chinelo. Desci a pequena escada indo em direção à sala. Meu pai parecia concentrado em algo, aparentemente seriam suas mãos que ele não parava de encarar, até quando me fiz presente "limpando" a garganta.

— Pai? — ele ainda continuava concentrado em algo que não era eu naquela sala, um sorriso triste se apossou dos meus lábios, me sentei ao seu lado.

Arabella ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora