Quando eu preciso me proteger da realidade, dou um mergulho profundo em meus devaneios. Eu poderia ser a música que ele quisesse, assim como ele seria minha melodia. Nós nos completamos de uma forma nova e totalmente inesperada. Não procurava por co...
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EPÍLOGO
GABRIEL HAYES
Alguns anos depois.
Quando nós traçamos metas e planos, é um longo e árduo caminho até conseguirmos alcançar o que você tanto almejamos, isso está longe de ser um motivo para desistir e os "e se..." começarem a lhe afligir. Há algum tempo, eu coloquei como um grande sonho me casar e ter minha família, honrando-a todo dia. Tive os piores exemplos dentro de casa, mas nunca me privei daquilo, eu sempre quis meu lar, minha esposa... E uma filha. Não que eu fosse ficar triste com um garoto, do meio para o fim não importaria tanto assim o sexo. Mas naquele dia, há uns quarenta dias, quando vi minha pequena Aurora vindo ao mundo, foi o momento mais assustador e incrível.
Ouvi o choro alto e as imagens passando na TV. Sim, eu havia filmado o parto daquele pequeno projeto de Deus, não que isso tenha agradado tanto assim a Arabella, ela não se sente a vontade e adora me xingar, eu revejo tanto aquele vídeo, assim como o do nosso casamento. Qual é? Eu tinha que registrar nossa vida, é meio que uma força além de mim. Assim como na primeira semana eu praticamente andava para cima e para baixo com a câmera tirando fotos da nossa Aurora com a Arabella, nem preciso dizer o quanto isso irritou a minha mulher, não é? Tão cabeça quente aquela garota. Isso só me faz amá-la ainda mais, no final de tudo.
— Você poderia parar de ver esse vídeo da cabeça da nossa filha saindo pela minha vagina, por favor? — virei o rosto rapidamente para ver Arabella em pé, com o bebê em seus braços. Sorri pausando o vídeo caminhando calmamente na sua direção, tentando não tropeçar no Thor, que havia voltado a ficar conosco depois de alguns com a minha mãe. — Estou começando a achar que isso é fetiche estranho em ver cabeças de bebês saindo de vaginas — resmungou me fazendo sorrir ainda mais. Ela nunca deixaria de ser absurda, e eu amava isso.
— Nah, só vejo o seu, isso tudo ainda é raiva por eu ter gravado? — perguntei me aproximando ainda mais.
Ela estava com meu moletom, mas o cheiro era completamente seu.
— Que cheirosa — falei enquanto passando a mão delicadamente no rosto do nosso bebê.
A vida é uma coisa de louco. Mesmo quando você achou que esteve sua vida inteira preparado para aquele algo acontecer, não está, na verdade isso é muito longe de acontecer. Quando Arabella me falou sobre a vinda do nosso pequeno anjinho, eu não esperava ficar assustado. Porém eu fiquei, e isso me fez refletir em como ela, que nunca tinha colocado nos planos ser mãe, como eu havia feito sobre ser pai, ficou. Entretanto tudo ocorreu da melhor forma possível, as mudanças maiores iriam ocorrer com Arabella, ao menos durante os quase nove meses em que a Aurora ficou lá dentro.
— Cheirosa? Eu estou puro leite materno, isso não cheira bem e estraga as roupas, queridinho — falou me dando um sorriso amarelo, mostrando umas manchas no meu moletom. Acho que era a forma de vingança dela, estragar minhas roupas.
