04. Gabriel H.

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GABRIEL HAYES

Acordar ouvindo uma música country é completamente irritante, principalmente quando é o estilo de música que você mais detesta, essa não é a forma que se imagina de "acordar bem", entretanto a chuva que eu vi cair forte pela janela do meu quarto, fez minha manhã melhorar relativamente, amanhecer o dia chovendo é uma das oitavas maravilhas do mundo.

Joguei o lençol para o lado expondo meu corpo magro, não me considero uma oitava maravilha do mundo, me defino como um mestiço, cabelo curto, porém me gosto do jeito que fui feito, notei gotículas de suor descendo pelo meu abdômen, ser magro tem suas vantagens, posso não ser um dos mais definidos, mas sou definido. Entrei no banheiro jogando um pouco de água gelada no rosto, ao fechar a torneira olhei para as minhas companheiras, tenho veias saltando por todos os lados em mim, literalmente. Suspirei ao me olhar no espelho, nunca fui muito vaidoso, mas também não sou desleixado, principalmente depois da noticia de tumor no fêmur, foi algo que me fez tremer na base, literalmente. Mas isso já faz pouco mais de um ano, minha cirurgia foi um sucesso, porem ainda sinto algumas dores. Estou 80%, espero que os outros 20% não demorem a chegar, pensei.

Olhei no relógio de parede ao ir em direção à cozinha, quase 11h da manhã, morar sozinho tem grandes vantagens, além de morar perto da mãe, já que a minha não mora muito longe daqui. Peguei o leite colocando na tigela com cereal, cortei uma banana e kiwi colocando junto, fiquei adepto de comidas saldáveis por causa do "probleminha" que tive. Sentei-me no sofá da sala, com aquela mistura sobre o colo.

Ouvi um latido incessante, ao abrir a porta que ia em direção ao pequeno quintal vejo Thor, meu cachorro vindo todo manhoso vindo em minha direção, apenas sorrio deixando-o entrar na minha casa, ele é uma lindeza só.


****

Quase cinco horas da tarde, vi que tinha algumas chamadas perdidas do Louis, suspirei sem entender o que infernos ele quer comigo, somos amigos desde a infância, mas ele sabe ser chato — até mais do que eu — quando quer ser. Deixei o celular de lado lembrando de que ontem a noite ele me arrastou para um Pub, depois de muito me bajular para isto. Ao menos a música ao vivo valeu a pena.

Não gosto desses lugares em que a música parece mais gritos do que algo cantado, baladas, por exemplo, porém tenho amigos que querem me fazer ter uma vida social, não socializo tão facilmente assim. Prefiro ficar mais na minha. Senti o aparelho vibrar, mais uma ligação do chatonildo. Atendi.

Diz. — Falei.

Posso passar na sua casa? — Louis foi direto, soltei um suspiro profundo.

Gostaria de hoje ficar em casa ouvindo minhas músicas.

Para...?

Que tal um cinema hoje? — Perguntou novamente direto.

Não 'tô muito a fim de sair... — Deixei a frase no ar.

Vou passar aí daqui uns quarenta minutos. — Falou desligando em seguida.

Educação mandou lembranças, pensei. Deixei o celular de lado me levantando do sofá, segui o caminho até o meu quarto pegando uma camisa, posso ter quase vinte e três anos, mas minha paixão por desenhos não morre nunca. De bermuda e camisa do Adventure Time, me joguei novamente no sofá, esperando o chato chegar.

Fiquei lembrando que ontem queria alguma alma viva para me resgatar daquele dito Pub, deveria socializar, mas não é algo da minha natureza, pensei.

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