45. Ponto fraco.

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ARABELLA

Durante um longo tempo, tempo esse que não sei ao certo quanto, eu fui fissurada no tumblr... Daquele tipo que entrava todo dia, que precisava ler alguma frase qualquer para o dia começar ou terminar como deveria. E se não todas, mas na maioria das vezes em que estive ali, sempre havia aquela frase ou texto que simplificasse algo que tivesse acontecido ou que estava acontecendo na minha vida. Talvez por isso durante um longo período tumblr foi meu refúgio mais secreto, eu não saía falando pra ninguém e não me importava. Ali estava a porta para descobrir melhor sobre meu coração... Mas o tempo foi passando e mudanças sempre surgem, hoje em dia não sinto metade do que reblogo... Quero dizer, não posso achar aquele texto bonito e querer reblogá-lo? Mesmo que aquilo não tenha nada a ver comigo.

Então durante uma madrugada nessa semana conturbada de estudos fiquei fuçando twitters, estranho isso vindo de mim... Eu realmente não gostava desta rede social, achava... Sem graça e atualmente é a que mais me sinto a vontade, o que mais acesso. Então numa madrugada achei uns twitters estilo tumblr – sempre irei comparar tudo com o tumblr, é inevitável – com bastantes frases, basicamente isso. E uns users bem bonitos, como punishment ou broken.

Depois da declaração completamente inesperada do Gabriel me vi querendo ler coisas sobre relacionamentos, aquelas frases ou textos bastante poéticos. Sempre gostei desse tipo de coisa, meu dedinho nesse mundo foi desde cedo e sem nenhuma influência. Então encontrei um que eu achei inteiramente uma verdade, basicamente falando que se apaixonar era como dar a alguém uma arma carregada apontada para o seu coração e confiar que não irá puxar o gatilho.

Eu tinha consciência que relacionamentos não são simples, fáceis ou descomplicados. Isso foi algo que sempre entendi, mas não significa que você não espere que algumas coisas sejam exatamente isso: simples, fácil e descomplicado. Aparentemente Gabriel e eu somos o que diriam de couple goals? Longe disso. Ainda tenho uma vergonha descomunal dele e ele parece rir mais de mim quando percebe e isso me enfurece. Brigamos por bobagens por vezes e tem assuntos sérios que simplesmente não tocamos. Ignorar algo que deveríamos conversar não é bom... Com o tempo vai se tornando uma bola de neve que quando se choca com você parece que tudo irá destruir-se de uma só vez. Levantei da cama, completamente no tédio. Gabriel havia saído para resolver algo do trabalho dele amanhã enquanto eu ficava aqui sem nada para fazer. Isso até soaria um pouco machista, tipo "Oh o marido sai para trabalhar a esposa fica em casa esperando-o". Certo, não somos casados e nem sei por que pensei dessa forma... Talvez a ideia não seja assim tão estranha ou impossível como eu considerava antes. Soltei um longo suspiro observando o sol se indo pela janela da sala.

Às vezes me considero vampira, prefiro tantas vezes sair pela noite que durante o dia que chega a ser cômico, eu nem sou assim de sair tanto. Peguei meu celular dando uma fuçada no twitter, stalkeando contas aleatórias apenas para passar o tempo. Então achei uns vídeos curtos e comecei a vê-los. Tem uns vídeos de bebês que você vê e fica com vontade insana de ter um, ou umas fotos tão fofas... Mas aí você começa a pensar na parte pesada e fica tipo "como assim quero ter um filho? Seria uma loucura isso, nem sei cuidar de mim".

Voltei minha atenção para outro vídeo que estava carregando, dessa vez de Lap Dance e foi impossível segurar a risada. Eu sempre considero muito engraçado esses vídeos que alguém tenta sensualizar, a última coisa que acho é sensual. Então fiquei rindo igual retardada colocando o vídeo no replay. Tenho sérios problemas de cabeça, só pode.

— O que você vê de tão engraçado? — quase derrubo o celular no meu rosto quando encontrei a face bem afeiçoada do meu namorando me olhando enquanto entrava na sala.

— Você tem algum tipo de prazer em me dar sustos? — perguntei com a mão no coração. Odeio ser "pega no flagra".

— Desculpe-me senhorita, mas eu toquei na campainha antes de entrar — murmurou se jogando ao meu lado, deixando a mochila no outro sofá. Sentei-me rapidamente observando-o fechar os olhos e parecer relaxar ali, sentado. Então um pensamento rondou minha mente, sorri envergonhada.

Arabella ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora