43. Toques sutis.

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ARABELLA

Ficava encarando aquelas roupas espalhadas pela minha cama, acho que tentando telepaticamente fazer com que elas criassem pernas ou começassem a voar indo diretamente para os seus devidos lugares, mas bem, isso só acontece nos filmes do Harry Potter. É difícil voltar à realidade depois de algum tempo sendo paparicada na casa do namorado, às vezes odeio ter sido mimada toda a minha vida pela minha bisa e meu pai, isso me tornou um ser extremamente preguiçoso. Ao menos não sou fresca, amém.

Comecei a dobrar e ir guardando peça por peça dentro da cômoda e do guarda-roupa embutido, o quarto não era dos maiores para os móveis ocupar tanto espaço. Depois de voltar da casa do Gabriel descobri que havia mais roupa minha que eu já havia contado, como elas multiplicaram dessa forma? Fora que deixei algumas lá em Wicksville quando fui, esse meu novo vício de comprar pela internet está saindo caro para a minha preguiça incurável.

Alguns minutos depois com todas as peças dobradas e guardadas em seus devidos locais, me joguei na cama respirando fundo, aquele serviço todo me deixou exausta. Eu deveria começar a fazer algum exercício como o Gabe tinha falado, ele agora faz corridas matinais, aquela definição toda é muito agradável pra mim, mas nele. Fora que estudante de medicina não tem tempo nem pra dormir, confesso que fui meio imprudente nisso de ir passar esse tempo todo na casa do Hayes, porém a gente precisava de um tempo nosso. Ouvi uma música bem conhecida por mim começar a tocar, I close my eyes, I take it slow Lay on down and let me rest my soul I've been so high, I've been so low I'm just tryna find my way back home, can't help but roam...

Olhei no visor vendo Gabriel brilhando na tela, eu vivia trocando o nome do contato dele virou um pequeno vício e depende do meu humor. Então estou de humor "Gabriel".

— A que devo a honra dessa ligação? — perguntei me deitando novamente olhando para o teto do meu quarto.

— Saudades? Você fala como se já não estivesse com saudades minhas. — Pelo o tom que a voz dele estava sabia que o viva-voz está ligado.

— Hummm, eu sempre sinto saudades suas, você me acostumou mal — falei pegando um cacho com os dedos e brincando com ele.

— E você? Para todo local que olho nessa casa me vem um sorriso no rosto ao lembrar de ti — gemi me sentindo agraciada ao ouvir aquilo. Sempre tão bom com as palavras.

— Isso é bom, não tem como me esquecer — murmurei.

— O que mais me faz feliz mesmo é lembrar daquele sorriso lindo que você esbanja depois de gozar... — eu com certeza estava com o rosto vermelho e enterrado entre as cobertas sobre a minha cama, uh.

— Eu posso te dar ele agora se você quiser... — sussurrei mordendo o lábio em seguida, ouvi seu suspiro alto e algo se movendo.

— Gostaria muito de ir até aí e te foder na sua cama, mas não quero que te dar problemas e no casarão é proibido dormirem caras — odeio ele ser sensato.

— Uma pequena loucura, talvez? — murmurei querendo que ele concordasse.

— Não, amor. Final de semana a gente se encontra e aí sim, aqui em casa, eu faço o que eu quero e o que eu sei que te dará muito prazer.

— Ainda espero pelas algemas — sentenciei e ele gargalhou do outro lado. Murmurando um "tudo que você quiser".

Mordi o lábio me sentindo ousada, Gabriel tem esse poder sobre mim, de me fazer querer surpreendê-lo e me surpreender também.

— Eu não venho sendo uma boa garota, venho? — falei com a voz mais doce que consegui, eu nunca tinha feito esses joguinhos, mas bem, eu realmente queria saber como é.

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