10. Voltando.

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ARABELLA

Suspirei encarando as três enormes malas que a minha bisavó me fez trazer para Berkeley, oh sim. Depois de duas semanas e poucos dias em Wicksville, com muita emoção, diga-se de passagem, finalmente estou de volta a Berkeley com algumas decisões em mente. Uma delas é parar de me fechar para o mundo e esconder das pessoas, tentar socializar um pouco. Não que eu vá conseguir ser realmente sociável, porém não custa nada tentar, palavras do meu pai.

Antes de entrar no avião para cá, ele me disse isso "pare de ser tão fechada para novos abraços, nossos gestos de carinhos, eu entendo porque você preferia mais essa sua vida social virtual do que a real, pelo contato físico que você não possuía, porém se permita, eu te amo tanto" foram às palavras dele, eu senti como se Christian tivesse lendo minha alma, confesso que aquilo me incomodou, me incomoda que alguém possa me ler tão bem. Prefiro ser a estranha e esquisita que ninguém entende, mas ele sabe os meus motivos, apesar de não os compreender.

Olhei para o táxi — que me trouxe até o casarão — se distanciando de onde eu estava, suspirei novamente encarando aquela enorme casa. Eu não havia deixado claro o dia que iria voltar, nem eu mesma sabia ao certo para falar a verdade, porém cá estou eu, onde no último ano foi meu lar, mesmo com tudo acontecendo de forma tão rápida. Atravessei o portão de ferro, puxando uma mala atrás da outra. Quando finalmente estavam as três dentro do território do casarão, entrei no local. Parecia movimentado com algumas vozes altas, achei estranho porque hoje é quinta-feira e geralmente não fica tão movimentado assim.

Então ao entrar na sala, notei que tinha algumas pessoas brincando, por assim dizer, de um joguinho de criança sobre perguntas e desafios, eu tinha jogado isso com uns treze anos, Jesus!

— Eu esperei alguém no aeroporto e não foi ninguém, me senti ofendida. — Exclamei fazendo todos me olharem, a maioria dos garotos eu não conhecia, o que não chega a ser anormal vindo de mim. Lucy levantou em um salto vindo me abraçar, abracei-a de volta.

— Por que merda você não disse que tava vindo hoje? — Murmurou me encarando, apenas dei de ombros sentindo os braços da mana sendo substituídos por uns maiores e mais fortes. Louis.

— Porra menina! Eu senti uma puta saudade tua! — Ele disse exasperado, me fazendo rir, eu acho bonitinho ele xingando, não sei por quê.

— Boca suja. — Murmurei retribuindo seu abraço, confio nele o suficiente para isso.

— Que milagre não ter se esquivado de mim. — Sentenciou Louis, apenas dei de ombros.

Foi quando meus olhos foram diretos para certo rapaz de pele morena, olhos castanhos e um sorriso assustadoramente sensual nos lábios, fiquei vermelha ao notar que ele também me olhava. Desviei o olhar envergonhada, pedindo ajuda para o Louis com as benditas malas. Depois de todas elas no meu quarto e eu já de roupa trocada e na cozinha procurando algo para beber, eles haviam voltado para a brincadeirinha deles. Pelo o que eu notei nada inocente. Encarei o relógio de parede na cozinha marcando 21h56min, ainda era relativamente cedo, afinal a maioria ali estava de férias.

Confesso que ver o Gabriel ali foi uma surpresa, ele parecia bem antissocial pelo o que relatava nas redes sociais, e lá estava ele. Sentado no meio de algumas pessoas, com um sorrisinho na face. Bebi a água tentando me acalmar, eu conversei algumas vezes com ele nesse período que estava em Wicksville, porém nunca cheguei a realmente pensar em como seria quando nos víssemos pessoalmente. Eu realmente não sou boa nisso de "cara a cara".

Saí da cozinha, me sentando na sala perto da Lucy, eles estavam girando uma garrafa e fazendo umas perguntas um tanto íntimas demais, ugh. Prestei mais atenção em todos ali, quatro rapazes no total, fora Gabriel e Louis os outros dois eu não conhecia, entretanto um parecia bem amigo da Ana, já que ele não saía do lado dela. O outro eu reconheci de uma noite, a que eles foram ao tal pub. Acho que o nome era Matthew, não lembro.

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