Capítulo 52

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Ruth estava no computador lançando as notas do último bimestre, enquanto refletia sobre a viagem para Vancouver. Com muito custo, acabou aceitando o relacionamento da filha, ao ver que a mesma estava imensamente feliz. Percebeu o quão pequena estava sendo ao julgar sua própria filha por uma escolha. Marília havia noivado com Maraisa e ela ainda não tinha se desculpado com a morena, queria aproveitar essa viagem para se retratar com elas. Perdida em seus devaneios, não se sabe quando e muito menos como, mas Ruth encontrou-se pesquisando algumas coisas sobre relacionamento entre duas mulheres, não queria correr o risco de falar abobrinhas para a filha e para a futura nora.

"Quais são as gírias LGBT?"

Enquanto lia os artigos, se deparou com a frase "Colar velcro", e resolveu pesquisar mais sobre. Arrependeu-se no mesmo instante em que abriu a janela, deparando-se com duas mulheres fazendo sexo.

— Gente! – Disse para si mesma, num tom surpreso.

Não satisfeita, continuou sua pesquisa, deparando-se com uma lista de kama sutra
lésbico. Aquilo a intrigou de tal maneira, que ela ficou imaginando como duas mulheres
conseguiam fazer tais posições. Viu que Mário havia entrado no quarto e não hesitou em
chama-lo.

— Querido, vem cá. – Disse a mulher, sem tirar os olhos da tela. — Como elas conseguem fazer isso? – Disse disse abismada.

— Não sei... – Disse o homem desconfortável com a situação. — Mas por que você está vendo isso? – Fitou-a procurando sinais de embriaguez.

— Não sei, eu estava lançando notas, e agora estou aqui. – Disse passando o mouse sobre as imagens. — Será que Marília faz isso? – Perguntou, olhando-o nos olhos.

— É... b-bem... – Gaguejou. — E eu lá quero saber o que minha filha faz na cama com a minha chefe? – Disse saindo atordoado do quarto.

Ruth vai atrás do marido, ainda falando sobre o assunto. Porém, Mário não lhe dá atenção. Ela resolve ir para a cozinha comer a coxinha que sobrou do almoço.
Marília e Maraisa estavam assistindo Steven Universe com Léo. Aquele desenho, tornou-se o favorito do pequeno e o único que a mais velha assistia prestando atenção. Era quarta feira, e os amigos e pais da loira estariam chegando naquela tarde, Maraisa pediu que Hades ficasse a frente da empresa para que pudesse recepcionar os sogros e também para descansar. Só naquela semana, Ela e Marília haviam discutido três vezes, tudo por que queria já planejar onde casar, quem chamar, quando será e onde passariam a lua-de-mel. Marília dizia que era cedo demais para pensar nesses problemas, enquanto Maraisa
dizia que essas coisas deveriam ser tratadas com antecedência, visando o tempo que elas tinham para resolver isso, o que não era muito.

— Faz massagem? – Marília disse manhosa, porém, Maraisa nada respondeu. — Amor... – cutucou-a com o pé.

— Que é, Marília. – Disse denotando sua irritação.

— Ah Maraisa, vai ficar assim o dia todo agora? – Marília disse revirando os olhos.

— Vou, vou ficar! – Fitou-a. — Ficou ficar assim, vou ficar assado, vou ficar da forma que eu bem entender. – Disse levantando-se.

— Mamãe, colate. – Disse Léo.

— Também quero, amor. – Provocou-a.

A passos firmes, Maraisa se direcionou para a cozinha, a fim de pegar o achocolatado do filho. Não estava tão irritada assim com Marília, mas não cederia tão facilmente. Queria apenas decidir as coisas, mesmo que por alto. Aproveitar que as aulas dela acabaram e agora, poderiam aproveitar o pouco tempo para resolver essas questões. Encostou na bancada da pia, pegando uma banana da cesta.

A estrangeira - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora