Capítulo 47

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— Eu fico triste filha, mas estou feliz que estejam se acertando.

— É pai, não foi exatamente o que eu queria... — Suspirou a loira. — Mas eu fiz o que achei necessário fazer, então... acho que fiz o certo, porque está doendo.

Mario deu um longo suspiro olhando para a filha através da câmera do notebook.

— Dê esse tempo para vocês, reorganize sua vida e tente não pensar muito em tudo que se passou, use esse seu tempo aí em Nova York para se divertir e... — Sorriu terno para Marília. — Depois vocês pensam no que vão fazer, ou se realmente precisam bater na mesma tecla, já que um dos motivos de você ter pedido a transferência foi tirar um tempo para vocês.

— Eu não sei o que fazer... Eu a amo, mas toda vez que as coisas se
complicam ela meio que dá pra trás.

— Filha, você nunca passou pelas coisas que ela passou, nunca sentiu medo de sofrer ou medo de se entregar a ponto de não pensar nas consequências, isso de certa forma é fácil pra você. Agora você vai sentir medo, vai ficar receosa em seguir com ela, mas também pode ser que você encontre uma nova Maraisa, aquela que você queria desde o início. É tempo de recomeçar, não deixe que os medos que a assombraram todos esses meses venham assombrar você. Se não, isso vai virar um círculo vicioso e vocês vão fadar
o relacionamento ao fracasso.

— Você tem razão – Suspirou. — Eu vou usar esse tempo para
espairecer e depois eu penso nos problemas, me fala pai, como estão as coisas com a dona Ruth?

— Estão... — Olhou para o nada. — Estão caminhando, ela finalmente começou a aceitar vocês então eu preferi nem contar sobre o ocorrido.

— Eu te agradeço por isso e quanto à mãe... — Balançou a cabeça de
forma negativa. — Deixa isso de lado, pai... já passou, não me atinge mais.

— Tenho tanto orgulho de você, querida. – Sorriu sendo correspondido. — Eu tenho que desligar agora, estou exausto, tivemos três longas reuniões na empresa hoje.

— Certo, eu também tenho que desligar, eu sei pai... — Gargalhou. — Eu estava em todas. Eu também tenho que desligar, Meredith e Cristina marcaram um jantar, reunião, sei lá e elas pediram para que eu ficasse... — Revirou os olhos.

— Não gosta delas?

— Claro que gosto, elas me lembram Luísa... — Sorriu saudosa. — Mas eu queria ficar quietinha na minha.

— Aproveita, filha. Agora tenho que desligar.

Havia se passado uma semana desde a mudança de Marília, e por mais que ela sentisse falta da vida que levava no Canadá, ela precisava se localizar e relembrar o propósito dela ter saído do Brasil para estudar, precisava também reorganizar seus pensamentos e discernir tudo o que aconteceu entre ela e Maraisa nesses últimos dias. Por mais que não estivesse com a morena, por mais que estivesse sentindo-se traída pela mais velha, não queria prejudica-la ou prejudicar o filho que tanto amava. Nessa semana, Marília procurou focar em seu serviço e estudo como sempre fazia, universidade casa, casa universidade. Meredith e Derek às vezes tentavam se entrosar com a mais nova, mas não obtinham muito sucesso, sem falar que tempo para eles era extremamente raro. Hoje
teriam o dia de folga e dariam uma pequena reunião entre os amigos do hospital, Marília concordou em participar, já que havia se dado bem com a amiga da família.

Como era algo simplório, não viu problema em usar uma saia jeans clara com sua blusa amarela de alça que ficava justa em seu corpo valorizando suas curvas e realçando seu generoso decote em V, rasteirinha bege com detalhes em pedrinhas e deixou os cabelos soltos.

— Sra. Shepard, tudo bem se eu me vestir assim? — Marília perguntou aproximando-se de Meredith que estava na cozinha conversando com Cristina.

— Sra. Shepard? — Cristina interrompe. — Menina tem uma semana que você nos atura, ou você passa a nos chamar de Deusas ou você nos chame de Meredith e Cristina. — Disse dando um gole generoso de seu champanhe. — Mer, eu quero tequila. — Disse colocando a taça sobre o balcão.

A estrangeira - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora