— Minha vida virou um pesadelo, só pode. — Micael abaixou a cabeça na mesa após empurrar o prato que tinha diante de si. — O que eu fiz pra viver isso tudo?
— Assume logo o namoro com essa menina. — Antônia disse ao filho que levantou a cabeça com uma expressão de raiva. — Se é dela que você gosta, assume e pronto. Ninguém tem nada a ver com a sua vida.
— Você é idiota? — Disse com o maxilar trincado. — Se não é, está agindo como se fosse.
— Micael, isso não é jeito de falar com a nossa mãe.
— SUA MÃE. — Espalmou as mãos na mesa e ficou de pé, alterado. — Essa mulher não significa nada para mim, eu não devo respeito a ela. Principalmente se ficar falando asneiras diante dessa crise.
— Eu não estou falando asneiras, você é um homem adulto e responsável pelos seus atos, dê um fim a essa chantagem falando a verdade para o diretor e para o pai dessa menina.
— Você acha que eu vou chegar para o meu chefe e dizer que eu amo uma aluna, ele vai me dar um tapinha nas costas e parabéns? Ele vai me enxotar da escola, tem muita coisa em jogo.
— Mas meu filho, um emprego não pode ficar acima da sua felicidade. — Seguiu falando mesmo que o homem não quisesse ouvir. — Encontre outro que você possa viver bem e com a mulher que você ama.
— Você só pode estar de brincadeira! — Começou a andar de um lado para o outro. — Se chegar no ouvido do diretor que eu fiquei com uma aluna, não conseguirei emprego em lugar nenhum.
— Pois você vai até lá e se antecipa, pede demissão antes que a doida que se diz sua namorada exponha você. — Ela se aproximou e parou diante dele. — Ou então você leva essa história por enquanto e procura um emprego sem ninguém saber. Quando conseguir, se demite sem dar satisfação a ninguém, mesmo que a doida tente, não vai ter credibilidade.
— Você falando parece até simples. — Disse baixo, já dando o braço a torcer.
— Meu filho, entenda uma coisa: nem todo dinheiro do mundo vai comprar a sua felicidade. Você pode estar agora em um emprego que paga muito bem e é bem visto, mas não está feliz.
— Tem muita coisa em jogo além do meu trabalho, Antônia. Gabriela estuda lá por causa do meu emprego, se você não sabe.
— Você acha que eu vou fazer questão de estudar lá sabendo que isso está impedindo você de ser feliz?
— Não é fazer questão, é que aquele é o melhor ensino do Rio de Janeiro, talvez seja até do país.
— Não importa, Micael. — Gabriela também se aproximou. — Não está te fazendo bem, olha essa bagunça! Se você ama a Sophia como diz que ama, merece viver isso, então deixa logo esse emprego e manda a Sueli catar coquinhos.
— Eu te amo, sabia? — Ele disse com um sorriso, já considerando aquilo. — Você é a melhor irmã que eu poderia ter.
— Eu sei disso!
**
Gabriela tentou o dia inteiro contato com o namorado, mas ele não fez questão de atender as chamadas. Estava em casa, trancado no quarto pensando naquela história e na mentira das duas.
Ao menos conseguiu falar com Sophia e pode tranquilizar o irmão ao avisar que não ia contar nada sobre o namoro dos dois.
Perto do horário marcado com Sueli, ele já estava saindo de casa, com uma expressão que parecia a caminho da forca. Gabriela e a mãe estavam no sofá e o olharam.
— Vai lá mesmo? — Gabi perguntou com um tom mais triste.
— E que opção eu tenho? Se eu não aparecer lá a maluca vai aparecer aqui. Ou pior...
— Boa sorte. — Ele soltou um suspiro.
— Até mais. — E saiu rumo ao seu destino.
O caminho até a casa de Sueli foi mais rápido do que gostaria, quando deu por si, lá estava ele tocando a campainha da casa da doida.
Como da outra vez, ela atendeu a porta vestida apenas com trajes íntimos, mas a reação de Micael não foi igual. Sueli o encarou esperando que os olhos saltassem as órbitas, mas só recebeu uma virada de olhos.
— Vai se vestir. — Disse antes mesmo de um cumprimento. — Isso não vai funcionar dessa vez.
— Você vai chegar aqui sendo ignorante?
— E por acaso você merece alguma coisa de mim senão ignorância? — Cruzou os braços e observou a mulher vacilar. — Se lembra da cena ridícula que você fez no almoço?
— Eu disse que não ia aceitar ser corna.
— Só que não fiz nada de errado. — Já estava perdendo a compostura, prestes a gritar na cara daquela doida. — Sophia é melhor amiga da minha irmã e as duas são cunhadas. Ela frequenta a minha casa.
— Faça-me o favor! — Bufou, já se alterando também. — Você acha que eu vou cair nesse conto da carochinha?
— Não interessa se vai cair ou não, o que importa é que eu estou com você obrigado, Sueli. Isso aqui não é e nunca vai ser uma linda história de amor.
— Não fala assim!
— E devo falar como? Se eu pudesse, nunca mais olhava na sua cara.
— Essa raiva toda é só porque eu mostrei o vídeo para o seu cunhadinho? — Ela pegou o robe e o vestiu, amarrando na frente com dois nós.
— Essa situação é ridícula, até onde você vai levar essa chantagem? Já te adianto que não vou me apaixonar, não vamos ser uma bela família feliz, com dois filhos e uma casa com jardim.
— Está sendo cruel.
— E você sem noção. — Parou um instante e respirou fundo. — Eu vou embora.
— Não vai! — Ordenou ainda mais irritada.
— Você ainda vai continuar com isso?
— Agora mais do que nunca, ninguém me humilha e fica por isso mesmo.
— Você mesma se humilha ao se sujeitar a isso. — Bufou e a mulher pouco ligou. — Acaba logo com isso, Sueli.
— Cala a boca, Micael. — Abriu o robe novamente. — Senta logo nesse sofá.
— Não estou no clima, querida. — Debochou e continuou de pé.
— Tudo bem, espera aí só um momento.
A mulher caminhou lentamente até a mesa de jantar sob o olhar cuidadoso de Micael. Ele a todo instante vigiava querendo saber o que ela faria após aquela rejeição.
Sueli pegou o telefone celular que estava em cima da mesa e voltou para perto de Micael com um sorriso no rosto.
— Adicionei o e-mail do nosso querido diretor nos meus favoritos. — Ameaçou com um sorriso bem aberto. — Veja se assim está bom.
Virou o telefone para Micael ler a mensagem e num instante ele ficou vermelho de raiva pronto pra esganar aquela criatura. Ele tomou o telefone da mão de Sueli e arremessou contra a parede com toda força que tinha. O frágil aparelho fez um som bem alto ao cair completamente inutilizado no chão.
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Feliz ano novo!!!
Que 2025 seja abençoado para todos vocês!
Obrigada por estarem comigo por todo 2024 e quero que continuem nos meus novos projetos para 2025.
Uma das minhas resoluções de ano novo é voltar a ser frequente aqui kkkkkkkk Pretendo cumprir, juro!
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...