— Onde você vai? — Gabi estava deitada na cama, lendo um livro de romance água com açúcar quando percebeu a amiga se arrumando demais. — Retocando a make quatro da tarde? — Fechou o livro e se sentou, claramente interessada.
— Eu vou sair desse quarto e ir até o refeitório buscar uma fruta ou o que seja, estou com fome.
— E precisa retocar para isso? — Disse ainda desconfiada.
— Claro, vai que eu esbarro no seu irmão pelo caminho? — Brincou e viu a amiga rir. — Eu preciso sempre estar linda, nunca se sabe.
— Você não estava decidida a ficar sem ele quando terminou na biblioteca? — Cruzou os braços e Sophia se lembrou da fatídica tarde. — Você muda de ideia tão rápido.
— Não estava decidida, apenas cansada desse termina e volta que ele proporciona. Queria apenas que ele dissesse que seria diferente, que enfrentasse as coisas, por isso me fiz de difícil, mas a diaba estava lá.
— Entendi. — Voltou a deitar e abrir o livro. — Traz uma maçã para mim, por favor.
— Pode deixar. — Mandou beijinhos e saiu corrida, já eram mais de quatro e estava atrasada.
**
— Vai me dar carona para casa! — Sueli surgiu atrás de Micael que se esgueirava pelos corredores a fim de se manter escondido da mulher. — Já está indo?
— Não.
— E o que tem mais para fazer aqui?
— Marquei reforço com alguns alunos do segundo ano para daqui a pouco. — Deu de ombros. — A prova de recuperação deles é amanhã e precisamos estudar.
— E você acha que eu vou acreditar nisso?
— É verdade, doida. — Virou os olhos tentando dar veracidade à história. — E fora isso, preciso conversar com a minha irmã que está arrasada por causa do término que você causou ao me expor para aquele moleque.
— Você causou quando me desobedeceu. — Ela corrigiu com um sorriso.
— Vai de táxi, Sueli. — A mulher suspirou e assentiu. — Obrigado por me dar uma folga.
— Não acostuma com paz não. — Avisou e lhe deu um beijo na bochecha, antes de sair desfilando como se tivesse numa passarela.
Micael esperou um tempo e então saiu correndo ao ponto de encontro, estava muito atrasado e esperava que Sophia não tivesse desistido. Quando a viu, sorriu no mesmo instante.
— Me desculpa, Sueli é um pé no saco, que mulherzinha insuportável. — Pediu ao se aproximar e Sophia deu de ombros. — Eu só quis garantir que ninguém ia nos ver.
— Eu cheguei quase agora. — Soltou uma risadinha. — Estava aqui pensando se você estava mais atrasado do que eu ou se já tinha desistido e ido embora.
— Jamais ia desistir de fazer isso. — Encurtou a distância e roubou um beijo. — Eu sou maluco.
— Acho que não é uma boa ideia. O cerco está se fechando.
— Eu vou dar um jeito de me livrar da Sueli, você vai conversando com seu irmão... Eu não posso é deixar de viver isso. — Falou enquanto segurava seu rosto com as duas mãos. — A Antônia me deu uma ideia... Vou procurar outro emprego por ai e quando achar eu peço demissão daqui no mesmo instante. Você não será minha aluna, aquele vídeo não vai importar.
— Não serei sua aluna, mas ainda terei dezessete anos.
— Você já vai fazer aniversário e isso não importa. Não vou terminar com você nunca mais, tudo o que eu mais quero é gritar para todo mundo que eu amo você.
— Nada de promessas, Micael, você anda muito enrolado com sua namorada para ficar me dizendo essas coisas. Quero dizer, eu não sou de ferro para aturar essa mulher pagando de sua dona para cima e para baixo.
— Ela acha que é minha dona. — Corrigiu. — Eu prometo que não toco nela mais.
— Claro que vai tocar, ela é sua namorada!
— Ela é chantagista, eu peguei ódio dessa mulher. — Afirmou com tanta veracidade que Sophia riu. — Estou falando sério, não vou ceder.
— Vai sim, quando você tiver dormindo na casa dela e ela estiver nua em cima de você. — Se livrou das mãos dele e se afastou. — Ela não vai desistir de você e se apertar a chantagem, você não terá opção.
— Então você não quer mais ficar comigo?
— Eu amo você. — Sorriu para o moreno que tinha uma expressão triste. — Mas o que eu disse antes, na biblioteca, continua valendo. Não dá mais para eu ficar sofrendo por você o tempo todo. Você diz que me ama, mas sua vida é uma bagunça, Micael.
— Por favor, eu juro que vou me livrar dessa chata.
— Eu não nasci para ser amante de ninguém, meu bem.
— Essa porcaria de namoro nem é real, isso nem vale. — Voltou a se aproximar dela e segurou suas mãos. — É você que eu amo e é com você que eu quero ficar. Juntos nós vamos conseguir acabar com essa palhaçada.
— Não vejo como.
— Mas eu já te disse como, eu vou sair desse emprego.
— Mas esse emprego é o seu sonho! — Disse um tanto chateada. — Você já me disse várias vezes que sempre quis dar aulas aqui.
— Meu sonho é você. — Largou uma das mãos e fez carinho em seu rosto. — Não estou feliz trabalhando aqui e não te tendo, prefiro trabalhar em outro lugar e poder assumir algo com você.
— É responsabilidade demais saber que você desistiu do seu sonho por mim. — Disse com uma pontinha de culpa. — E se eu sair da escola?
— Não vai adiantar, Sueli vai continuar podendo acabar com a minha vida.
— Essa mulher devia ser presa, até onde eu sei, chantagem é crime.
— Um crime mesmo é eu ter que ficar longe de você. — Voltou a se aproximar com um sorriso. — Eu sempre acreditei que a mulher da minha vida era a Mariana e depois que ela foi embora eu pensei que nunca mais amaria ninguém.
— Micael... — Ela até tentou protestar e sair de perto dele, mas o moreno a puxou pela cintura a deixando tão perto que ela até mesmo perdeu a voz.
— Eu não posso mais permitir que nada e nem ninguém separe nós dois. A começar por mim mesmo e depois pelo embuste da Sueli. — Sophia sorriu. — Vai ficar tudo bem, confia em mim!
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...