Capítulo 53

61 4 2
                                    

— Deixa de besteira. — Recomeçaram a andar. 

Os irmãos andavam dando risadas, mesmo que o assunto fosse difícil. No instante em que Sophia e Pedro se aproximaram dos dois, o clima pesou. Os quatro ficaram se olhando no corredor, em silêncio por algum tempo.  

— Pedro... 

— Gabriela, me poupe do que quer que você tenha para me dizer. 

— Você ainda está com raiva de mim? 

— Por quê? Por você ser uma mentirosa? Imagina... 

— Isso não é jeito de falar com mulher nenhuma, menos ainda com a minha irmã. — Micael se meteu e recebeu atenção do rapaz revoltado. — Não interessa se você está com raiva, fala direito. 

— Não vou aturar lição de moral de um tarado. — Respondeu com nojo e Micael virou os olhos, sem paciência. — Saiba que eu não contei ao meu pai e vou guardar o segredo aqui na escola, não por você, apenas pela minha irmã, mas a condição para isso é você ficar longe dela, está ouvido? 

— Estou. 

— Que ótimo! — Respondeu ainda irritado. — Se eu pegar vocês sozinhos em algum lugar, eu vou contar ao meu pai e ele acaba com a sua carreira com um estalar de dedos, professorzinho. 

— Pedro Henrique, você quer parar de fazer ameaças? Eu já não concordei com os seus termos? Já chega! 

— Estou apenas reforçando. 

— Está sendo desnecessário. — Sophia disse ainda brava. — E ele está certo, isso não é jeito de falar com a Gabriela, ela não é nenhuma mentirosa. 

— Vamos sair daqui. — Puxou a irmã pelo braço sem dizer mais nada. 

— Quem esse garoto acha que é? — Cruzou os braços e observou os dois se afastando, a certo momento Sophia puxou o braço com força e se livrou dele. — Mal saiu das fraldas e acha que pode falar comigo desse jeito? 

— Ele está com raiva de ter sido deixado por último, talvez se tivessemos confiado nele... 

— Ridículo. — Bufou. — Vamos sair daqui antes que eu dê de cara com a Sueli e o meu dia fique pior do que já está. 

Quando Gabriela entrou em seu quarto, Sophia já estava lá. A menina suspirou ao olhar a amiga se arrumando e logo recebeu um abraço apertado. Sophia se afastou para olhar nos olhos de Gabriela que parecia a ponto de desmanchar em lágrimas. 

— Pedro só está irritado, ele vai parar com isso. — Gabriela fungou e assentiu. — E mesmo assim, eu vou conversar com ele. Não interessa o que aconteceu, ele não pode falar como se você fosse uma qualquer. 

— É uma situação muito complicada, envolve muita gente. — As duas se sentaram. — Chantagem de todos os lados, parece que todo mundo quer mandar na vida dos outros.  

— Queria ter coragem de mandar todo mundo a merda. Quero dizer, eu amar o seu irmão é algo tão absurdo? Nós não podemos ser felizes porque ele é um pouco mais velho? 

— Tudo começou com a louca da Sueli. — Sophia levantou-se da cama e terminou de aprontar sua maquiagem. — Ele foi até a casa dela no sábado e os dois tiveram uma briga daquelas, disse até que jogou o telefone dela longe. 

— Eu duvido que ela vai se mancar. 

— Não vai, claro que não vai. — Gabi concordou, ainda jogada na cama. — Mas eu amei saber que meu irmão brigou com ela e não cedeu a chantagem. 

— Você não vai se arrumar? 

— Para quê? Não vou fazer a recuperação. — Implicou e Sophia deu de ombros. — Para nós que conseguimos uma boa nota, somente temos aula com ele no segundo tempo. 

— Claro, me desculpe por esquecer. — Mandou um beijinho no ar. — Vou correndo fazer essa bendita prova de uma vez, acabar com o tormento. 

— Vê se não agarra o professor. — Brincou enquanto observava a amiga sair correndo. 

Sophia parou de frente a porta e respirou fundo antes de entrar. Pediu licença e Micael concordou com um aceno de cabeça. A loira caminhou devagar para seu lugar no canto, bem longe dos poucos gatos pingados que estavam ali para fazer aquela bendita prova. 

Diferente da vez anterior, ela estava segura das respostas e Micael, que a todo momento não tirava os olhos dela, ficou aliviado ao perceber que respondia as questões se hesitar muito. 

Mesmo terminando rápido, a loira enrolou até que o penúltimo aluno saísse, queria trocar meia dúzia de palavras a sós, sem ter seu irmão vigiando. 

— Você já terminou tem meia hora. — Micael se aproximou e sentou na mesa. — Devia ter entregado e saído. 

— E você sempre libera os três últimos juntos, mas dessa vez não foi assim. — Ele sorriu da forma mais encantadora que podia e arrancou um sorriso de Sophia. — Quer falar comigo tanto quanto eu quero falar com você. 

— Eu quero. — Ele assumiu, sem saber bem o que dizer. — Podemos nos encontrar às quatro no jardim? Acha que consegue escapar do seu irmão? 

— E você acha que consegue escapar da Sueli? — Se encararam um instante antes de darem risadas. — Estarei lá. 

— Não conta para ninguém, nem para Gabi. — Sophia achou estranho, mas não questionou. — Ela já se prejudicou com o idiota do namorado por causa da gente, não vamos obrigar a garota a guardar mais segredos. 

— Às quatro. — Ficou de pé com um sorriso e lhe entregou a prova. 

Micael pegou a folha de papel e deu uma rápida olhada, sorriu ao ver todas as questões respondidas com a bela caligrafia de sua amada. 

— Às quatro. — Respondeu ao vê-la juntar as poucas coisas que tinha levado e sair da sala, logo voltaria para mais um tempo de aula com ele, mas naquele momento, precisava de ar ou iria agarra-lo ali mesmo.  

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora