Sueli o olhou assustada, não esperava aquela reação dele. Micael bufava tanto e a encarava com fúria que ela deu dois passos pra trás, afim de se afastar dele e do calor que sua raiva emanava.
— Para de me ameaçar com essa merda! — Sua voz escapou por entre dentes. — Já estou de saco cheio disso.
— Já te falei que o vídeo está na nuvem, então não adianta quebrar o meu celular.
— Adiantou sim, atenuou um pouco da minha raiva.
— Pois você vai me dar outro.
— É ruim!
— Vai sim, não adianta ter acesso de raiva, isso só me deixa com mais tesão. — Voltou a se aproximar dele e passou as mãos pelo seu peitoral. — Você é meu, Micael. Não tem para onde fugir.
— No início disso tudo eu não gostava de você, mas também não desgostava. Hoje, eu te odeio, Sueli.
— Odeia nada.
— Odeio e desprezo. — Disse olhando em seus olhos, com a voz mais fria que pôde. — Não vou transar com você, meu pau não vai nem ficar duro.
— Claro que vai, isso não depende de você. — Piscou um olho. — É uma reação biológica, com o estímulo correto ele fica e eu posso brincar.
— Você é mais maluca do que eu sequer sonhei. — Se afastou da mulher que ainda o alisava. — Me deixa em paz, mulher.
— Tudo bem, você hoje está muito chato! — Bufou. — Não vou exigir sexo de você, mas isso é apenas por hoje.
— Então eu vou embora.
— Não vai não, eu disse que não quero sexo, mas do jantar você não escapa. — Ele mais uma vez virou os olhos. — Você vai dormir aqui, gatão.
— Você precisa de um psiquiatra.
Aquela noite não foi agradável. Micael jantou com ela, mas não manteve um diálogo, optou por ficar em silêncio e isso enfureceu a mulher que não se deixou abater, apenas ficou em silêncio também.
Na hora de dormir, Sueli vestiu um baby doll justo e curto. Arrebitou o bumbum para o lado de Micael que nem deu muita atenção, apenas deitou e se virou para o lado oposto, encarando o abajur.
Na manhã seguinte, após o café ele finalmente conseguiu ir pra casa, nem Sueli aguentava mais o clima monossilábico entre os dois.
Ao chegar em casa, Micael não deu muita satisfação para mãe e para irmã, apenas foi para o seu quarto, quase não tinha dormido, precisava descansar de verdade.
O domingo se arrastou. Gabriela não conseguia falar com o namorado, ele não a atendeu em nenhum momento. Sophia até respondeu suas mensagens, mas ela não tinha muito o que dizer sobre como as coisas estavam na cabeça do irmão.
Na segunda de manhã, antes de irem para a escola, Antônia estava na sala com as malas feitas e uma careta.
— Eu vou embora. — Anunciou e Gabriela ficou triste no mesmo instante. — Vim só para uma semana.
— Mas mãe, nós nem passeamos. — Correu pra abraçar a mãe e Micael virou os olhos. — Fica mais uma semana.
— Eu tenho que ir, meu amor. — Apertou sua caçula. — Mas eu volto em outra oportunidade, não pense que ficarei afastada, mesmo que o seu irmão odeie me ter por perto.
— Você não tem noção do quanto odeio. — Respondeu com mau humor e deixou as duas sozinhas, indo para o carro esperar a irmã.
A despedida das duas foi com muito choro, mas não se prolongou muito porque as duas tinham horário para seguir. Antônia chamou um carro de aplicativo para ir até o aeroporto e Gabriela entrou no do irmão, que virou os olhos assim que a viu secando as lágrimas.
— Não faz careta para as minhas lágrimas, ela é nossa mãe!
— Sua mãe! — Ele reforçou e foi a vez dela fazer uma careta. — Essa mulher é uma estranha pra mim, Gabriela.
— Algum dia você vai ter que perdoar ela, Mica.
Ele ficou em silêncio, com o olhar concentrado na estrada e Gabriela viu suas veias saltarem quando apertou com força o volante. Seu maxilar estava trincado e a respiração pesada, o clima era péssimo naquele carro, Micael sempre ficava dessa forma quando o assunto era sua mãe.
— Não pode ter raiva para sempre.
— Não posso? — Desviou o olhar para irmã com um sorriso irônico e uma sobrancelha erguida. — Fica ai olhando para você ver como eu vou manter a raiva dessa mulher até o meu último dia de vida.
— Ela sabe que não fez certo deixando você com seu pai, ela vem tentando se redimir.
— Gabriela, advogado de pobre é intrujão. Da minha vida cuido eu, pode deixar que se em algum momento eu quiser, falo com ela.
A menina suspirou e encostou a cabeça na janela, um breve silêncio se deu antes dela voltar a olhar o irmão e puxar outro assunto tenso.
— Você passou o domingo todo fugindo de mim e não me contou como foi com a maluca no sábado. — Perguntou e Micael encarou a irmã quando parou no sinal. — Transou com ela de novo é?
— Isso também não é da sua conta.
— Minha melhor amiga ama você! O sofrimento dela é da minha conta.
— Sinto muito por toda essa confusão, não queria que as coisas tivessem acontecido dessa maneira. — Baixou a guarda e disse de forma sincera. — Eu e a doida brigamos feio, eu joguei o telefone celular dela longe e não, não transei com ela.
— Quebrou o celular? — Gabriela soltou uma risada que até contagiou Micael. — Nossa, ela deve estar louca.
— Estou cansado de ser chantageado, Gabi. E só tem uma semana. — Suspirou e então já estavam chegando na escola. — Eu até pensei em seguir o conselho da Antônia sobre procurar outro emprego, mas as coisas não são tão simples assim.
— E tem outra forma?
— Apertar o pescoço da Sueli até ela deletar o vídeo de todos os lugares possíveis? — Brincou ao estacionar e soltar o cinto.
— É um bom plano, mas eu duvido que você tenha coragem de bater em alguma mulher. — Os dois saíram do carro e começaram a andar para dentro da escola a passos curtos. — Se você quiser, eu bato. Pelo menos não dá em nada.
— Gabriela!
— O quê? Não acha que eu sou capaz? — Parou e colocou as mãos na cintura. — Meu amor, Sophia daria uma surra nessa mocréia em dois tempos, é só você deixar.
— Claro que não!
— Tá vendo, maninho? Você que complica.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...