12º CAPÍTULO

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- Vamos nos dividir! - Hayes gritou do quartinho onde havia ido pegar os produtos de limpeza e as coisas para começarmos a limpar - Como lá fora está mais sujo, quatro vão lá pra fora e dois ficam aqui dentro!
- Eu não fico lá fora - Matt foi até a sala para ajudar Hayes a trazer as coisas até o balcão da cozinha - Não quero nem saber, vou limpar aqui dentro... - os dois colocaram as coisas em cima do balcão e começamos a pensar.
- Ok! Eu e Vicky ficamos lá fora, somos mulheres, é natural sabermos limpar melhor - Ju nos ofereceu sem meu consentimento, mas como eu inventei aquela palhaçada de limpar tudo, não pude reclamar.
- As mulheres não são melhores que os homens - Cam olhou para Ju com olhar desafiador - Aposto com você que limpo melhor que as duas juntas!
- Olha meu caro, que fique claro que eu só aceito apostas que eu sei que vou ganhar - Ju correspondeu o olhar desafiador - É óbvio que eu aceito! Eu e Ju contra você e mais um dos dois de olhos claros, escolha!
- Escolhe o Nash, não to afim de limpar muito - Hayes já tirou o dele da reta - Estou com o Matt, a parte de dentro da casa vai ficar melhor que a de fora, não vou nem apostar!
- Como é que é Sr. Hayes? - olhei para Hayes desafiando-o - Aposto que a parte de fora fica melhor!
- Fala "dúvida"! - Hayes se aproximou de mim - Essa palavra é meu combustível, se disser, saiba que é certo que irá perder...
- Eu duvido! - falei em alto e bom som, dando pausa entre as sílabas, para ele compreender bem que aquilo era um desafio.
- Pra deixar tudo mais emocionante - Nash se atravessou - Temos uma hora para limpar tudo, começando... - deu uma pausa dramática - ...agora!
Todos se olharam e começaram a pegar as coisas da mesa, peguei alguns sacos pretos grandes, para recolher o lixo da grama, Ju pegou um balde, alguns panos e uma vassoura. Estávamos em sintonia, até acho que pensamos a mesma coisa, enquanto eu recolheria todo o lixo ela jogaria água aonde havia piso, para tirar as marcas de pisadas que estavam pretas de barro. Nem me perguntei de onde veio todo aquele barro.
Nash e Cam pareciam não estar se entendendo, pegaram umas coisas que não faziam sentido, como água sanitária, onde eles iriam usar aquilo? Comecei a rir da confusão que deveria estar na cabeça deles.
Matt e Hayes não estavam em sintonia, mas aí invés de pegarem coisas que não faziam sentido pararam e conversaram, aí sim se entenderam e dividiram as tarefas, como eu e Ju, a diferença é que fizemos sem combinar, o que já era uma prova de que a mulher era melhor que o homem, não só nisso, em muita coisa. Raciocínio rápido, trabalho sobre pressão, e muito mais.
Ju saiu pela porta da cozinha e eu fui logo atrás, com mais um rodo, para puxar a água e as sacolas.
- Amiga, vou começar a recolher os lixos das calçadas - disse já me abaixando para pegar os lixos.
- Vou enchendo os dois baldes de sabão e água, para poder lavar! - Ju disse retirando a mangueira que estava conectada a torneira.
- Beleza - falei um pouco alto, porque estava de costas para ela, e ela podia não me ouvir - Depois, enquanto você limpa as calçadas, recolho da grama, as milhões de bitucas de cigarro e esse mundo de copos e guardanapos!
Ju e eu não perdíamos a sintonia.
Eu já havia empurrado todo o lixo da calçada para a grama, achei que seria melhor e mais rápido, porque Ju já havia enchido os baldes e estava esperando, então empurrei tudo pra grama pra ela começar a limpar.
Os meninos finalmente saíram da cozinha.
- Olha, quero trocar de parceiro - Cam disse quando saiu atrás de Nash da cozinha - Não está dando... Não temos nada haver um com o outro - Cam parou de frente para Nash e eu e Ju paramos de fazer o que estávamos fazendo para ouvi-lo dramatizar - Não é você Nash, sou eu... Nunca ia dar certo entre nós!
Começamos a rir muito, chegou a doer o abdômen.
- Vocês são ridículos! - Ju disse rindo muito - Comecem a dar certo, ou vão perder de lavada de nós!
Ju continuava desafiando, mas ela não estava desafiando a mim ou a Nash, muito menos Matt e Hayes, estava diretamente desafiado Cam.
- Eu sozinho limpo melhor que vocês - Cam contribuiu ao desafio.
- Então tudo bem, é isso que veremos querido - Ju se virou e voltou a esfregar a calçada, e eu voltei a recolher o lixo.
Nash começou a recolher o lixo, do lado em que separamos mentalmente que seria deles, e Cam resolveu ajudar a recolher o lixo, achou que seria mais rápido.
Ju terminou de esfregar a calçada e foi até a torneira e conectou a mangueira novamente, para tirar o sabão.
Enquanto Ju já tinha limpado as calçadas e tirado o sabão, eu ainda estava recolhendo o lixo, em alguns momentos achei que estava fazendo aquilo devagar demais, mas não era isso, era tanto lixo espalhado, tanta bituca de cigarro... As bitucas de cigarro estavam atrapalhando meu trabalho, precisava recolhe-las mais rápido.
Parei o que estava fazendo e comecei a pensar.
Tinha uma casinha, bem no final do terreno, eu não a tinha notado antes, estava mais pra um cômodo, para guardar tralhas, fui em direção da mesma, para ver se achava alguma coisa para poder agilizar meu trabalho. Quando abri a porta, dei de cara com várias ferramentas, uma moto - ou o que sobrou dela - que provavelmente estavam tentando montar, e então comecei a ver materiais de jardinagem, vi um rastelo, e meu veio uma luz, se eu puxasse toda a sujeira para um canto, ficaria mais fácil de recolher, então peguei o rastelo e sai de lá feliz da vida.
- Você resolveu explorar enquanto eu limpo, que bonito! - levei um susto quando sai, dei de cara com Ju, ela estava com a mão na cintura batendo um dos pés no chão, em sinal de brabeza, o susto foi tão grande que dei dois passos para trás e acabei caindo por cima do projeto de moto, que foi junto comigo para o chão, senti meu corpo todo começar a doer.
- Ai... - gemi, ainda atirada por cima da moto.
- Meu Deus amiga! - Ju começou a rir muito - Como você é otária... - começou a ficar sem ar de tanto dar risada - Eu vou morrer! - Ju estava se curvando com as mãos apertando o abdômen, como sinal de que estava doendo muito.
- Caralho Julie! - gritei - Por que você fez isso? - comecei a tentar levantar, mas meu corpo estava doendo.
- Eu não fiz nada! - Ju continuava rindo, quase que não conseguiu completar a frase.
- Você pode me ajudar? - falei com voz firme.
- Claro... - Ju continuava rindo, mas estava tentando me levantar, eu estava torta por cima da moto.
Ouvi passos chegando de pressa, sabia que eram os meninos, e não queria que me vissem naquele estado, mas não deu tempo de levantar e fingir que nada havia acontecido.
- O que aconte... - Cam não terminou a frase - Aí meu Deus, ele vai parir um dinossauro se ver isso!
Cam se virou e tapou a corta com uma pose ridícula.
- O que houve? - ouvi a voz de Nash - Cara, sai da frente, antes que eu te tire! - o tom da sua voz mudou.
- Se você me ama... - Cam foi tirado da porta - ...não vai entrar aí! - era tarde demais, Nash estava lá dentro já, e eu estava caída sobre a moto ainda, Ju estava sem força pra me ajudar a levantar, de tanto rir, e meu corpo estava dolorido demais para levantar sozinho.
Não sei o que me deixou com mais vergonha, se foi o fato de ter destruído o projeto de moto, que deveria ser do Nash, ou de estar de camisa e cueca, suja de graxa encima do que parecia ser filho de Nash, não consigo nem descrever a cara dele quando me viu ali, na verdade ele nem me viu, estava totalmente focado nas peças espalhadas, no retrovisor quebrado e nas coisas reviradas. Ele se aproximou de mim em um passo, esticou a mão e me puxou para cima.
- Me desculpa... - fiz o melhor que pude, não sabia o que falar para ele não me odiar.
- Melhor sairmos daqui... - ouvi Cam falando atrás de mim - O negócio vai ficar complicado... - pegou no braço de Ju e a tirou dali.
Fiquei parada olhando para Nash, enquanto ele olhava para a moto, ou o que sobrou dela.
- Nash, eu pos... - fui interrompida, Nash só levantou a mão, em sinal de "cale-se".
- Não fale nada! - sua voz não tinha nada, nem raiva, nem dor, não consegui decifra-lo pela voz, precisava ver seu rosto para entender o que ele estava sentindo no momento.
Ele se abaixou e colocou a moto em pé. O estrago foi grande, os retrovisores além de quebrados, estavam tortos, e não só eles, várias peças estavam tortas. Ele passou para o outro lado, e fiquei só observando, se abaixou novamente, pegou umas peças do chão que pareciam roscas.
- Quebrou! - falou, mas não foi para mim, foi um pensamento alto.
- Me descul... - tentei novamente.
- Para de pedir desculpa! - ele jogou as peças no chão - Isso não vai mudar nada. - aumentou o tom de voz, e agora sim, pude perceber que ele estava muito irritado.
Ele estava agindo como se eu tivesse feito aquilo de propósito, entendo que ele esteja magoado por eu ter quebrado aquilo que ele chamava de moto, mas eu não fiz porque quis, foi um acidente, ele parecia uma criança, e eu não iria deixá-lo falar daquele modo comigo.
- Escuta aqui... - aumentei o tom de voz, para ele perceber que não aceitava o que ele estava fazendo. Ele tentou me interromper novamente - Não me interrompa, você vai ouvir, querendo ou não! - ele se calou - Você está agindo como se eu tivesse feito isso de propósito, e você sabe que não foi.
- Você realmente não entende né? - ele se aproximou de mim - E nunca vai entender... Você tem essa vidinha perfeita, não vai entender o quanto isso aqui - aponto para a moto - significa para mim!
- Vidinha perfeita? - ele passou dos limites, aquilo era só um lixo de moto, com o dinheiro que os pais dele tinham dava para comprar a melhor moto do mundo - Se você acha que morar só com três empregadas, desde os dez anos, com seus pais viajando pelo mundo a fora, enquanto você não tinha ninguém, porque eles mandaram sua irmã mais velha para um internato quando você tinha seis anos e que a culpa disso era exclusivamente sua é uma "vidinha perfeita", sim, eu tenho uma "vidinha perfeita".
Virei de costas, para sair daquele lugar, antes que falasse coisas de que me arrependesse depois.
- Espere! - Nash falou antes que eu saísse - Eu exagerei...
Fiquei parada de costas para ele, esperando para que ele terminasse de falar.
- Não queria ter dito aquilo! - completou.
- Já falou! - retruquei, ainda de costas para ele - Depois me passa o valor dessa tralha, que eu pago... - depois que disse isso, senti o peso de minhas palavras, não deveria ter dito.
Me virei para Nash e ele estava cabisbaixo, olhando focadamente para o chão.
- Eu não quis falar isso... - me aproximei dele.
- Já falou! - retrucou e olhou diretamente em meus olhos.
- Me desculpa, eu deveria ter medido as palavras... - tentei me desculpar novamente.
- Relaxa, é só tralha....como você disse! - ele saiu de perto de mim e foi em direção a uma prateleira pegar alguma coisa.
- Nash... - baixei o tom de voz, para demonstrar trégua - Por favor...
Ele ficou ali, parado de frente para a prateleira, não virou para me ouvir, foi como se ele não quisesse me ouvir.
- Sai daqui... - Nash falou baixo, seu tom irado passou para um tom de voz magoado - por favor, me deixe sozinho um pouco.
Fiquei pasma com o pedido. Por um momento pensei em sair dali, mas em questão de segundos resolvi parar de me esconder e enfrenta-lo.
- Não, eu não vou sair daqui! - na minha cabeça me via falando isso com mais firmeza, mas não foi bem assim.
Me aproximei de Nash, que ainda estava parado de frente para a prateleira, peguei em seu ombro e o puxei para vira-lo de frente para mim.
- Olha, eu não sei o que isso - apontei para a moto - significa para você, mas eu não fiz isso de propósito, e também não falei aquilo porque quis, foi um momento de raiva! Já te pedi desculpas, vou pedir mais mil vezes e não vou sair daqui até que você fale comigo.
Fui firme, para deixar claro para ele que não iria sair dali até que me desculpasse. Nash ficou parado, não olhou para mim em nenhum momento, ficava desviando o olhar. Passaram-se alguns segundos e ele não pronunciou nenhuma palavra, então decepcionada pelo falo de não me desculpar, virei-me para começar a caminhar a caminho da porta.
- Me desculpa - Nash segurou meu braço e me puxou de volta para sua frente - Eu fui um idiota com você!
Ficamos nos olhando fixadamente nos olhos e senti meu coração acelerar, eu estava perto demais dele, nunca estive tão perto, e seu toque me arrepiou, me fez respirar pesado. Sua boca começou a se aproximar da minha, eu não sabia o que fazer, não sabia o que pensar, nesse momento meu tão glorioso cérebro pifou, parecia aqueles macaquinhos que batem pratos, porém meu macaquinho estava jogado no chão, nem bater o prato ele estava conseguindo. Muita pressão. Muitos sentimentos. Hayes. Pensei nele. Minha mente estava em Hayes, então me afastei. Deixei ele lá, com a boca levemente aberta, a espera de um beijo.
- Ãh... - mexi no cabelo para disfarçar - ...eu não sei o que falar...
- Não precisa falar nada - Nash deu uma risadinha para disfarçar - Já entendi!
- Não Nash - me aproximei novamente dele, mas não muito, para não correr o risco - Não é isso... Eu quero, mas...
Não. Não acredito que falei aquilo. Eu estava pirando? Não era possível, eu admiti que queria beija-lo? Por favor que tenha sido um sonho!
- Ta, agora eu não entendi - Nash me olhou com olhar safado - Você quer me beijar... Não beijou por que então? - deu um sorriso de canto.
- Chega! - coloquei as mãos no rosto e me virei para esconder a vergonha de ter revelado aquilo - Vamos falar do que realmente importa? - me virei para ele, mas já estava mais distante dele - Você vai me contar o que isso - apontei para a moto - significa para você?
- Ok! - ele riu da minha timidez e da tentativa terrível de mudar de assunto - Vou contar tudo que você quiser...
Olhei para ele, que estava sorrindo para mim com malícia.
- Comece com a importância desse projeto de moto! - retribui o olhar.
- Bom, não é uma coisa que eu gosto de falar - ele deu uma pausa dramática - Mas lhe disse que iria contar, então vamos lá... - outra pausa - Essa moto, ou o que sobro dela, era do meu irmão, estou tentando consertar, para ele!
- Mas por que Hayes não conserta? - fiquei confusa, Nash não parecia fazer o papel do irmão amoroso que ajuda o irmão mais novo.
Vi sua face se fechar, então abaixou a cabeça.
- Não... - fez uma pausa - Hayes não, Will!
- Você tem outro irmão? - perguntei.
- Tinha... - sua boca tremeu.
- Me desculpa! - entendi tudo.
- Tudo bem, acho que já está na hora de falar sobre isso com alguém... - me olhou e vi que lágrimas iriam brotar de seus olhos a qualquer momento.
- Você pode falar o que quiser comigo, Ju sempre diz que sou uma boa ouvinte! - tentei quebrar aquela barreira que estava se erguendo em volta de Nash.
- Bom... - ele se sentou em um banco que tinha lá e eu sentei-me ao seu lado - ...foi a oito meses... - eu senti que ele não estava bem, e que não seria fácil para ele falar aquilo, então o abracei de lado, e apoiei minha cabeça em seu ombro, para tentar deixá-lo mais confortável, ele retribuiu meu toque e colocou sua mão em minha perna, recuperou o fôlego e tornou a falar - Will era piloto de motocross, era sua centenária corrida, ele estava muito feliz, e eu estava muito feliz por ele! Ele corria desde os 10 anos... Mas minha mãe disse para ele, aquela manhã, para não correr, porque havia tido um sonho, e que ele sofria um acidente terrível e se machucava muito... Ele não deu ouvidos, e eu... Eu, que não deveria me meter... Falei para ela relaxar, porque ele já havia feito aquilo noventa e nove vezes!
Ele parou e colocou as mãos nos olhos.
- Continue... Coloque isso pra fora, está te torturando! - o abracei mais forte, para mostrar que estava ali com ele. Ele sorriu para mim, com lágrimas nos olhos, mas sorriu.
- Ele foi para a corrida, e somente eu fui vê-lo correr! Minha mãe não foi, por causa do sonho doido dela, meu pai estava trabalhando, e também não fez diferença, ele nunca ia ver Will correr, não aceitava, nunca aceitou, queria que Will fizesse faculdade e "fosse alguém na vida", mas Will era alguém, ele era o melhor piloto que eu já tinha visto correr. Hayes tinha um jogo no dia, então também não foi. Quando chegamos lá, Will foi cumprimentar o que ele chamava de "fãs", e eu chamava de "garotas taradas", enquanto fui checar sua moto na cabine que estava guardada. Quando estava chegando perto da cabine, vi dois caras, com uniforme da equipe rival de Will, saírem. Entrei rapidamente, esperando ver a moto totalmente destruída, mas ela aparentava estar normal. Will entrou logo atrás de mim, e me perguntou o que eu estava fazendo, tentei explicar que vi os dois da outra equipe saindo, mas ele insistiu que era coisa da minha cabeça, por culpa do sonho maluco de nossa mãe! Fiquei tentando explicar para ele que não era coisa da minha cabeça, mas ele não aceitava, ouvimos o sinal que indicava que os pilotos deveriam ir para suas marcas e ele saiu, me deu um abraço e só disse "a gente se vê daqui a pouco, quando eu ganhar minha corrida centenária" e saiu empurrando a moto. Como sou parente, pude ficar perto perto da grade que separava os torcedores dos corredores. Fiquei lá, fascinado, olhando meu irmão, meu herói. Então aconteceu, o que no fundo, eu já esperava! Era a terceira volta, faltavam duas para Will ganhar, e ele estava em primeiro lugar... Começou a perder velocidade e os outros corredores começaram a ultrapassa-lo, então um deles acertou em cheio sua roda traseira, fazendo-o perder o controle e cair, ele deslizou uns vinte metros antes de parar totalmente, ainda haviam cinco pilotos atrás dele, passaram por cima dele, e caíram logo um pouco mais a frente, o tanque de Will começou a vazar, mas não foi muita gasolina que vazou, seu tanque havia sido sabotado pouco antes dele entrar na corrida, e os culpados eram aqueles dois que vi saindo da cabine, mas o pouco de gasolina que vazou foi o suficiente para fazer a moto pegar fogo... Nesse momento eu fiquei em choque, olhando, sem conseguir acreditar no que estava acontecendo! Will estava com a perna presa na moto, e o fogo estava alto, os bombeiros, policiais e os caras das ambulâncias não conseguiram tirar Will, um único bombeiro fez algo inteligente, veio com a mangueira do carro de bombeiros e apagou o fogo! Will foi levado para a ambulância, junto com um dos bombeiros que tentou erguer a moto, mesmo com o fogo alto e acabou se queimando. Fui correndo atrás, desesperado! Will morreu na ambulância a caminho do hospital, com oitenta por cento do seu corpo queimado, mas antes de morrer ele me disse uma coisa, a frase que não fez sentido para mim, durante muito tempo, para falar a verdade, começou a fazer sentido a poucos meses, ele me disse "Cuide da Athena", eu olhei para ele, que estava com o rosto todo queimado e quando fui perguntar "quem é essa?", seus olhos se fecharam, e eu sabia o que significava!
Ele parou de falar, e uma lágrima escorreu em sua bochecha. Levantei do seu lado e me abaixei em sua frente, limpei a lágrima em sua bochecha com a manga da camisa.
- Quem é Athena? - ele precisava falar, pude perceber a cada palavra que saia de sua boca que estava tirando um peso de suas costas.
- Athena é ela - apontou para a moto, depois segurou meus braços e me levantou junto consigo, pegou na minha mão e me levou para o lado da moto, apontou para o tanque de combustível, que estava escrita a mão "Athena" - Essa é a letra dele... Eu demorei muito pra entender o que Will queria me dizer, ele queria que eu cuidasse de seu maior bem! Eu só descobri que era isso, porque um dia fui limpar a piscina e vim aqui pegar o cloro, e comecei a ver as peças da moto, que fiz questão de guardar como lembrança, e que já tinha esquecido, então o tanque, que estava naquela prateleira - ele apontou para uma prateleira no alto de uma estante - caiu em cima de mim, do nada, não havia vento, e não existe vento que derrubaria esse tanque, ou que moveria a estante, então comecei a admira-la, e vi o escrito, aceitei como se fosse o próprio Will que tivesse jogado aquele tanque em mim - abriu um riso forçado - então comecei a montá-la!
O abracei por trás e comecei a lacrimejar, nunca passou pela minha cabeça que Nash, pudesse ter sofrido tanto a tão pouco tempo. Ele começou a acariciar meu braço e se virou de frente para mim.
- Me desculpe por ter chamado de "tralha", eu estou me sentindo péssima! - o abracei de novo, pra esconder as lágrimas.
- Hey - ele me afastou de seu corpo e ergueu meu rosto para olhar em meus olhos - Não chore, por favor! - ele secou as lágrimas em meu rosto - Eu amo seu sorriso, desde aquela festa besta de meus pais!
Sorri para Nash involuntariamente, ele tinha esse poder sobre mim, que eu não conseguia explicar, só havia visto ele três vezes, e parecia que o conhecia a anos.
- Eles foram presos? - perguntei - Aqueles que sabotaram o tanque?
- É isso que me conforta... - Nash sorriu para mim - Pude provar que eles sabotaram, pois havia uma câmera do lado de fora, e pegou eles entrando e saindo, o Juiz do caso entendeu como sabotagem e eles vão apodrecer na cadeia!
- Isso é bom, não é? - olhei para ele, que parecia tão aliviado.
- É maravilhoso! - ele abriu um leve sorriso, sem mostrar os dentes.
Ficamos parados ali por alguns segundos, até que quebrei o silêncio.
- Acho melhor irmos - apontei para a porta com a cabeça - estamos no meio de uma aposta ainda... E quero ganhar!
Ele sorriu e começamos a caminhar até a porta, quando chegamos na porta ele segurou minha mão e me virou para si.
- Vicky... - deu uma pausa - obrigada! Eu realmente precisava disso!
Eu sorri e o abracei. Ele retribuiu, com um abraço forte, que demonstrava conforto.
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