24º CAPÍTULO

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- Acorda! Acorda! - Ju estava pulando na cama e gritando - É sexta-feira!
- Garota... - gemi, minha voz saiu abafada, pois estava de barriga para baixo - qual seu problema?
- Você que tem problema... - Ju se jogou em cima de mim, e ficou deitada em mim - Tracy viaja hoje... - cochichou em meu ouvido - Liberdade!
Eu havia esquecido que estávamos sozinhas. Nesse momento não pude conter a alegria, eu queria sair correndo e pulando. Comecei a comemorar com Ju, mas comemorar em silêncio, igual em filme, quando duas pessoas começas a pular e se mexer sem deixar nenhum som sair da boca.
- Não acredito que isso esteja acontecendo mesmo! - a única coisa que consegui falar.
- Vamos, precisamos correr para a escola, quero que o dia chego as seis logo... - Ju me puxou para dentro do banheiro, onde pegou sua escova de dentes e me alcançou a minha - Ash vai embora, e então estamos livres! Preciso ver Cam!
Ju estava muito empolgada, quase não conseguiu esconder isso de Tracy. Mas eu apertei a mão dela firme quando Tracy veio até nós dar o mesmo sermão. Eu sei que deveria ser eu a pessoa que segura os freios de Ju, mas esse final de semana ia ser diferente, eu estava sentindo.
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- Tchau Ash, bom fim de semana... - estava no quarto quando ouvi Ju se despedir de Ash - Melhoras para sua mãe... Até segunda!
Não demorou dois segundos e Ju estava no quarto comigo. Começamos a pular e gritar de alegria.
- Nossos celulares! - Ju travou - Reze para Tracy não ter levados eles juntos... - Ju saiu da cama em um salto e correu em direção ao quarto de Tracy.
- Como assim Ju? - corri atrás dela - Você sabe onde ela escondeu?
- É óbvio que eu sei! - Ju virou para mim, não acreditando que eu perguntei aquilo - Ela é previsível.
Ju abriu o quarto de Tracy e foi em direção ao guarda-roupa, abriu as portas que ficavam os casacos e roupas de cabide, mexeu em uns três casacos, colocou a mão no bolso de um deles e "vuilà", lá estavam nossos celulares.
- É por essas e outras que eu te amo! - corri e abracei Ju.
- Preciso falar com Cam! - Ju tentou desbloquear o celular, mas estava sem bateria - Droga!
Corremos até o quarto, colocamos os celulares para carregar e ligamos o rádio no ultimo volume. Dançamos, para esperar os celulares ligarem para conseguir ter contato com qualquer um dos meninos, e também porque precisávamos por pra fora toda aquela ansiedade.
- Ligou! - Ju pulou quando ouviu o celular apitando, chegando mensagem, correu até o celular para ver de quem era - Operadora... Operadora... Operadora... Cam! - seus olhos brilharam.
- E o que ele está falando? - parei ao de lado.
- "Eu preciso te ver! Não sei explicar o tamanho da saudade, nem o que sinto por você, só sei que te necessito." - Ju leu em voz alta e nós duas fizemos um "ounti" juntas.
Cam era fofo e Ju gostava dele, não existia outro casal no mundo que eu torcia tanto para dar certo.
- Responde ele logo... - falei - Diga que pode vê-lo hoje!
- Não amiga... - ela hesitou - Não podemos sair.
- Para com isso Julie! - não estava acreditando que Ju estava com medo das consequências, eu era a pessoa que deveria estar com medo.
- É sério Vicky, não posso arriscar... - ela se sentou na cama - Não posso arriscar perder Cam...
- Amiga... - sentei ao seu lado - Não vai acontecer nada! Saia com ele, você quer vê-lo, e ele quer te ver.
- Não - ela levantou e caminhou um pouco pelo quarto, tentando esclarecer - Eu não vou te deixar sozinha...
- Você realmente está com medo? - eu não conseguia acreditar no que estava vendo.
- Estou! - ela parou - Estou apavorada!
- Por que? - perguntei.
- Porque eu quero ir vê-lo, mas tenho medo de acontecer algo e eu for deportada e nunca mais vou o ver... - ela estava quase chorando, seu coração estava em conflito com seu cérebro - Estou com medo dele já ter conhecido outra garota, e esquecido de mim... Essa mensagem é velha, de dias... Ele pode estar saindo com outra garota, ou até mesmo com outras...
- Então vá vê-lo! - parei na sua frente para tentar acalma-la, ela não sabia se agia com a razão ou com o coração - Você confia em mim? - ela coincidiu com a cabeça - Eu te prometo que nada vai acontecer! Vai curtir com ele, se divirta, eu estarei aqui em casa, qualquer coisa me ligue, eu te socorro...
- Eu te amo, Vicky! - ela abriu um sorriso que ocupava o rosto todo e me abraçou muito forte.
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Ju já havia saído de casa e eu estava sozinha. Aquela casa era assustadoramente grande, ainda mais só.
Uma sexta a noite e eu estava absolutamente nada. Mas Ju precisava de apoio, então pela minha amiga, vou ficar em casa. Se ela me ligar e precisar de socorro urgente e eu não estiver em casa, ela nunca mais confiaria em mim e eu quebraria uma promessa.
Acabei me perdendo em meus pensamentos, observando a casa totalmente escura, vazia e fria. Fiquei sentada no sofá da sala, com meu notebook, o bom e velho companheiro. Assisti a um filme e antes mesmo dele terminar peguei no sono.
Só percebi isso quando acordei assustada com batidas na porta.
Levantei meio recuando, olhei no celular para ver que horas eram, era quase uma da manhã, quem viria aqui uma da manhã?
- Quem é? - perguntei, com a porta fechada.
- Abre a porta, está frio aqui fora! - era a voz de Nash que vinha do outro lado da porta.
Peguei a chave, que estava presa no chaveiro e abri a porta as pressas.
- O que está fazendo aqui? - questionei - Enlouqueceu?
- Sim, estou louco por você! - ele partiu para cima de mim e começou a me beijar.
Empurrei a porta com as pontas dos dedos, para fecha-la. Nash estava me beijando, um beijo quente, eu senti desejo de me entregar a ele, como eu nunca senti.
- Nash... - tentei me afastar - E se eu não estivesse sozinha? Se Tracy te visse, minha vida acabava!
- Relaxa... - ele me soltou e se jogou no sofá - Ju me disse que estaria sozinha, eu não iria vir aqui se não tivesse certeza disso!
- Ju? - foi uma pergunta besta, era óbvio que Ju iria avisa-lo - Esquece... - me sentei ao seu lado.
- Então... O que faremos hoje? - quando ele fez essa pergunta, meu coração disparou, eu queria me entregar para ele, só não queria que ele fosse tão direto.
- Co-como assim? - transpareci nervosismo.
- Você não acha que estou perguntado sobre aquilo, né? - ele me olhou e percebi que ele queria rir e eu não respondi a pergunta - Você acha que estou me referindo a sexo? - ele começou a rir e eu fiquei totalmente sem jeito.
- Não está? - não sei porque perguntei isso, quis me enterrar no momento.
- Não! - ele ainda estava rindo - Me referi, exatamente, ao que faremos essa noite, quer sair? Beber? Olhar filme? Jogar alguma coisa?
- Ah, é isso... - cocei a nuca - Você escolhe!
- Vicky, você consegue ser mais besta a cada dia... - ele começou a rir de novo - Se eu quisesse transar com você, eu não iria perguntar, iria me aproximar de você - ele se aproximou de mim - Afastar deu cabelo do rosto - ele afastou meu cabelo - beijaria sua nuca, até te fazer querer me beijar - ele começou a beijar minha nuca e eu inclinei minha cabeça, inconscientemente, para beijar sua boca - E, por final... - ele sorriu entre os beijos, me puxou para cima de si.
Em questão de segundos eu estava em cima dele, que estava sentado ainda, o beijando e o desejando, o calor tomava meu corpo, e senti que ele estava fervendo também, sua mão estava em minha bunda, e pude sentir, sem usar as mãos, o membro inferior dele me tocando. Me afastei dele por segundos e tirei sua camiseta. Ele tirou a minha. O calor aumentou. Minha respiração ficou pesada. Nossos corpos estavam se tocando, e eu não resistiria, iria me entregar.
Meu celular tocou. Parei de beijar Nash, encostei minha testa na dele e deixei transparecer tristeza, pelo celular ter tocado.
- Não atende! - Nash sugeriu.
- É a Ju... - mostrei a tela do celular para ele - preciso atender.
Fiquei sentada em cima de Nash e atendi. Nash ficou me olhando, me deu alguns beijos pelo rosto, pescoço.
- Oi amiga, está tudo bem? - eu estava ali com Nash, posso não ter demonstrado preocupação, mas Ju não me ligaria se não tivesse ocorrido alguma coisa grave.
- Não, Vicky, se acalma - ela deu uma risadinha, porque percebeu minha preocupação pelo tom de voz - Só liguei pra avisar que vou dormir na casa do Cam, amanhã irei direto para o jogo, leva minha roupa, ok?
- Tudo bem, levo sim... - a preocupação passou - Ok, também te amo!
Desliguei, olhei para Nash que estava sorrindo para mim. O clima quebrou totalmente, não sei mais de queria fazer aquilo.
- Que tal um filme? - Nash sugeriu, acho que ele viu em minha cara que eu não estava mais no clima.
- Um filme, está perfeito para mim! - eu o beijei e sai de cima dele - Vamos para meu quarto...
Peguei minha blusa, e sai andando, Nash veio logo atrás. Travei no meio das escadas, desci correndo, porque havia esquecido de trancar a porta, Nash ficou me esperando. Voltei ao seu encontro e o beijei. Enquanto subíamos as escadas, a única coisa que passava em minha mente era "o que estou fazendo?".

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