52º CAPÍTULO

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O dia mal amanheceu e já estávamos de pé, o que não podia ser considerado "acordar cedo", já que não dormimos.
O vôo era as sete, então cinco da manhã já havíamos levantado, tomado banho, café da manhã, e estávamos esperando alguém nos levar para o aeroporto.
Eu já havia chorado tanto, que nenhuma lágrima mais se escorria. O clima de tristeza pairava pelo ar. Toda casa estava tomada de lágrimas e tristeza.
Tracy não saiu do quarto, pensei que ela nem de despediria de nós. Então ouvi a porta de seu quarto se abrindo.
Eu e Ju estávamos sentadas no sofá da sala, aguardando qualquer ordem. Tracy desceu as escadas sorrateiramente, aparentemente para não acordar os meninos.
Quando vi seu rosto, inchado de chorar, pude perceber, na hora, que ela também não havia dormido, que sua noite também foi horrível, que ela também estava sofrendo.
- Me desculpem... - foi tudo que Tracy conseguiu falar, parada em nossa frente, antes de começar a chorar.
- Tudo bem Tracy, você fez o certo... - tentei acalma-la, por mais que estivesse com uma pontinha de raiva dela.
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Uma mulher, de uns quase sessenta anos, nos buscou em casa, para levar ao aeroporto. Durante todo o caminho, um filme de tudo que aconteceu durante todos os dias ali, passou como em minha mente. Momentos tristes e felizes. Desde o primeiro "oi" a Tracy, até o "tchau" aos meninos.
Essas lembranças me fizeram chorar, sem nem ao menos perceber. Lembrar do que aconteceu com Matt, de todas as cicatrizes físicas e emocionais deixadas nele, me fizeram pensar o quanto amo cada um deles, e o quanto são partes de mim.
Sentirei falta deles.
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Chegamos no aeroporto quase seis horas, já havíamos feito tudo que era necessário, agora só restava esperar para partirmos.
Comecei a ficar triste, pensando que nenhum deles iria vir se despedir. Mas Ju me garantiu que Cam já estava acordado, e, provavelmente, a caminho. Fiquei me perguntando todos os segundos, se Nash viria.
Depois que eles chegaram, foi mais rios de lágrimas. Dei um abraço longo em Izzie. Pedi desculpas a Matt, por tudo que fizemos acontecer com ele. Agradeci a Cam, por fazer Ju feliz. Então vi Hayes...
- Como você está, marreta? - Hayes sorriu e me abraçou.
Por segundos me perdi em seus braços.
- Estou bem... - menti.
- Onde está Nash? - Ju perguntou.
- Bom... - Cam coçou a nuca - Quando cheguei para buscar Hayes ele não estava em casa... Pelo visto nem dormiu lá, e não recebo notícias dele, desde ontem. Ele não atende minhas ligações, nem responde minhas mensagens... Não sei o que está acontecendo!
- Tudo bem! - sorri - Não preciso dele para me sentir bem, estou com os melhores amigos que a vida podia me dar... - certamente menti, mas dessa vez para mim mesma, porque precisava de Nash.
Depois de muitos abraços, muita risada relembrando tudo que aconteceu, e as diversas brigas que tivemos, mas que sempre voltávamos atrás, estava na hora de partir.
Faltava meia hora para nosso avião partir, e a mulher que estava de nossa responsável, havia deixado bem claro, que meia hora antes do avião partir, deveríamos voltar a sala onde ela tinha nos deixado. Então a tristeza tornou a bater.
- Izzie... - abracei ela - Volte para casa comigo!
- Não posso! - Izzie respondeu - Lá não é minha casa, não posso voltar...
- Eu cuidarei dela! - Matt sorriu e me abraçou - Se cuide, tente não se meter em furada, não estarei lá para te buscar na cadeia...
- Obrigada por tudo Matt! - o abracei muito forte - Cuide da minha irmã, até eu voltar.
Eu estava segurando o choro, porque não queria mais chorar. Cheguei perto de Hayes, que estava uns cinco metros afastado dos outros.
- Você terá que achar outra pessoa para poder brigar... - ri, mas queria chorar.
- Você é insubstituível! - ele me abraçou.
- Não torne as coisas mais difíceis, por favor! - sequei a única lágrima que conseguiu escapar.
- Vicky, eu só quero deixar claro, que  não importa o que aconteça, nem quem apareça em minha vida, você sempre será meu primeiro amor e sempre será minha melhor amiga! - Hayes disse olhando em meus olhos.
Não consegui respondê-lo, só consegui o abraçar muito forte e deixar algumas lágrimas escaparem.
Fui até Cam para me despedir, aproveitando que Ju não estava o agarrando.
- Então seu chato... - sorri, com o rosto inchado.
- Vou ter que achar alguém para me aconselhar, enquanto você estiver fora! - Cam me abraçou forte.
Ele não era muito bom em demonstrar sentimentos, mas ali, pude sentir que ele se importava comigo também.
- Faz um favor para mim? - pedi - Diga a Nash que sinto muito pelas coisas terem terminado assim e que mandei um beijo...
Cam olhou pensativo por cima de meus ombros.
- Não! - respondeu, curto e grosso.
- Por que? - me espantei.
- Porque não estou afim... - ele sorriu - E você pode falar isso para ele...
Meu coração gelou, pensei que Cam estava brincado, mas quando me virei, vi Nash parado a uns vinte metros de mim, só me olhando.
Corri até ele, pelei em seus braços e o abracei com os braços e pernas. Quis o prender em mim, para nunca mais nos separarmos. Ele retribuiu o abraço, mas estava um pouco tenso.
Eu sei que não estava falando com Nash a dias, mas eu gostava muito dele, ele era importante para mim, eu o queria por perto.
- Me desculpa! - implorei - Eu não aguento mais estar longe de você, eu preciso de você!
- Vicky... - ele me colocou no chão e me afastou de ser corpo - Embora tudo que aconteceu com nós, tenha realmente acontecido, eu não sei viver sem você.
- Eu não quero viver sem você, Nash! - falei - Mas eu estou indo embora... - quase chorei.
- Hey, isso não importa! - ele sorriu para mim - Iremos nos ver muito ainda, eu irei para sua casa, você vira para a minha... Nada vai nos separar!
Eu o abracei novamente e pude sentir o cheiro de sua camisa. Fedia a álcool. Então reparei em seu rosto. Estava possuído por olheiras gigantes. Seus olhos estavam cansados. Seu corpo pedia uma cama. Conclui que ele passou a noite em qualquer lugar bebendo e não dormiu nada, mas não quis perguntar, só quis beija-lo.
Foi o que fiz, dei o beijo mais demorado e mais gostoso que consegui dar. Foi como nosso primeiro beijo, intenso, só que dessa vez, com amor.
Afastei minha boca da dele para poder pronunciar a frase que jamais achei que diria a algum garoto.
- Eu te amo, Nash! -disse.
Ele sorriu, não respondeu e colocou a mão no bolso. Se afastou de mim e se ajoelhou a minha frente.
- Vicky, você quer namorar comigo? - fez novamente o pedido.
Em suas mãos, estavam duas alianças de ouro, lindas. Fiquei sem palavras para descrever aquele momento. Eu só queria beija-lo mais e mais e esquecer de voltar para o Brasil.
- Quero! - chorei, dessa vez de felicidade.
Pude ouvir os outros no fundo delirando junto. Até algumas pessoas que estavam em volta aplaudiram. Fiquei totalmente sem jeito.
- Eu te amo, Vicky! - Nash falou olhando no fundo dos meus olhos.
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Enrolamos muito tempo para nos despedir deles, então chegamos atrasadas ao local combinado.
A mulher nos deu um esporro, mas eu não estava nem ouvindo o que ela dizia, sobre sermos irresponsáveis ou coisa assim. Estava admirando o anel gigantesco em meu dedo, e Ju estava tão feliz quanto eu.
Em poucas horas estaremos de volta a nossa vida antiga, então agora era só entrar no avião e esperar pousar.

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