42º CAPÍTULO

28 4 0
                                    

Sábado de manhã e a única coisa que eu queria era dormir até domingo. Acordei com meu celular tocando. A princípio pensei em ignora, mas quando vi que era uma chamada Tracy, e já era passado do meio dia, eu atendi as pressas.
Ela só queria me falar que estava na casa de sua mãe, e como eu e Ju não atendemos o celular antes, ela achou que almoçaríamos em nossa amiga, já que ela achava que estávamos dormindo na casa de alguma colega do colégio, então não nos esperou para irmos almoçar com ela, na casa de sua mãe.
Não fiquei braba, até porque não iria sair correndo da casa de Nash, depois da noite turbulenta que tivemos, que terminou em uma transa inesquecível.
- Você está urinando de porta aberta? - Nash perguntou, mas sua voz estava abafada, já que ele estava de cara no travesseiro.
- Estou, por que? - perguntei do banheiro.
- Definitivamente, somos um casal! - ele riu.
- Não se convença só com isso! - sai do banheiro e voltei para a cama, deitei em cima dele - Eu tenho costume de usar o banheiro com a porta aberta, é quase como um ritual...
- Meu Deus Vicky, quantas vezes vou ter que te falar que você tem ossos pesados? - ele me jogou para o lado e deitou virado para mim - To começando a achar que terei que ser mais direto e te chamar de gorda!
- Como você é ridículo! - comecei a rir e ele me puxou para perto de seu peito e me apertou com força.
- Como você é fofa! Da vontade de aperta! - ele falou me esmagando.
- Estou ficando sem ar! - gemi, brincando.
- Você ouviu isso? - ele grudo minha orelha em sua barriga.
- O que? Nosso bebê? - perguntei rindo.
- Não né! Ele está dormindo... - ele imitou voz de mulher - É só minha barriga roncando de fome!
- Como você é otário! - comecei a rir alto.
- Shiiiu, garota! - ele tapou minha boca - Vai acordar meus pais! - ele começou a rir, quando lambi a palma de sua mão - Como você é nojenta...
- Você não reclamou algumas horas atrás, quando eu estava passando baba para a sua boca, através de minha língua! - olhei para ele com olhar de "cheque mate".
- Que nojo! - ele se indignou - Nunca beijei uma garota, jamais se atreva a repetir isso em voz alta!
- Por que eu gosto de você mesmo? - me perguntei, em voz alta.
- Porque eu sou lindo, maravilhoso, perfeito, gostoso, um príncipe... - ele contou nos dedos enquanto listava - Quer mais alguma coisa?
- Pode ser, também, porque eu sou idiota! - sorri para ele, que me puxou para perto e me beijou.
- Você é muito gostosa! - falou e deu um tapa muito forte em minha bunda, dei uma gemida alta de dor - Meu Deus, desculpa! - ele ria da minha situação - Me empolguei.
- Que amor agressivo! - comecei a rir, o tapa doeu, mas eu achei engraçada a situação.
Ficamos nos beijando por mais alguns segundos, até que nossas barrigas roncaram em sintonia.
- Chega garota! - ele me empurrou e levantou da cama - Você está tirando minha concentração! - percebi que era brincadeira quando ele colocou a mão na cintura - Eu preciso comer... Vai acordar todo mundo, enquanto tomo banho, escrava!
- Escrava? - me indignei de brincadeira.
- Esta mais para escrava sexual, mas não vou ficar falando isso para todo mundo né... - ele coçou a nuca.
- Vou dormir de calça jeans na próxima! - brinquei.
- Não se atreva a fazer isso! - ele arregalou os olhos.
- Vai logo para o banho, criança! - levantei da cama em um pulo - Irei acordar eles...
---
Primeiro passei no quarto dos meninos, sabia que acorda-los, seria mais fácil do que acordar Ju.
Depois de fazê-los levantarem, pulando em cima deles, até eles se darem por vencido e sair da cama, fui até o quarto de Hayes, acordar as meninas.
Cheguei lá, e para minha quase não surpresa, Izzie já não estava lá. Fiquei lutando para acordar Ju, que se recusava a sair da cama. Quando Matt entrou e disse que tinha uma tática infalível para acordar Nash, que também dormia daquele modo, o deixei tentar, fiquei só observando.
Ele babou o dedo indicador direito inteiro, então chegou perto de Ju e o introduziu em sua orelha. Ela pulou da cama na mesma hora e voou para cima de Matt, para batê-lo.
Matt não conseguia se defender, porque ria alto, enquanto eu fiquei observando e rindo também.
- Que nojo, Matthew! - ela gritou e estremeceu - Vai se ferrar, seu porco.
Ela saiu do quarto batendo pé, e pelo que percebi foi até o banheiro.
- Dedo babado? - Cam brotou na porta do quarto para perguntar.
- Não falha! - Matt respondeu rindo.
- Vamos, os dois, se arrumem! - falei rindo - Estou com fome, preciso alimentar o bebê dinossauro que vive em mim!
- Sem problemas, majestade! - Matt levantou da cama - Iremos nos aprontar em um minuto!
- Como você é besta! - comecei a rir.
Voltei para o quarto de Nash e resolvi colocar a mesma roupa que estava usando ontem, quando cheguei em sua casa. Dormir com um moletom do Nash e uma cueca sua, até vai, mas sair de casa com isso ficaria meio estranho.
Estava me vestindo no quarto e Nash saiu nu do banheiro.
- Ah garoto! - tapei os olhos brincando - Coloque uma roupa...
- Digo o mesmo para seus peitos! - ele riu, não percebi que estava pelada também - Quer um segundo round?
- Não! - comecei a rir, quando Nash me abraçou nu - Quero comer!
- Eu só não vou implorar por uma rapidinha, porque estou com muita fome, mas na próxima você não escapa! - ele brincou e me soltou.
Nos vestimos em segundos, acho que ficou uma tensão sexual no ar. Até porque os dois queriam uma rapidinha, mas estávamos com fome demais para transar. Então nos vestimos rápido para não rolar nenhuma recaído e cairmos na cama enquanto nos esperam.
---
- O que vocês querem comer? - ouvi a voz de Cam no viva-voz do celular de Nash.
Eu, Ju e Nash estávamos em um carro, enquanto Izzie, Matt e Cam estavam em outro.
Já que um carro só não suportaria nos seis, dividimos em dois. Metade foi no carro de Cam e a outra no carro de "Nash". Na verdade o pai dele tomou o carro dele a alguns meses, por algum motivo que ele não quis explicar, e agora ele tem que pedir o "seu" carro, emprestado para o pai. Nash disse que ele nunca nega, quando ele pede, é como se o carro ainda fosse seu, mas ele prefere deixar seu pai achando que está no comando.
- Não faço ideia, pensa aí! - Nash respondeu, enquanto seguia o carro da frente, onde estavam os outros.
- Quero hambúrguer! - Matt gritou.
- Para Matthew, você só come isso...  - Cam falou - Suas artérias vão entupir!
Ouvi a risada engasgada de Matt, pareci ter ouvido Izzie rindo também, mas não tenho certeza.
- Quero comer alguma coisa pesada, para voltar rolando para a casa! - falei olhando para Nash, que falou "gorda", sem sair som, para eu fazer leitura labial.
- Queria comer alguma coisa brasileira! - Ju pensou alto, no banco de trás.
- Comida italiana é pesada... - Cam falou, interrompendo minha "briga" de olhares com Nash.
- Pode ser qualquer coisa, eu só preciso comer! - Nash pareceu uma criança falando.
- Decide logo, caralho! - Matt gritou - Ou vamos comer hambúrguer...
- Comida italiana está ótimo para mim... - Ju falou - Qualquer coisa que não seja Mc Donalds, está perfeito!
- Então beleza! - Nash deu o veredicto - Senhor Cameron, guie-nos até o restaurante italiano mais próximo, antes que eu me alimente da carne dessas duas!
- Tranquilo, tem um aqui perto... - Cam tossiu - Só me seguir! - tossiu de novo - Alcança essa garrafa de água aí atrás Matt!
- Cara, essa garrafa deve estar aqui desde dois mil e cinco... - Matt começou a rir sozinho.
- Galera, fiquem com seus dramas, vou desligar! - Nash disse já com o dedo próximo ao botão de desligar a chamada.
- O Nash! - Matt gritou para impedi-lo de desligar.
- Que? - Nash perguntou - Fala rápido desgraça...
- Faz a minha? - Matt perguntou quase rindo.
- Sabia que você ia pergunta isso! - Nash começou a rir - Quando que eu não pago pra você?
- De boa então, beijo gatão! - senti, através do tom de voz de Matt, que ele estava sorrindo.
- Beijo, seu gostoso! - foi a ultima coisa que Nash disse antes de desligar.
- Você não tem nenhum amigo normal? - Ju perguntou antes de mim.
- Ele não é normal... - respondi - Como teria amigos normais?
- Isso que estou sentido é cheiro de... - ele fez uma pausa - Inveja? - tapou o nariz e fez cara de nojo.
- Claro! - Ju respondeu - Eu queria ser doente metal igual a vocês!
Ficamos nessa guerra para ver quem era o mais doente mental por todo o caminho. Chegamos a conclusão de que o Matt era o mais doente de todos!
---
Fomos em um restaurante por quilo, para não precisar esperar a comida chegar. Cada um serviu seu prato e não falou nada, até terminar de comer e a barriga ficar redondinha, de tanta comida.
Depois de uns cinco minutos, que todo mundo já havia terminado de comer, o silêncio foi quebrado.
- O que temos para hoje? - Matt perguntou.
- Não faço a menor ideia... - respondi, porque naquele momento, a única coisa que passou pela minha cabeça, foi a cama gostosa de Nash, para dormir até dizer chega.
- Comer da sono! - Nash se manifestou.
- Estou falando de noite, não agora! - Matt deu um gole no seu refrigerante - Agora eu só quero dormir, comi demais!
- Quando você não come demais? -
Ju perguntou.
- Ou garota, cuida da sua vida, sua obesa! - Matt respondeu grosseiramente, mas brincando, e roubou uma batata frita, que estava no prato de Ju, que havia sobrado.
- Tem uma festa hoje... - Cam falou baixo, até pensei que ele havia pensado alto - Tem uma festa de um amigo meu, querem ir?
- Posso responder, depois da soneca da tarde? - Nash respondeu com uma pergunta.
- Pode! - Cam riu.
- Esse é o momento que eu falo que vou no banheiro e o Nash levanta para pagar a conta? - Matt pergunto, pronto para levantar da cadeira.
- É! - Cam riu de novo.
- Então pessoal, vou no banheiro e já volto! - Matt levantou da cadeira e saiu andando.
Começamos a rir e levantar da mesa em sintonia.
- Eu até pagaria, mas to sem minha carteira... - Cam brincou.
- Não tenho dinheiro! - Ju falou rindo.
- O que seria de vocês, sem mim? - Nash perguntou enquanto estendia a mão para mim, para eu lhe dar a mão.
- Você quer mesmo que eu responda? - perguntei brincando.
- Não se atreva! - ele me puxou para perto de si.
Depois de pagar a conta, senti que a única coisa que passava na cabeça de todos, como na minha, era a hora de chegar na casa de Nash e poder dormir.
Pareceu que o caminho do restaurante até a casa de Nash foi mais rápido do que o caminho da casa do Nash até o restaurante. Pode ter sido só coisa da minha cabeça, mas eu sai do carro quase que correndo para a cama de Nash.
Entrando em casa, fui até a cozinha com Nash, para ele pendurar a chave no lugar dela, e vimos um recado de sua mãe, escrito no mural que havia na cozinha. Dizia mais ou menos que ela e o pai dele não voltaria hoje para casa, provavelmente só segunda estariam de volta, pois tiveram um problema com a empresa na Europa e tiveram que ir as pressas para la.
Isso estava escrito com uma naturalidade, como se eles tivessem ido até a padaria, mas eles na verdade estavam em outro continente. Nash não achou nada de mais no recado, agiu como se fosse normal.
- Nash! - ouvi a voz de Ju - Seu irmão está aqui...
- O que o Hayes está fazendo em casa? - Nash estranhou.
- Ele disse alguma coisa com "blá blá blá não fui pro acampamento blá blá blá saiam do meu quarto" - Ju fez voz de idiota.
- Que droga! - Nash suspirou - Achei que a casa ia ser nossa esse final de semana...
- Que acampamento? - estranhei.
- Todo mês meus pais mandam Hayes para um acampamento de três dias, de futebol, só para meninos... Eles querem que Hayes treine igual um doido para de tornar o melhor jogador... - Nash revirou os olhos.
- Ele já é o melhor do nosso time! - falei.
- Para nossos pais não basta só isso, ele tem que ser o melhor dos melhores... - Nash coçou a nuca - Eles colocam muita pressão no Hayes, não vou nem pesar na dele e contar para nossos pais que ele não foi... Vou deixá-lo curtir esse final de semana, ele se esforça muito pra agradar o papai e ele nunca está contente!
- Nossa... - Ju ficou sem jeito - Não sabia disso!
- Hayes não conta para ninguém, ele acha que vão zombar dele, por causa do acampamento e tudo mais... - Nash suspirou - Bom, eu e
Vicky dormimos no quarto de meus pais, você e Izzie podem ficar no meu!
- Beleza! - Ju sorriu.
Subimos para o segundo andar e antes de ir para quarto dos pais de Nash, ele parou na porta do quarto de Hayes e deu três toques e abriu, fiquei do seu lado, mas Hayes não conseguiria me ver, pois Nash só colocou a cabeça para dentro do quarto.
- Se veio falar bosta já sai andando! - Hayes foi grosso, parecia nervoso.
- Relaxa! - Nash riu.
- Fala logo o que você quer! - Hayes parecia cansado, só pela voz.
- Não quero nada! - Nash estava brincando com a paciência de Hayes, e parecia se divertir com isso.
- Fala logo Nash, que saco cara, não to com paciência pra graça! - agora seu tom entregou seu cansaço.
- Só vim falar para você ficar tranquilo, mamãe e papai não vão ficar sabendo que você esteve em casa esse final de semana... - Nash sorriu, pude ver o canto se seu lábio se erguendo.
- Sério? - Hayes se impressionou.
- Sério! - Nash riu - Aproveita seu final de semana...
- Valeu cara! - Hayes deixou a brabeza de lado e deu lugar a um tom de alegria.
- Vou estar dormindo... - Nash encerrou a conversa - Qualquer coisa da um grito!
- Tranquilo! - Hayes respondeu - Se eu não estiver aqui quando acordar, estou em alguma festa bebendo!
Nash riu e fechou a porta. Agora faltava alguns passos para a felicidade. Deitar e dormir era a felicidade naquele momento.
Deitamos na cama e já não me lembro de mais nada. Não transamos, até porque estávamos cheios demais para isso, e porque estávamos na cama dos pais dele, isso iria ser estranho. Provavelmente eu não conseguiria.

TräumenOnde histórias criam vida. Descubra agora